Acabou o drama, acabou o trauma. Este leão já sabe o que é ganhar e fê-lo num desafio exigente. Teve de ir à guerra para o fazer, mas os leões de Keizer superiorizaram-se aos Gverreiros de Sá Pinto e venceram pela primeira vez na Liga. Um triunfo por 2x1 que retira peso a uma equipa que ainda tem muito para acertar, mas que deu um passo importante para a tranquilidade que se pede para enfrentar uma época que se espera longa e complicada.
Tão diferentes eram os estados de espírito de Sporting e Sporting de Braga antes desta partida. Os bracarenses vinham motivados pelo excelente arranque de época, exatamente o oposto dos leões. Tristes, cabisbaixos. Tudo teoria. O início da partida mostrou equipas diferentes, mas não como se estaria à espera.
O Sporting entrou forte, neste regresso a Alvalade, como quem queria mostrar quem manda no reino do leão. Foi aí que a equipa de Marcel Keizer foi mais forte na época passada e provou, nos instantes iniciais, que queria continuar a ser. Com passes curtos, futebol apoiado e Wendel muito em jogo, o Sporting não demorou a ameaçar a baliza de Matheus. Não foi preciso esperar muito para passar da ameaça à ação.
Perante um Sporting de Braga algo apático no início da partida, com o meio-campo diferente daquele que jogou diante do Brondby, com menos capacidade na pressão e defensiva, a equipa de Keizer foi aproveitando. Um dos médios - Fransérgio - jogou mais recuado do que habitual e pecou ao abordar um lance na grande área com tranquilidade. Luiz Phellype, na semana em que soube que ficou sem concorrência, não dormiu à flor da bananeira e foi buscar uma bola perdida, que acabou no fundo das redes bracarenses, com Wendel a aparecer também no momento de finalização.
O golo, no entanto, fez crescer a equipa que o sofreu. O Sporting deixou de jogar apoiado, também por mérito dos bracarenses, que aumentaram a intensidade de pressão. Nesse momento, a equipa de Sá Pinto começou a ter mais facilidades e a encontrar espaço para jogar. André Horta ia vendo a marcação com os olhos de Doumbia e fazia jogar os seus colegas. O coletivo do Sporting, que tinha entrado bem na partida, deixou de funcionar e aí apareceram as individualidades.
Primeiro foi Renan, com um par de intervenções de fazer Sá Pinto pôr as mãos na cabeça. A segunda tirou autenticamente o golo a Hassan, minutos antes do principal indivíduo do Sporting puxar os galões para si. A perda de bola é de Claudemir, mas a forma como Bruno Fernandes engana Bruno Viana é de craque. Estava feito o 2x0, mesmo em cima do intervalo, a dar tranquilidade a um leão que tanto precisa.
O começo da segunda parte foi de equilíbrio, ainda que Sá Pinto tenha feito ligeiras mexidas nas suas peças. A subida de Fransérgio no terreno deu maior conforto e potencial ofensiva aos bracarenses, Hassan passou a ter mais apoio e o Sporting de Braga começou a ameaçar a baliza de Renan, com André Horta a pegar no jogo mais atrás.
Com o maior balanceamento ofensivo dos arsenalistas, o Sporting procurou outro tipo de arsenal. O contra-ataque passou a ser a principal arma da equipa de Keizer. A condução até era aceitável, mas a saída, com recurso ao jogo direto, a.k.a. chutão, foi limitada, a definição sempre pobre e não serviu para sentenciar a partida para um irrecuperável 3x0.
Enquanto isso, crescia o Sporting de Braga e Wilson Eduardo ainda estava em campo. O ex-Sporting tem no leão a sua vítima preferida e relançou a partida com um golo oportuno, que levou Keizer a organizar a equipa num esquema de três centrais. Os minutos finais foram passados no meio-campo leonino, com Sá Pinto a pôr toda a carne no assador, mas desta vez não funcionou. Desta é o leão que petisca.