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    Pevidém lidera Série B

    João Pedro Coelho: «Estamos a um pequeno passo de marcar um momento muito importante no futebol português»

    A pandemia deixou em suspenso vários sonhos, mas não impediu o concretizar de outros. O título de campeão não foi atribuído ao Pevidém SC, primeiro classificado da Pro-Nacional da AF Braga à data da interrupção de todos os campeonatos distritais, quando faltavam apenas oito jornadas para o final da prova, mas o mérito foi reconhecido e atribuído com a subida administrativa ao Campeonato de Portugal (CP).

    O plantel de 2019/20 já tinha sido desenhado tendo em vista a subida de divisão e consequente participação no CP, daí se justifica que apenas tenham sido feitas contratações «cirúrgicas» para reforçar um grupo capaz de enfrentar um novo desafio - 15 jogadores transitaram para época 2020/21. Uma pitada de experiência, outa de juventude e aqui vamos nós!

    João Pedro Coelho
    Campeonato de Portugal Série B 2020/21

    17 Jogos
    9 Vitórias
    6 Empates
    2 Derrotas

    25 Golos
    14 Golos sofridos

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    O início não foi propriamente fácil, com duas derrotas nas três primeiras jornadas do Campeonato, a que se junta a eliminação da Taça de Portugal, no entanto, ao contrário do que possa ser imaginado, em nenhum momento se desconfiou do processo. As tropas reuniram, houve um «importante momento de reflexão», mas a ideia não foi abandonada. Resultado? Zero derrotas depois disso.

    Numa série com vários candidatos assumidos à priori, equipas com outros argumentos, desportivos e financeiros, o Pevidém nunca foi incluído no lote de favoritos ao primeiro lugar. E poucos foram os que acreditaram que a equipa de João Pedro Coelho terminasse nos cinco primeiros. Afinal, estamos perante uma equipa amadora, que treina ao final do dia, altura em que muitos dos jogadores já contam com 8-9 horas de trabalho, e em estreia nas provas nacionais.

    Ainda assim, contrariando todas as perspetivas, menos aquelas de quem estava por dentro do projeto, o Pevidém é à data de hoje 1.º classificado da Série B e depende apenas de si para garantir um lugar no play-off de acesso à Segunda Liga. Um claro sinal de que a competência não tem limites. O zerozero falou com um dos principais rostos deste sucesso, o treinador João Pedro Coelho, para perceber o que tem de especial este Pevidém e até onde pode ir.

    ©Pevidém Sport Clube

    «As duas derrotas iniciais foram importantes para percebermos o contexto»

    zerozero (ZZ): O campeonato de 2019/20 da Pro-Nacional da AF Braga foi interrompido de forma prematura, mas terminou com a subida do Pevidém ao Campeonato de Portugal. Como foi planear uma participação numa competição completamente diferente, em plena pandemia?

    João Pedro Coelho (JPC): Nós na época transata, quando programámos e definimos o plantel para a Pro-Nacional da AF Braga, definimos como meta criar um plantel forte e experiente que nos desse garantias de subir de divisão, mas ao mesmo tempo um plantel que permitisse fazer um campeonato tranquilo nos campeonatos nacionais. Tivemos muito critério ao nível da escolha dos jogadores. Uma mistura grande entre experiência e alguma juventude. Felizmente, penso que fizemos boas escolhas. Acabámos por manter 15 dos jogadores que tínhamos na época passada e contratámos de forma quase cirúrgica para as necessidades que entendíamos importantes para um campeonato nacional, ao juntar mais experiência e, felizmente, estamos a fazer um campeonato acima das expectativas iniciais de todos. Mesmo da equipa técnica e da estrutura diretiva.

    ZZ: Agora percebemos pelos resultados que a política foi muito acertada, mas a verdade é que os resultados não começaram a aparecer logo – duas derrotas nos três primeiros jogos do campeonato. Coincidência ou foi uma questão de adaptação a uma nova realidade?

    JPC: Foi claramente adaptação a um campeonato completamente distinto. Essas duas derrotas serviram muito para percebermos que tipo de equipa teríamos de ser. Nesses jogos jogávamos bem. Fomos a Fafe e discutimos o jogo, fomos superiores, algo que chegou a ser dito pelo colega do Fafe, e acabámos por perder. Em casa com o Berço fomos superiores e perdemos, curiosamente, 0x3. Analisámos e percebemos que teríamos de ser muito mais pragmáticos e focar mais nos resultados. O jogar bem, por si só, não seria suficiente para aquilo que pretendíamos. Esse início menos positivo foi tónico muito importante para percebermos o contexto e percebermos o que teríamos de fazer diferente para realmente juntar aquilo que é o futebol positivo, controlo de posse, que potencia os jogadores, mas ao mesmo tempo juntar os resultados que são a base de tudo o que acontece no futebol. Foi um momento importante de reflexão interna, uma conversa forte com o plantel, de não desistirmos da nossa ideia de jogo… Isso não! Porque ela foi sempre muito bem vincada.

