Aconteça o que acontecer até ao final da 14.ª jornada, uma coisa é certa: o Boavista vai continuar como lanterna-vermelha. O conjunto de Jesualdo Ferreira teima em não colocar um ponto final no ciclo de maus resultados e, depois de dois empates nas duas últimas jornadas, averbou a 5.ª derrota da temporada na visita a Tondela (3x1). As contas são simples e a análise é simplista: 11 pontos em 14 rondas é manifestamente pouco para quem muito prometia no arranque de temporada.
O jogo ainda nem sequer tinha começado, estávamos a sensivelmente 24 horas do apito inicial no Estádio João Cardoso, e Pako Ayestarán não recebia as melhores notícias. Depois de Rafael Barbosa, mais dois jogadores (Jaume Grau e Telmo Arcanjo) testavam positivo ao novo coronavírus, forçando ao isolamento destes e ainda de João Jaquité e Tiago Almeida por serem contatos de risco.
Daí se justifica que o treinador espanhol tivesse apenas seis jogadores disponíveis no banco de suplentes, enquanto Jesualdo, por exemplo, tinha nove soluções. Feita a introdução, vamos ao jogo... e que jogo!
Assente numa linha defensiva bastante sólida, de cinco elementos, o Tondela aproveitou a intranquilidade do adversário, traduzida no acumular de passes errados e más decisões, e esteve sempre mais próxima do golo inaugural do que o conjunto portuense.
A expulsão do central Devenish, aos 11', depois de impedir que Mario González ficasse isolado na cara de Léo Jardim, complicou ainda mais as contas dos visitantes, dando espaço de criação aos beirões - João Pedro enviou uma bola ao ferro na sequência de um bom desenho ofensivo do Tondela. Se com 10 complicou, pior ainda ficou com 9, quando Chidozie, o outro central, também recebeu ordem de expulsão, ao cometer grande penalidade sobre Murillo, à meia hora de jogo.
O lance deixa algumas dúvidas (dentro ou fora da área), mas a verdade é que a imprudência foi tremenda, tanto num como no outro lance, e sinal claro de que algo não está bem no reino da Pantera.
No castigo máximo, Enzo Martínez deu dois toques na bola antes de bater Léo Jardim e o momento escapou ao árbitro, mas não ao vídeo-árbitro. Golo anulado e falta assinalada a favor do Boavista. 0x0 e seguiu jogo.
Em superioridade, o Tondela subiu linhas, pressionou mais o adversário e chegou mesmo ao golo ainda antes do apito para o intervalo. O cruzamento de Bebeto pelo corredor direito é muito bom e a finalização de Mario González não deixou nada a desejar.
O segundo para os auriverdes nasceu de um mau momento do Boavista. Elis, que estava a realizar um jogo muito positivo, facilitou na sua área e perdeu a bola. Após um remate desviado de Khacef, o extremo Salvador Agra conseguiu marcar e fazer o 2x0.
Logo de seguida, Ricardo Mangas reduziu, com um excelente movimento de antecipação a Bebeto, só que o destino estava traçado. A seis minutos dos 90, Bebeto voltou a romper pela direita e cruzou para o bis de Salvador Agra.
Num jogo de extrema importância, marcado pelo sobressalto criado pela Covid-19 no seio do plantel auriverde, Salvador Agra disse presente e ajudou a definir a vitória dos tondelenses com dois golos. Um destaque individual que ajudou todo um coletivo.
Embora fique a dúvida se a falta de Chidozie, que resultou no segundo vermelho para o Boavista, tenha sido cometida dentro ou fora da grande área dos axadrezados, a verdade é que as duas expulsões resultam de uma imprudência tremenda dos dois centrais escolhidos por Jesualdo Ferreira.
Muitas dúvidas na grande penalidade assinalada a favor do Tondela, aos 30 minutos, pois fica a ideia de que Chidozie empurra Murillo quando este ainda não tinha entrado na área dos axadrezados. Gustavo Correia ainda esperou pela indicação do vídeo-árbitro (VAR), que apoiou a decisão, sem ir ver as imagens com os seus próprios olhos.