As principais figuras do jogo em Vila do Conde
Quando deixou água na boca dos adeptos pela primeira vez, fê-lo em Famalicão. Agora, depois de duas jornadas mais apagado na Luz, voltou a escolher o Norte do país para se exibir em grande estilo. E as palavras são as mesmas: enorme classe, frieza, simplicidade e objetividade. A forma como, naturalmente, resolve os momentos em que tem a bola nos pés é demonstrativa de uma grande categoria, inata ao talento do camisola 10. Além disso, voltou a entender-se bem com Darwin, apesar de (e Jorge Jesus disse-o) não falarem a mesma língua. Porém, havendo qualidade... nada melhor.
Mais um jogo, mais uma assistência do avançado uruguaio, que voltou a estar em destaque nesse capítulo, embora sem o registo que tanto alimenta os avançados. Ainda assim, a evolução é clara e, mesmo tendo ido à seleção e falhado quase duas semanas de treino, está a melhorar de jogo para jogo. Este foi o seu melhor. Sempre ativo a segurar, procurar e dar, o uruguaio também não deixou de ter algum egoísmo próprio dos avançados, mas por centímetros ainda não pôde alcançar o que mais quer.
Tinha sido uma conclusão fácil de tirar, perante o jogo seguro, consciente e bem conseguido do brasileiro. Faz parte do seu ADN arriscar, não tanto no passe, mas na finta e na progressão, o que acarreta riscos mais elevados quando atua na posição 6. Só que, desta vez, tudo lhe saiu bem na construção e, com confiança, o médio foi sempre eficaz e capaz de desempenhar com sucesso as suas funções, com ou sem bola.
Até à última, existiam dúvidas sobre o seu estado para o jogo, mas não apenas apareceu e terminou o jogo com a folha defensiva limpa, como muito contribuiu para isso. O belga fez dupla com Otamendi pela primeira vez, um jogador que apenas conhecia como adversário na Premier League, mas com quem partilha uma experiência plena, e isso fez com que tudo parecesse normal, natural. Esteve muito seguro e sereno e teve um corte fulcral ao minuto 61.
O seu nome estava totalmente envolvido em dúvida, depois de uma pré-época frágil, sem chama, na qual não conseguiu colocar sequer a questão sobre se seria capaz de tirar o lugar ao sempre questionado André Almeida. Não teve tempo para aquecer. Tinha do seu lado Carlos Mané, um dos jogadores vilacondenses em melhor forma. Nada disso foi problema: entrou e exibiu-se com total eficácia defensiva. Ofensivamente, nunca se aventurou em demasia, ciente de que primeiro terá de ganhar confiança. Mas tem o caminho aberto e o primeiro teste foi concluído com êxito. Talvez possa parecer exagerado figurar nestes destaques, mas acontece porque superou as (poucas) expectativas. E não só: foi o jogador em campo com mais desarmes e também o que disputou e ganhou mais duelos.
Há dias assim. Aderllan, que ainda no último jogo tinha sido o melhor da sua equipa, esteve bastante abaixo, num dia mau, em que jogou como costuma jogar, só que com várias decisões mal tomadas. Ficou mal no primeiro golo, chegou várias vezes atrasado às bolas, também no segundo golo apareceu com grande atraso e só não foi réu numa grande penalidade porque o lance foi anulado por fora de jogo.
Um pouco ao estilo da lei de Murphy, o médio, que tem tido forte concorrência, mas que se mantém firme no onze, acabou por ser prejudicado por uma incapacidade coletiva muito grande, sobretudo na primeira parte, sem que tenha conseguido inverter o rumo dos acontecimentos. Pedia-se mais na criação e na capacidade de fugir à pressão adversário. Além de que Waldschmidt fez o que quis.
0-3 | ||
Luca Waldschmidt 6' 45' Gabriel 84' |