    ZZ: Portanto, nunca houve dúvidas em relação a isso?

    JPC: Não… Sempre muitas certezas de que o caminho era este, que a ideia proposta, ideia ajustável ao campeonato, nos iria potenciar a todos, inclusive à equipa técnica também. Todos iam ser beneficiados. Houve sim uma reflexão forte sobre aquilo que teria de ser simplicidade, pragmatismo e eficácia. 

    ZZ: E a verdade é que desde aí as coisas correram bem, nunca mais perderam. Pode parecer algo fácil, mas estamos a falar de uma série B muito complicada, com equipas com outros argumentos e outra experiência. Verdade?

    JPC: Analiso de forma clara para todos. Quando a maioria das pessoas olhou para a série rapidamente definiram as equipas que iriam descer. Não por essas equipas serem mais fracas ou de menor capacidade, mas pelas restantes estarem num nível muito alto – prestígio, condições e projeção de jogadores. E quando na nossa série se juntam as equipas B de Rio Ave e Vitoria, o Fafe, o Felgueiras, o Berço com investimento incrível para a realidade da nossa série, o próprio Tirsense que iniciou a época com perspetiva de subida e anunciou isso mesmo de forma pública. Portanto, rapidamente as pessoas apontavam o Pevidém como a equipa que ia descer…

    ZZ: …

    JPC: Mas nós internamente sempre confiámos muito no trabalho e muito naquilo que é o valor individual dos nossos jogadores. O nosso objetivo inicial nunca foi a manutenção, mas sim ficar nos cinco primeiros classificados. Nós percebemos que teríamos de colocar a fasquia alta para dar tudo de nós e conseguirmos algo de importante para nós e para o clube. Felizmente, ainda conseguimos superar essas expectativas, ou podemos superar. Já atingimos o objetivo interno que tínhamos definido e agora estamos a um pequeno passo de marcar um momento histórico no clube e um momento muito importante no futebol português.

    ZZ: Sei que essa diferença nunca foi desculpa para o Pevidém, mas qual é a realidade do clube?

    JPC: Sempre foi ponto assente que não nos iríamos agarrar a desculpas para minimizar algo que não conseguíssemos. Sabíamos que partíamos em desvantagem com as outras equipas ao nível das condições, porque treinamos menos do que as outras equipas – quatro vezes por semana, com todos os jogadores a serem amadores e a terem trabalho diário de 8-9 horas - e sabíamos que isso tudo poderia ter alguma influência negativa quando comparado com 95% das equipas da nossa série, que são semiprofissionais ou profissionais, e por isso teriam outro nível de preparação para a competição. Gerimos internamente essa nossa realidade, sem nunca nos agarrarmos a essas dificuldades, mas fazendo delas força para trabalhar ainda mais e fazer ainda melhor o nosso trabalho, sermos mais rigorosos naquilo que era a nossa ação no treino. Já que estamos a fazer sacrifício pós-laboral, vamos aproveitar o treino para melhorar, para que o treino nos dê algo no futuro e felizmente a mensagem passou bem. Tenho um grupo fantástico que trabalha no limite e não se agarra a desculpas para nada. E conseguimos juntar a isso resultados. 

    ZZ: E foi no limite que foi alcançada essa última vitória, e logo frente a um rival…

    JPC: Os jogos contra o Brito são sempre muito intensos, equilibrados, disputados, combativos e até mal jogados por vezes, porque há uma emotividade extra no jogo que muitas vezes faz com que não se façam bem as coisas. Mas é uma característica desta equipa acreditar até ao último segundo. Estamos sempre totalmente ativos no jogo. Felizmente, essa mentalidade da equipa e do espírito coletivo que a equipa demonstra tem dado pontos importantes naquilo que representa a classificação neste momento.

