*com Paula Ferreira Lobo
Jovem e com talento. São estes os dois pressupostos que sempre pautaram esta rubrica, que faz agora a sua estreia no zerozero. A abrir, fomos conhecer melhor o homem que se impos pelos golos nos destaques positivos das primeiras jornadas do campeonato: Ludgero.
Com humildade e um estilo descontraído, de quem é grato por poder fazer do futsal a sua vida, Ludgero recordou o início da sua carreira, falou dos momentos bons e menos bons que já viveu, e deixou uma mensagem para quem é (ainda) mais jovem que ele.
Esta mudança revelou-se decisiva, e ajudaram a moldar o jogador que hoje vemos atuar na Liga Placard. Mas o que hoje parece ser facto consumado, nem sempre foi uma certeza. Depois de uma curta passagem pelo Real SC (Massamá), Ludgero voltou ao Sporting em 2013, clube pelo qual já tinha alinhado em 2011/2012, e foi de leão ao peito que percebeu que era no futsal que era feliz.
Foi já em idade de júnior que o jovem de Queluz decidiu que o seu futuro passaria pelo futsal. «As coisas corriam-me bem, e aí comecei a perceber que era isto que eu queria para mim, para a minha vida». Esteve quatro épocas no clube de Alvalade, tendo sido campeão em todas elas, e o seu desempenho chamou a atenção de Nuno Dias, que o integrou nos trabalhos da equipa principal por quatro vezes, no decorrer da época 2015/2016. Essa foi, de resto, a época que marcou também a estreia do atleta com as quinas ao peito, tendo sido chamado pela primeira vez à seleção nacional sub-19, estreia essa que Ludgero coroou com um golo, diante da Hungria.
No entretanto, já lá vão quatro épocas, e os bons momentos foram «vários», como o próprio fez questão de frisar. «O melhor mesmo foi a estreia como internacional A». O pivot já tinha estado na seleção sub-21 em seis ocasiões, até que Jorge Braz o convocou para os trabalhos da seleção principal, para os jogos amigáveis de preparação para o Mundial 2020, em junho passado. Nessa altura, admitiu que não estava à espera da chamada, mas que iria trabalhar para agarrar a oportunidade.
Trabalhar é verbo que não parece intimidar o internacional português, que faz questão de deixar bem claro que o coletivo é muito mais importante que o individual, e que é importante retirar ensinamentos de todas as experiências.
Foi exatamente isso que fez relativamente à sua passagem pelo estrangeiro. Depois de sair do Sporting, Ludgero rumou a Limassol, a segunda maior cidade do Chipre, onde esteve uma época ao serviço do Athlitiki Enosis Lemesou. Na altura, este pareceu ser um passo acertado, mas, em retrospetiva, Ludgero admite que, profissionalmente, não foi o mais vantajoso. «Mas teve de ser», explicou: «como jogador não progredi muito esse ano», confessou-nos, mas sublinhou que aprendeu «coisas muito positivas» para a vida, e que também fez boas amizades.
No Quinta dos Lombos tem sido peça indispensável, tendo apontado precisamente um terço do total de golos da equipa (11 de 33). Perante os números, a pergunta impunha-se: «tens ambição de ser o melhor marcador da Liga?», questionamos.
A resposta foi pronta: «Não, sinceramente isso não é uma prioridade». «Gosto de marcar, admito», mas, para Ludgero, «a prioridade é tentar ganhar todos os jogos». Claro que se sente bem ao marcar golos, mas o principal objetivo é ajudar a equipa. Se marcar, «melhor», mas faz questão de reforçar que «marcar não é prioridade». A prioridade é «continuar a conquistar os objetivos das equipas» por que passa, e o seu objetivo no futsal é simples: «o meu objetivo no futsal é ser feliz».
Ludgero não sabe o que estaria a fazer na vida, se não fosse futsalista. «Provavelmente seria algo ligado ao desporto, ou então algo com crianças». Mas o futuro pós-futsal é algo que não está definido, e Ludgero pretende desfrutar do futsal por mais uns anos. Quem sabe, ser uma referência? O próprio desvaloriza, afirmando que não tem uma só referência, mas confessa-se admirador de alguns jogadores. «Há várias pessoas que eu admiro, e às suas histórias de vida» e de superação. Muitas dessas pessoas foram importantes diretamente no seu próprio percurso, e que o jovem pivot considera serem exemplos, não só para ele, mas para o futsal como um todo.
Fica o conselho. E a certeza de que ainda vamos escrever muitas linhas sobre Ludgero Lopes.