Numa altura em que os adeptos portistas ainda aguardam por mais novidades no mercado de transferências, uma das certezas é de que Renzo Saravia vai fazer parte do grupo de Sérgio Conceição. Motivo suficiente para uma análise detalhada ao seu jogo contra a Colômbia, na estreia da Argentina na Copa América.
Um jogo que não lhe correu nada bem, diga-se. Surge nas imagens dos dois golos da equipa de Carlos Queiroz e nunca deu grande profundidade ao corredor, ainda que fosse notório que tal tinha a ver com indicações do treinador - já lá vamos. Ficam aspetos para corrigir e a certeza de que ainda precisar de trabalhar questões de agressividade/intensidade, atendendo à mudança para o futebol europeu.
Raio X [Jogador] | ||
na/o | ||
Renzo Saravia | Argentina |
5 | Jogos |
0 | Golos Marcados |
3 | Vitórias |
0 | Empates |
2 | Derrotas |
Isto numa seleção em reformulação e a tentar alicerçar-se em novos elementos, quer no banco (Scaloni é, de forma surpreendente, o selecionador), quer na equipa, quer até na federação, onde se trabalha de forma a tentar recuperar uma dimensão que ficou mais reduzida de há uns anos para cá - com epicentro na terrível organização logística para o Mundial 2018.
Os tempos são de tentativa de retoma, ainda que com o eterno Messi a comandar uma vez mais a equipa em campo, ele que, depois da prova na Rússia, fez uma pausa na seleção, tendo voltado em março deste ano.
A Argentina tem voltado ao desenho de uma linha de quatro em termos defensivos e foi na direita que Saravia surgiu, tal como era previsto. Ao seu lado, Germán Pezzella, também ele a dar os primeiros passos de seleção, era o central mais à direita. À sua frente, Lo Celso foi quase sempre o homem da linha intermédia, ele que teve muito mais tendência ofensiva do que defensiva.
Assim, Saravia ficava. Muito mais próximo dos centrais do que dos elementos de cariz ofensivo, um pouco em contraste com aquilo que se costumava ver dele no Racing, onde a capacidade e qualidade nas chegadas ao último terço chamavam a atenção.
Saravia deixava dúvidas, pois ora transparecia um lado desconfortável, ora tratava tudo de forma simples e prática. Numa primeira parte mastigada e na qual a pressão forte da Colômbia nunca permitiu grande qualidade de posse à Argentina, o lateral direito até pareceu dos mais concentrados da linha recuada e não se lhe podia apontar nada ao intervalo. Subiu muito pouco, tentou jogar sem complicar e foi forte nas antecipações.
Aliás, teve também o ponto positivo de, perante a saída forçada de Muriel (que caía no seu lado) muito cedo, saber travar as investidas do entusiasmado Roger Martínez, que entrou cheio de vontade de mostrar serviço a Carlos Queiroz. O colombiano acabou por ter de ir várias vezes ao outro lado procurar melhores resultados, já que as subidas de Tagliafico abriam mais espaço.
Numa versão muito mais ofensiva e acutilante, a Argentina subiu as linhas, galvanizou-se e esteve próxima da vantagem, só que, com isso, abriu mais espaços na retaguarda e foi assim que surgiu a vitória. Com dois golos do lado de Saravia e com o reforço portista, em ambos, a ter uma abordagem demasiado permissiva.
Primeiro, não atacou a bola após a receção de Roger Martínez, que adiantou ligeiramente a bola, mas que viu o lateral ficar na expectativa - claramente condicionado por ter cartão e por não poder arriscar o penálti. O colombiano voltou a ter o controlo total, encarou o adversário, puxou para dentro e fez um golaço.
Así fuel gol de @rogermartinezt9 para el 1-0 parcial ante @Argentina pic.twitter.com/4h1eyCSymX
— Selección Colombia (@FCFSeleccionCol) June 16, 2019
Mais tarde, outra vez o mesmo elemento a ter espaço pela esquerda do ataque da Colômbia, perante a marcação de Saravia (que deu muita distância por causa da subida do lateral, o que deixou o portista em inferioridade), surgindo o cruzamento à vontade para o segundo. Embora aqui toda a defesa, e não só, tenha mostrado fragilidades evidentes, já numa fase de jogo partido.
Así fuel el gol de Colombia ante @Argentina en su victoria 2-0. pic.twitter.com/ckfgZOuA1p
— Selección Colombia (@FCFSeleccionCol) June 16, 2019
Não foi, de todo, um bom jogo de Saravia. Basta passear pelos sites desportivos argentinos para se perceber que o lateral é um dos maiores visados por causa da derrota. Resta saber se Scaloni procura corrigir as falhas para o próximo jogo ou se opta por outra solução. E, como costuma ser a imprensa argentina após os desaires...
Porém, também é bom ressalvar: não foi tanto pelo lado defensivo (onde tem de melhorar, claro) que o FC Porto o contratou; e, nesta primeira amostra, não deu para lhe conhecer o fulgor ofensivo que o caracteriza. Como tal, e como seria lógico, é ainda muito cedo para tirar conclusões do novo defesa direito dos azuis e brancos.
0-2 | ||
Roger Martínez 71' Duván Zapata 86' |