    ©Pevidém Sport Clube

    «Se diziam que éramos pouco humildes, agora vão chamar-nos de malucos»

    ZZ: No futebol não há uma única receita, nem um único caminho, para o sucesso. Há pouco falávamos dessa consciência de que por vezes jogar bem não é suficiente para uma equipa conquistar os três pontos. Mas qual é a sua ideia? Aquela que lhe tem permitido ter sucesso…

    JPC: O maior desafio que foi proposto à equipa foi criar uma ideia de jogo que olhe para o adversário, seja ele qual for e em que local for, com objetivo de o vencer, nunca abdicando daquilo que é a nossa ideia de jogo. No início foi algo que gerou algumas dúvidas. Como vamos jogar sempre em pressão alta contra o Felgueiras ou contra o Vitória? Jogar na casa deles e querer dominar a partida… Um Pevidém que treina à noite, o treinador deve ser maluco… Houve essa dúvida. Seremos capazes de defender essa ideia? Muitas questões, mas o facto é que a equipa demonstrou que sim, é possível. E a ideia passa por ter muito a bola, o jogo dominado e controlado com bola em todos os momentos, pressão constante e alta no portador da bola, não permitindo que o adversário tenha momentos com bola que nos possam ferir. Quando temos bola é que podemos ser valorizados e demonstrar o que valemos. É facto que a equipa pegou nessa mensagem, trabalhou muito bem e neste momento estamos com uma ideia forte para em qualquer campo colocar a ideia em prática e discutir os três pontos.

    ZZ: O objetivo inicial era ficar entre os cinco primeiros, mas agora não há volta a dar… O Pevidém está em primeiro e depende apenas de si para vencer a série…

    JPC: Sim, a partir do momento em que garantimos matematicamente o 5.º lugar, não faria sentido e até seria pouco ambicioso não querer mais, portanto logo de imediato definimos internamente um novo objetivo. Estamos em primeiro e vamos defender esse lugar e lutar até ao limite por ele. Se já nos chamavam de pouco humildes, neste momento vão chamar-nos de malucos. Mas vamos à luta! Falta um jogo para nós, três para o Felgueiras e dois para o Fafe. Nós vencemos o Brito e aumentámos distância e agora vamos aguardar de forma tranquilo por aquilo que essas equipas vão fazer.

    ZZ: Felgueiras e Fafe medem forças entre si já nos próximos dias…

    JPC: Sim, curiosamente jogam entre si. Uma delas ou as duas podem ficar impossibilitadas de chegar ao nosso lugar. Mas vamos aguardar. Há algo que é certo para nós. Sentimos um orgulho muito grande daquilo que fizemos até ao momento e vamos defender muito o primeiro lugar. Se tivermos de chegar à última jornada para vencer o jogo, vamos vencer o jogo para segurar o primeiro lugar.

    ZZ: Segue-se agora uma longa paragem. Como vai ser passada?

    JPC: São cinco semanas. Quatro de paragem e cinco de preparação de jogo. Dei de imediato um prémio à equipa: uma semana de folga. Era importante para eles descansarem, estarem com as famílias e como prémi,o e é o premio que lhes posso dar, dei-lhes uma semana de folga e voltaremos na próxima segunda-feira aos trabalhos. Depois é continuar com o mesmo rigor e exigência. Vamos realizar alguns jogos de preparação com equipas das séries A e C, que estão no topo, no sentido de competir, mesmo sendo jogos de preparação, com equipas de bom nível e que nos criem problemas e nos provoquem situações semelhantes para que possamos resolver e crescer. A época não vai terminar na última jornada, seja para que play-off for. Vamos ter de disputar mais cinco jogos e com toda a certeza vamos encarar todos para o vencer.

    ZZ: Será importante para ver outros adversários.

    JPC: O objetivo não é esse. Com as plataformas que temos, rapidamente observamos e analisamos muito bem as equipas. O objetivo passa por melhorar individualmente e coletivamente a nossa equipa. O importante é não baixar níveis de preparação e exigência, que levariam a perde de qualidade competitiva. 

    ©Pevidém Sport Clube

    «Está a ser desolador jogar sem adeptos»

    ZZ: Numa época histórica para o clube, não há adeptos nas bancadas… Que impacto é que teve essa ausência?

    JPC: Está a ser muito triste… É desolador jogar sem adeptos. Nós na época transata jogámos com o Brito em casa e tivemos acima de 1500 pessoas, que para a nossa realidade é muito bom. Jogámos com Belenenses SAD acima de 1000. O Pevidém é um clube que está em claro crescimento naquilo que é aproximação de adeptos e sócios. Havia a prioridade de querermos chamar cada vez mais as gentes de Pevidém para o clube e sabemos que isso se consegue com resultados. É um contexto triste, mas temos de saber lidar com eles. Temos de fazer sacrifícios para que todos saiamos protegidos e que o futebol possa continuar.

