Num curioso marcador, com dois nomes japoneses (um de cada lado), o Santa Clara saiu a sorrir de Vila do Conde, onde desta vez não houve vento, mas sim nevoeiro. Após cinco jogos sem ganhar para o campeonato, a equipa açoriana foi à terra natal do seu treinador retomar o caminho certo. Morita, em estreia absoluta, foi o homem que decidiu a partida.
Ainda sem acertar o passo, o Rio Ave foi incapaz de se superiorizar e, com mais baixas (Carlos Mané não esteve na ficha), revelou novamente que o plantel está curto e precisa de reforços. É que o tempo vai passando e a classificação continua a não corresponder, quer às expectativas, quer ao valor dos jogadores.
Um intervalo de dois minutos, entre o golo do Santa Clara (24') e o do Rio Ave (26') separaram também a lógica da primeira parte, diametralmente oposta entre o que foi até aí e o que se seguiu até ao intervalo. O que deu justiça ao resultado, mas que terá frustrado os dois treinadores.
Até aí, só deu Santa Clara. Com muito mais rigor e critério na zona medular, a equipa de Daniel Ramos controlou, ameaçou e aproveitou as falhas do adversário. Kieszek já tinha arriscado, mas foi Aderllan a ficar (outra vez) mal na fotografia do golo, que teve um aspeto relevante: Cryzan, a novidade no onze, esteve muito bem no passe, algo que tentou noutras vezes durante o jogo, e Carlos Júnior foi, uma vez mais, decisivo.
Só que, depois desse golo, que teve resposta imediata no primeiro lance vilacondense, o Santa Clara caiu muito. Sem deslumbrar, sem sequer poder dizer que tinha o jogo controlado, a equipa da casa foi mais ofensiva e colocou em prática a arma que parecia fazer real mossa: a velocidade. Sempre pelo lado esquerdo, com Gabrielzinho a ser muito rápido, embora nem sempre acertado, o Rio Ave acabou ligeiramente melhor o primeiro tempo.
Salomão sobressaiu mais pela esquerda e criou momentos de desequilíbrio, Geraldes respondeu de igual forma. Territorialmente, o jogo descaiu, com a entrada de Filipe Augusto a dar mais capacidade ao Rio Ave para ter bola, embora de forma inofensiva. Aliás, não terá sido por acaso o recuo do Santa Clara, que assim controlou muito melhor as tentativas individuais de Gabrielzinho, Dala e companhia.
Com o nevoeiro a cair lentamente sobre o relvado e a visão a ficar turva, o jogo endureceu, e de que maneira! De parte a parte, as equipas, com cansaço crescente, foram recorrendo a uma maior agressividade para assustar e travar o adversário.
Já quase não deu tempo para uma reação do Rio Ave, mas ela existiu, curiosamente numa altura em que, por lesão de Leandro Silva (pareceu grave), a equipa criou várias oportunidades em bolas paradas. Segurou Marco, desperdiçou Ronan, ganhou o Santa Clara.
Cada vez mais o abono de família, cada vez mais decisivo. Com a saída de Santana, e não sendo ele da mesma posição, tem sido ele a fazer a diferença. E nota-se que, na zona de finalização, é diferente dos colegas e atravessa um claro bom momento.
Por entre um nevoeiro incontrolável, as duas equipas também não conseguiram ser controladas no ímpeto colocado na fase final do jogo, que o tornou mais feio.
Tentou proteger o jogo na última meia hora, evitando puxar o cartão vermelho, mas, de um lado e do outro, houve situações em que tal não seria nada descabido.