Quatro golos e apenas dois pontos entregues, um para cada equipa. O Moreirense continua sem vencer em casa na era Vasco Seabra, apesar de ter estado por duas vezes em vantagem contra o Belenenses SAD no jogo que marcou o fecho da 21ª jornada da Liga NOS.
Os cónegos estiveram por cima no primeiro tempo, marcado pela eficácia de Rafael Martins em frente à baliza, mas quebraram muito no segundo tempo e os azuis aproveitaram para crescer no jogo e, pelo menos, levar um ponto para casa e chegar aos cinco jogos seguidos sem perder.
Ainda assim, um ponto importante para ambas as equipas, que procuram manter-se com tranquilidade no primeiro escalão, e em particular para os visitantes, que estão menos distanciados da linha de água.
Não houve falta de golos ou emotividade no primeiro tempo, apesar de não ter havido facilidades na construção apoiada para qualquer das equipas, ambas contra um adversário bem organizado e ciente das ameaças contrárias. Foi em duas jogadas um pouco mais diretas que o Moreirense marcou, foi numa bola parada que os azuis chegaram a empatar a partida.
À procura da primeira vitória em casa desde a chegada ao clube, Vasco Seabra fez regressar uma linha de quatro na defesa - saltou Abdoulaye para entrar Alex Soares - e ainda optou por um ponta-de-lança mais fixo, Rafael Martins, em detrimento do mais móvel Lucas Silva. Esse primeiro tempo mostraria desde logo uma aposta acertada. Petit manteve a lógica em termos táticos, apenas respondendo à suspensão de Tiago Esgaio com a entrada de Gonçalo Silva, cabendo a Diogo Calila o corredor direito.
O Moreirense tinha mais bola, mas também porque o Belenenses SAD o permitia. O meio-campo da equipa de Petit reagrupava-se e recuava quando o adversário procurava construir, aproximando as linhas do meio-campo para trás e criando um bloco muito difícil de ultrapassar. Ainda que os cónegos tenham conseguido, marcando dois golos, viram-se muitas bolas perdidas pela equipa da casa por essa razão.
Mesmo assim, os cónegos descobriram o caminho da baliza de Kritciuk logo aos onze minutos, numa jogada veloz com intervenção desde o flanco direito, onde Fábio Pacheco decidiu pisar terrenos menos habituais e cruzar na direção de Rafael Martins... e o avançado fez o resto: excelente movimento do corpo e finalização com o pé esquerdo.
Foi na bola parada que os azuis responderam, com um canto batido por Diogo Calila e um cabeceamento fulminante de Gonçalo Silva - também ele de volta ao respetivo onze inicial - a igualar a partida. Novamente com Fábio Pacheco a ter influência importante na jogada (foi o melhor elemento num meio-campo também com os irmãos Soares), o Moreirense viria a recuperar a vantagem pelos 37', com Yan Matheus a servir para uma finalização simples de Rafael Martins... mas só foi simples porque o avançado apareceu no sítio certo à hora certa.
A vantagem era dos cónegos ao intervalo, mas vindos de uma vitória os azuis de Petit não queriam mesmo voltar às derrotas. Assim o mostraram num segundo tempo em claro ascendente, 45 minutos de má memória para os da casa.
As perdas de bola no meio-campo por parte do Moreirense tornaram-se um mal ainda mais frequente, em boa parte por grande mérito da equipa visitante, e os azuis conseguiram chegar à baliza de Pasinato em vários momentos. Cafú Phete não deu sequência a um bom trabalho de Rúben Lima, o mesmo jogador embrulhou-se com o guardião adversário num lance que deixou algumas dúvidas, mas Cassierra viria a devolver os azuis à partida.
O colombiano já tinha tido uma aproximação à baliza de Pasinato, que não conseguiu ultrapassar, e aos 72' conseguiu colocar a bola no fundo das redes: grande trabalho de Varela no flanco direito - mesmo no limite das forças - e, em duas tentativas e com tanto, tanto espaço, Cassierra fez o 2x2 e deu renovada vida aos azuis.
Ainda houve ameaça de reviravolta quando Cassierra voltou a atirar para o fundo das redes - o lance foi anulado por fora-de-jogo -, já nos últimos minutos, mas nenhuma das equipas chegou ao triunfo que ambas mostraram querer em Moreira de Cónegos.
O Moreirense em particular na primeira metade do jogo, o Belenenses SAD na segunda. Ambas as equipas mostraram em momentos diferentes que não ficariam satisfeitas com o ponto que acabaram por somar. O resultado, com quatro golos, ilustra-o.
Referimo-nos em particular ao Moreirense, e em particular ao segundo tempo. A equipa de Vasco Seabra teve grandes dificuldades na construção apoiada, bem condicionada pelo adversário, e assim não conseguiu ter o controlo do jogo como pretendia.
Prestação muito positiva do menos reputado João Bento, assertivo na gestão dos ânimos e nos lances capitais. Apenas o lance de potencial penálti na segunda parte entre Pasinato e Cafu Phete deixa algumas dúvidas, mas a decisão final parece-nos correta.