Tão pouco durante 90 minutos e tanto nos minutos que se seguiram, num final verdadeiramente dramático. O jogo que fecha temporariamente a primeira jornada da máxima prova nacional poderia ter caído para qualquer lado, mas talvez o ponto saiba melhor a um Portimonense que esteve perto de nada levar para casa. Douglas Tanque foi, literalmente, enorme no ataque do Paços de Ferreira, mas vai para casa esta segunda-feira a sentir-se pequeno depois de tremer perante Samuel.
Antes da tempestade
Para fechar a primeira jornada da nova edição da Liga NOS - excepto a partida adiada entre Sporting e Gil Vicente - Portimonense e Paços de Ferreira colocaram-se frente a frente num duelo sem vencedores antecipados. A equipa caseira chegava de uma época menos positiva que por pouco não terminou em despromoção e sem Bruno Tabata nas opções, tal como o lesionado Hackman, enquanto que o Paços de Ferreira de Pepa chegou ao jogo sem o lesionado Jorge Silva e sem Bruno Costa, que ficou fora do jogo por estar emprestado pelo Portimonense.
Samuel Portugal foi estreante do lado caseiro, mas nunca o fez transparecer. Começou o jogo logo com uma enorme dupla intervenção aos seis minutos, respondendo ao remate de longe de Luther Singh e fazendo uma enorrme defesa na recarga de Douglas Tanque. Depois disso manteve-se ativo, saiu da baliza em vários cruzamentos e tomou conta da área albinegra. Mesmo com os pés destacou-se, com uma grande finta a enganar Tanque, num momento que arrepiou Paulo Sérgio.
Ainda que a exibição de Samuel tenha chamado à atenção, o problema reside no facto de que só chamou porque nada de muito mais entusiasmante estava a acontecer. O jogo não se destacou pela qualidade do futebol, muito pelo contrário, o que é algo desapontante tendo em conta a qualidade de muitos dos jogadores em campo. Muita bola no ar, algum tempo perdido e uma enorme percentagem dos remates a surgir de muito longe, principalmente por falta de paciência na construção em ambas as equipas.
Os castores tiveram a iniciativa durante os primeiros 20 minutos do jogo, ainda que, para além da oportunidade logo ao início, pouco tenham feito antes do Portimonense surgir no jogo, principalmente com a qualidade de Lucas Fernandes e a velocidade de Anderson em destaque. Com a equipa da casa por cima e com o jogo já para além dos 45 minutos, nada indicava que o Paços podia chegar ao intervalo a vencer, mas um pontapé de canto de João Amaral curvou em direção da baliza e sofreu um desvio fatal que enganou Samuel. Marco Baixinho esteve no centro de todas as celebrações, mas as repetições justificaram a decisão da Liga em registar o momento como um auto-golo do defesa Lucas Possignolo.
Bolas paradas decidem, mas só se Samuel permitir
Paulo Sérgio mostrou a sua insatisfação com o resultado através do recurso ao banco de suplentes logo ao intervalo. Colocou em campo Beto e Aylton Boa Morte, mas foi quem já estava em campo que deu resposta rápida na segunda parte: Welinton Júnior ganhou um pontapé livre que Lucas Fernandes cobrou de forma exímia, encontrando dentro da área Fabrício que marcou o seu regresso ao Portimonense com um cabeceamento certeiro para o empate.
Depois do empate o jogo voltou ao que já tinha sido na primeira parte, ainda que com mais alguma urgência por parte da equipa visitante. As bolas paradas foram a origem de todos os golos, mas de resto serviram apenas para limpar o palato numa partida em que os remates de longe eram claramente o prato do dia:
Fabrício tentou primeiro para a equipa caseira, mas depois foi Tanque quem respondeu, com um potentíssimo remate ao poste. O avançado do Paços de Ferreira revelou-se inconformado, aproveitando cada metro de espaço para armar o remate e voltou a estar perto aos 78 minutos, uma jogada antes de Stephen Eustáquio tentar um lance semelhante.
Num jogo com poucos acontecimentos pedia-se um final dramático, e foi isso que aconteceu quando o estreante Lucas Silva colocou a mão na bola dentro da área do Paços de Ferreira. O árbitro assinalou grande penalidade, mas reverteu a decisão depois de consulta ao VAR. O mesmo Lucas Silva voltou a protagonizar um lance na área oposta, dessa vez assinalada. Douglas Tanque chegou-se à frente para bater, mas tremeu perante Samuel que defendeu e salvou um ponto precioso aos 90 +9.
Parece estranho salientar os avançados em campo como o positivo do jogo, uma vez que Douglas Tanque falhou o penalti decisivo aos 90 +9', mas tirando esse momento a exibição do ponta de lança foi irrepreensível, a segurar a bola e a combinar com os colegas bem como a criar perigo. Também Fabrício mostrou aos adeptos do Portimonense que já não precisam de ter saudades. Fazem falta à Liga NOS avançados assim.
Nada existe de errado com um remate de longe, uma vez que ninguém se opõe atestemunhar um golaço de fora de área. Agora, nenhum jogo se torna belo quando a grande maioria dos lances termina com uma tentativa sem lógica desde o meio campo. Faltou paciência a ambas equipas na construção.
Iancu Vasilica esteve bem ao não assinalar grande penalidade para o Paços de Ferreira aos 14 minutos de jogo. De resto foi um jogo sem incidentes, até depois dos 90 minutos, isto é. Assinalou a grande penalidade a favor do Portimonense, mas não teve problemas em mudar a decisão depois de consultar as imagens. No lance seguinte voltou a consultar o VAR para decidir. Ambas as decisões foram compreensíveis, tal como teria sido se Vasilica tivesse decidido mandar repetir o penalti devido ao posicionamento de Samuel na baliza caseira.