«Começou e acabou da mesma forma, com sabor agridoce»: Roberto Moreno despede-se de La Roja

Roberto Moreno comandou a seleção espanhola durante oito jogos, somou seis vitórias e garantiu de forma tranquila o apuramento para o Euro2020, mas o desejo de Luis Enrique de voltar ao comando da equipa, que tinha deixado há cerca de seis meses por motivos pessoais, levou à saída do técnico que estava no cargo de selecionador.

Moreno escreveu um comunicado em que se despede dos jogadores, da equipa técnica, dos adeptos, da Federação e da comunicação social. O treinador de 42 anos optou por não se alongar a respeito da forma como deixou o cargo, indicando não querer «entrar numa espiral de repreensões e justificações por cada uma das partes».

«A minha experiência como selecionador principal começou e acabou da mesma forma, com sabor agridoce. Agora é olhar em frente e enfrentar novos desafios como treinador na minha paixão, o futebol. Estou preparado para enfrentar o desafio de liderar novos projetos»: assim terminou a carta assinada pelo agora ex-selecionador espanhol.

Comunicado na íntegra:

«Depois do ocorrido nestes últimos dias e após o acordo alcançado na terça-feira, 19 de novembro, sinto a necessidade de realizar um comunicado para agradecer o apoio recebido durante estes meses e despedir-me do cargo de selecionador nacional.

Ante uma situação extrema como a que vivemos em Malta coube-me assumir o comando da equipa de todos. O objetivo da qualificação que me foi solicitado conseguiu-se de forma folgada. Oxalá nunca tivesse ocorrido esta situação. Estaríamos qualificados da mesma forma.

Valorizar as últimas horas no cargo, ou inclusivamente os últimos dias, só serviria para entrar numa espiral de repreensões e justificações por cada uma das partes. Não o vou fazer. Não vejo nisso nenhum sentido.

Tenho a consciência tranquila. É impossível agradar a todo o mundo, mas digo-vos sinceramente que respeito todos e todas as opiniões. Sempre demonstrei que sou um homem de palavra, que não seria um impedimento no caso de Luis Enrique decidir voltar a treinar. Assim o fiz, ainda que isso tenha levado à minha saída. Desejo-lhe o melhor, porque as suas alegrias serão as nossas.

Obrigado a todos os jogadores pela sua dedicação e entrega em todas as concentrações. Procurei ser justo, honroso e direto com eles. Quis ajudá-los a desempenhar a sua tarefa em campo da melhor forma possível.

Quero destacar que não teria sido possível para mim desempenhar esta tarefa sem Luis Enrique, Rafel, Joaquín e Jesus. Não perco um staff, o que deixo para trás são amigos. Sem me esquecer dos auxiliares, pessoas muito importantes numa equipa e que nunca são suficiente reconhecidas.

Senti o carinho das pessoas e só vos posso dizer obrigado. Obrigado às centenas de desconhecidos que que se aproximaram para me animar e felicitar. Levo-vos sempre no coração.

Agradeço a todos os integrantes da Real Federação Espanhola de Futebol pelo tratamento recebido durante a minha estadia na seleção principal. Senti-me querido e respeitado.

E por último uma menção especial aos meios de comunicação pelo tratamento que me deram em todos os momentos. Vocês foram muito perspicazes em todas as conferências de imprensa. Tentei ser respeitoso para com todos e procurei responder-vos sem distinção e tentando ser amável e sincero.

Espero que me valorizem pelo que foi realizado, não por quem sou. É o que eu procurei fazer na seleção com os jogadores em cada convocatória. Não quero deixar de pedir perdão a quem se tenha sentido ofendido por não dar a última conferência de imprensa. As circunstâncias impediram-no.

A minha experiência como selecionador principal começou e acabou da mesma forma, com sabor agridoce. Agora é olhar em frente e enfrentar novos desafios como treinador na minha paixão, o futebol. Estou preparado para enfrentar o desafio de liderar novos projetos».