    ZZ: Estamos de um projeto que ambiciona fixar o clube nas provas profissionais?

    JPC: Ainda há uma indefinição muito grande naquilo que será o futuro do clube. Sinceramente, penso que o clube não estava à espera de um rendimento tao alto e possível integração na Liga 3 e até eventualmente na possibilidade de Segunda Liga. Para o clube era impensável e não sei de que forma se estão a preparar e a estruturar para isso. Aquilo que sei é que o clube tem pessoas muito ambiciosas que nos proporcionaram condições muito boas dentro daquilo que são as possibilidades do clube. E vão aproveitar esse rendimento e esta possível integração em ligas pré-profissionais ou profissionais, para fazer clube crescer a todos os níveis.

    ZZ: No ponto de vista mais pessoal, o mister regressou ao Campeonato de Portugal, seis anos após a última presença. Como tem sido para si?

    JPC: Foi à imagem do projeto, algo sustentado. Temos as coisas bem definidas e focamos naquilo que é o momento. O ano passado era muito importante subir de divisão, pois atingíamos o objetivo e íamos para o campeonato que eram as nossas ambições. Este ano novamente temos de focarmos naquilo que dominamos e controlamos que é o nosso trajeto. Valorizar o nosso trabalho e sabíamos que só podíamos valorizar com a equipa a jogar bem. Felizmente, penso que está a ser conseguido e que temos vindo a demonstrar que estamos no bom caminho como equipa técnica. Temos perspetivas legítimas de poder ambicionar a curto prazo algo mais e vamos continuar a percorrer esse objetivo até conseguir.

    ZZ: Onde se imagina daqui a cinco anos?

    JPC: Eu digo sempre que o meu foco está sempre muito naquilo que é o presente. É o presente que vai preparar e ditar o futuro. Aquilo que ambiciono é o futebol profissional. Sei que o vou atingir e depois de o atingir iremos com toda a certeza comprovar aquilo que é a nossa competência.

    Comentários

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    motivo:
    RA
    O Klopp pode sair do Liverpool
    2021-03-11 22h10m por ra1620
    Atenção a este garotão.
    RE
    Wise
    2021-03-11 17h50m por RedLineVigo
    Não gosto muito de comentar, mas se for correcto da sua parte, veja a classificação do Pevidém SC, aquando das paragens do campeonato AFBraga, devido à Covid-19.
    WI
    merito treinador
    2021-03-11 16h33m por Wise
    Na minha opinião é um claro caso onde a maioria do merito tem que ir para o treinador. Obviamente que os jogadores tem que ser trabalhadores, tem que querer cumprir as suas missões ao máximo. Mas temos de ser sinceros é um plantel que nem ficou em primeiro na distrital no ano passado. a maioria dos jogadores são bastante "humildes" acredito que o plano estratégico do treinador para cada jogo seja muito importante, porque encontra sempre equipas mais carregadas de talento, como o fafe, vitoria b, rio ave b , felgueiras etc. . .
    OL
    Pevidem
    2021-03-11 14h40m por olheiro1913
    Que bom dar a conhecer e reconhecer grandes trabalhos! Muitos parabéns ao clube! Aí está mais um treinador que mostra ter grande potencial para alcançar palcos maiores!
    Que orgulho João Pedro Coelho!
    2021-03-11 14h35m por vmsportsbranding
    Este senhor é já um dos maiores valores a nível nacional em termos de treinadores. Não há como negar isto, o trabalho realizado com a equipa do Pevidém é simplesmente heróico, especialmente tendo em conta que o ano passado estavam nas distritais.
    É um orgulho enorme ter a responsabilidade de gerir as redes sociais deste senhor!

    Pevidem
    2021-03-11 14h25m por ricardocunha251
    Um braço direito do Moreirense em claro crescimento . . . porque será . . .
    Pevidem
    2021-03-11 14h04m por yousandro
    está a ser a grande surpresa dos Nacionais (contando todas as series mesmo), isto olhando para o 1º classificado de cada serie, o Pevidem é a aquela que a esmagadora maioria de nós nunca tinha ouvido falar antes desta epoca

    mesmo nao contando com os das divisoes mais a sul que são bastante mais fortes, mesmo olhando só para o seu possivel playoff de subida à 2ª liga com Braga B, Gondomar e até Anadia, o Pevidem parecer ser o "underdog" no papel

    caso conseguisse...ler comentário completo »
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