Jovem leão aproveitou montra para brilhar: O que mostrou Plata no Mundial Sub-20?

*Com Miguel Amaral

Chegado o fim do Mundial Sub-20, o zerozero preparou uma série de artigos sobre a grande competição de celebração do talento que decorreu nas últimas semanas em solo polaco. As figuras, as surpresas, os craques, os momentos...pode acompanhar tudo.

Contratado em janeiro pelo Sporting com o rótulo de grande promessa, a prestação de Gonzalo Plata no Mundial Sub-20 era um dos maiores pontos de interesse dos fãs portugueses na competição, sendo esta a primeira oportunidade do jovem mostrar serviço após alguns meses de trabalho silencioso em Alcochete. 

O extremo não acusou a pressão e aproveitou a montra para brilhar e apresentar-se ao mundo do futebol, integrado numa competente seleção do Equador que obteve um honroso e histórico terceiro lugar. A FIFA não ficou indiferente ao seu rendimento e premiou-o com a Bola de Bronze, fechando o pódio de melhores jogadores do torneio atrás do coreano Lee Kangin e o ucraniano Sergiy Buletsa. Uma amostra de qualidade que deixa água na boca aos adeptos sportinguistas...

Fantasia e compromisso com o coletivo

A capacidade técnica de Plata é provavelmente a sua qualidade mais evidente. Atuando quase sempre do flanco direito, o extremo parte várias vezes em condução para cima dos adversários, tendo uma impressionante facilidade de drible. Em muitos momentos parece ter os lances perdidos, mas consegue recuperar de posições complicadas para arrancar faltas, fintas e dores de cabeça aos defesas contrários. Ousadia e confiança não lhe faltam!

O jovem leonino demonstrou ter também uma forte capacidade de passe. Do seu pé esquerdo saíram várias aberturas de qualidade ao longo do torneio, tendo inteligência para levantar a cabeça e acompanhar as desmarcações dos colegas de equipa. Quando encontra espaço em movimentos interiores procura os remates de longe, sendo esta outra arma do seu jogo.

Apesar de todo o seu talento, Plata não foge ao trabalho mais «sujo». Raramente dá uma bola por perdida e não se esconde do choque, mostrando-se sempre muito ativo na pressão e na luta pela recuperação da bola. Demonstra capacidade tática - área em que já confessou ter evoluído bastante desde a chegada a Portugal - para cobrir as subidas do lateral, tendo criado ao longo da prova uma dinâmica muito interessante com o capitão Jhon Espinoza.

O experiente selecionador Jorge Célico reconheceu a sua aptidão defensiva e com o Equador reduzido a dez unidades decidiu apostar em Plata como lateral direito, na segunda parte do duelo frente à Itália na fase de grupos. O atleta do Sporting não fugiu a este desafio e, com espírito de missão, fez a alta rotação todo o flanco, levando a equipa para o ataque através da sua capacidade de progressão. 

Outro dos pontos a favor do sul-americano é a sua capacidade física. Plata apresentou-se na Polónia num excelente momento de forma, mantendo a mesma disponibilidade para correr e lutar do primeiro ao último segundo. A sua velocidade desgasta bastante as defesas, subindo de rendimento com o passar dos minutos nos encontros. Acabou por ser totalista na prova, algo raro num jogador que atua na sua posição.

Decisão é aspeto a melhorar

Não é um jogador individualista, contudo, a decisão é um aspeto a melhorar por Plata. Fruto do seu talento, o equatoriano consegue criar com facilidade várias jogadas de potencial perigo, mas devido a alguma indefinição entre passar a bola ou apostar no um para um desperdiça por vezes boas situações ofensivas.

Capacidade de drible impressiona ©Getty /

O extremo tem também tendência para chegar tarde à área adversária e a zonas de finalização, optando quase sempre por ficar aberto no flanco. Quando decide aparecer em terrenos mais perto da baliza torna-se num jogador bastante perigoso, como foi prova o lance do golo que marcou frente ao México. Tenta evitar ao máximo utilizar o seu pé direito, o que poderá complicar a sua tarefa no futuro frente a defesas mais experientes e conhecedores das suas capacidades.

A consistência exibicional durante as partidas é outro ponto a trabalhar pelo jovem. Talvez devido a gestão física, mas Plata passa alguns momentos dos jogos bastante apagado, demorando um pouco a entrar no seu ritmo. Teve um lapso grave frente à Coreia do Sul, falhando na marcação a um adversário no lance em que surgiu o golo dos asiáticos, num raro erro defensivo.

É certo que não se pode avaliar um jogador apenas pelo rendimento numa competição, mas Gonzalo Plata deixou sinais bastante positivos no Mundial Sub-20, confirmando o potencial que levou o Sporting - por um preço bastante aceitável - a apostar na sua contratação. Ajudou a sua seleção a fazer história, brilhou e saiu da Polónia bastante valorizado. É inegável que tem uma grande margem de progressão e, se conseguir desflorar todo o seu talento, o menino de 18 anos pode ser um caso muito sério de leão ao peito...

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Gonzalo Plata vs EUA.
Técnica, irreverência, explosão, uma constante ameaça ao adversário e com muita disponibilidade defensiva. Muito potencial. pic.twitter.com/k5ToevKZ8O

— Rodrigo Carvalho (@rodrigoccc97) June 9, 2019