A grande sensação do campeonato não está bem, pelo menos no que toca aos resultados. Desta vez foi o Tondela a aproveitar, num 2x3 apenas decidido na reta final da partida e por um Murillo que tinha sido réu no início da segunda parte.
Os comandados de João Pedro Sousa somam a quarta jornada consecutiva sem qualquer vitória. E há uma visita ao Estádio da Luz marcada para a próxima semana...
A qualidade na definição faltou aqui e ali, não existiram muitas oportunidades claras, mas os três golos que Famalicão e Tondela ofereceram ao público no final dos primeiros 45 minutos foram consequência de duas estratégias e formas de jogar completamente distintas mas que conseguiram ser efetivas. Os da casa mais dominadores na frente e erráticos atrás; os beirões mais preocupados com a organização defensiva e perigosíssimos na bola parada e na transição.
A sensação orientada por João Pedro Sousa voltou a não abdicar da sua identidade. O problema é que o modelo trazia algumas incoerências e brechas, como a que foi quase sempre criada por Riccieli, habitual central, no flanco direito da defesa. O brasileiro foi particularmente desastrado no lance do segundo golo, materializado por Xavier, já depois de Pepelu ter aproveitado um canto batido pelo melhor elemento beirão durante os primeiros 45 minutos, João Pedro. Ainda antes dos 20 minutos...
Os momentos junto à baliza de Vaná tornaram o ambiente mais pesado, mas não impediram que o Famalicão continuasse a ser mandão. O problema é que do outro lado estava uma organização bem oleada e um Cláudio Ramos que teve inspiração suficiente para impedir de forma espetacular a redução do marcador por Fábio Martins.
O fantasma de uma dupla desvantagem ao intervalo pairava no Municipal, no momento em que Pedro Gonçalves teve um dos momentos de maior discernimento da primeira parte, colocando a bola redondinha na cabeça de Roderick, que só teve de desviar de forma subtil para um score bem mais justo.
No filme dos segundos 45 minutos, saltamos até aos 49 para reportar um dos falhanços da época na Liga NOS. O Tondela entrou com menos um avançado e mais um central, mas foi capaz de sair um par de vezes com muito perigo em transição e, num desses lances, Murillo falhou de forma escandalosa, mesmo à boca da baliza, sem que ninguém estivesse intrometido na jogada. Terá pesadelos, seguramente...
Quem não marca, sofre. O ditado é já conhecido, tão velho quanto o próprio jogo, e foi o Famalicão de João Pedro Sousa a aproveitá-lo da melhor forma. O protagonista voltou a ser o mesmo, Pedro Gonçalves, desta vez em condução, o marcador foi Fábio Martins, na marcação de uma grande penalidade.
Entrou-se, então, na fase mais caótica e imprevisível do jogo. A bola a circular de forma rápida, as duas equipas a abrirem alguns espaços nas respetivas zonas defensivas e várias oportunidades, como a de João Pedro, muito bem defendida por Defendi, ou a de Anderson, que não conseguiu ter a melhor mira com o pior pé, o direito. Mas estava rasgadinho, quentinho, interessante de seguir.
A partir do minuto 85, houve mais Famalicão, bem mais. A turma de João Pedro Sousa correu muitos riscos, subiu linhas, colocou um Toni Martínez mais posicional, mas o golo apareceu do outro lado. Murillo foi rato, desmarcou-se muito bem, nas costas da defensiva contrária, e contornou Defendi com toda a calma. A clarividência que lhe tinha faltado apareceu...e bem a tempo!
O Tondela atacou menos, esteve mais expectante, mas este é um elogio que estendemos às duas formações em campo. Famalicenses e beirões procuraram quase sempre a vitória e a baliza adversária.
Já abordámos a questão de Riccieli, que não trouxe nada de bom ao jogo defensivo e ofensivo do Famalicão, acrescentamos agora o contributo nulo que Tomislav deu ao ataque tondelense. Duas saídas ao intervalo absolutamente justas e justificadas.
Acertou no lance da grande penalidade cometida sobre Pedro Gonçalves e tem o benefício da dúvida no golo anulado ao Famalicão. Ainda assim, não podemos deixar de criticar o muito tempo de paragem, mesmo tendo em conta a dificuldade.