Era um dia especial para o Benfica. Podia ser o coroar de uma semana muito especial para o Benfica, campeão nacional uns dias antes depois de um jejum de 11 anos. A dobradinha estava à distância de apenas uma vitória, diante de um Vitória que tinha terminado a Liga apenas no 10º lugar. A Águia era favorita e já todos encaravam o levantar da Segunda Taça consecutiva como algo natural.
No Sado, contudo, havia quem quisesse estragar a festa. Já não seria a primeira vez que o campeão nacional Benfica seria travado no Jamor pelo Vitória de Setúbal. Em 1965, a grande equipa encarnada, dominadora em Portugal e gigante na Europa, tinha ficado a uma vitória da segunda dobradinha seguida e, quarenta anos depois, o filme acabou por ter uma sequela, com Meyong e Jorginho a assumirem os papéis de Jaime Graça, José Maria e Bonjour.
Nessa equipa que ofereceu à massa associativa sadina uma das tarde mais inesquecíveis da história do clube pontificavam outros nomes, como as referências Hélio, Bruno RIbeiro, Marco Tábuas, Sandro e...Veríssimo. Nélson Veríssimo, esse mesmo, o técnico que vai tentar impedir a dobradinha do FC Porto, em Coimbra, já sabe o que é ganhar uma Taça de Portugal a partir do banco a um grande do futebol português, neste caso ao Sport Lisboa e Benfica.
Suplente não utilizado nessa tarde inesquecível de 29 de maio de 2005, Veríssimo assistiu desde o banco ao golo de Simão que deixou os adeptos do Benfica ainda mais eufóricos, ao empate de Jorginho que deixou tudo na mesma e ao momento decisivo de Meyong, a menos de 20 minutos do final, que atirou definitivamente o campeão nacional ao tapete. Depois, lá em cima, foi um dos que ergueu a partir da tribuna presidencial a terceira Taça do palmarés do Vitória Futebol Clube.
Muita coisa mudou nestes mais de 15 anos. Veríssimo ganhou outro nome no futebol português e vários títulos como adjunto de Bruno Lage, antes de assumir a pasta quando o Benfica parecia em queda livre. Desta vez, o jogo será muito diferente, pelo momento de pandemia que vivemos e que vai deixar as bancadas vazias, pelo local mítico do Jamor que terá de esperar um ano até poder voltar a receber a festa do futebol. Coimbra marcará o último jogo de Veríssimo...e o primeiro título como treinador principal?
1-2 | ||
Carlos Vinícius 84' (g.p.) | Chancel Mbemba 47' 58' |