A prova que mais talento nem sempre é sinónimo de mais emoção. No spin-off da mítica final do Euro 2016 para as cores lusas, França e Portugal anularam-se em Saint-Denis (0x0) e continuam a partilhar a liderança do seu grupo na Liga das Nações. As oportunidades foram repartidas por os dois conjuntos, mas a equipa de Fernando Santos teve mais momentos de controlo em comparação com há quatro anos, provando novamente que esta geração é capaz de dividir o jogo frente a qualquer adversário.
A necessidade de dar mais músculo ao meio-campo ficou evidente com a Espanha e, para o duelo deste domingo, Fernando Santos apostou nos confiáveis William Carvalho e Danilo Pereira para a titularidade, duas opções que se revelaram acertadas. Foi muito por este par que Portugal conseguiu condicionar a manobra gaulesa no primeiro tempo, sendo uma equipa de imagem diferente à da histórica final de 2016.
Confiante e decidida, a armada lusa tornou-se senhora do jogo desde cedo. Os maiores argumentos técnico desta geração permitem adotar um estilo mais ofensivo e Portugal partiu para cima do adversário, claro, sem esquecer a velocidade adversária no ataque. A França não conseguiu encontrar-se e as suas unidades criativas não apareciam em campo, num grande mérito da estratégia do conjunto das Quinas. As oportunidades, porém, não apareceram em grande número.
Após passe em profundidade de Bruno Fernandes que surpreendeu a defesa francesa, Bernardo Silva não chegou a tempo de finalizar em excelente posição. Susto maior teve o conjunto de Didier Deschamps na melhor jogada lusa do primeiro tempo, em que apenas Lucas Hernández conseguiu evitar a finalização de Cristiano Ronaldo, num corte tão importante como um golo marcado. Um cabeceamento de Pogba e uma finalização por cima de Giroud - marcado sempre de forma intensa por Rúben Dias - foram amostras curtas de uma seleção francesa sem resposta, até ao intervalo, para a tranquilidade e organização do jogo português.
A necessidade de mudança levou os gauleses a subirem os níveis de agressividade no segundo tempo. Numa rara amostra do seu talento neste jogo, Mbappé ultrapassou o novo colega de clube, Danilo, em drible e entrou em zona perigosa, sem conseguir definir da melhor forma o lance. Portugal deixou de ter tantas facilidades em controlar a bola perante a pressão adversária, apesar de controlar sem grandes problemas as transições dos campeões do mundo.
O passar dos minutos apagou um pouco a vontade ofensiva de Portugal, talvez a pensar nas contas deste grupo. A entrada do veloz Diogo Jota no jogo não teve o efeito desejado e bola continuava a estar mais do lado francês, que procurava a inspiração de alguém para chegar ao golo. Os conjuntos foram anulando-se e a vontade de arriscar era pouca, apesar de um bom lance de Ronaldo na compensação a obrigar Lloris a defesa apertada. Com naturalidade o nulo chegou ao fim, num encontro que rapidamente vai cair no esquecimento.
Não foi um grande volume ofensivo, mas Portugal teve uma primeira parte controladora e em que jogou vários minutos no meio-campo adversário. A França teve dificuldades para ter bola e atacar com qualidade, numa diferença acentuada com o que se passou em 2016.
A competição não é a mesma e o estádio estava praticamente vazio devido à pandemia atual, mas faltou alguma agressividade aos dois conjuntos para tornar a partida mais agradável e interessante de acompanhar. Do lado francês, o espírito de vingança não entrou nas quatro linhas.