Que grande final da Taça de Portugal. É a tal festa mais bonita da época do futebol português e esta foi isso mesmo...dentro e fora do relvado. O Sporting bateu o FC Porto (2x2), nas grandes penalidades, e cumpriu a promessa de Frederico Varandas, em substituir a medalha de prata da temporada passada por uma de ouro.
Não haverá muitos adeptos do Sporting a achar que o leão foi melhor no Jamor que o FC Porto, mas certamente poucos são os que se importam com isso. A vitória leonina foi uma vitória do sofrimento e...novamente com o brilhantismo de Renan Ribeiro, tal como tinha sido na Taça da Liga.
Sérgio Conceição e Keizer não fizeram nenhuma surpresa nas equipas escolhidas, sendo que o holandês tinha a surpresa dos três centrais e dos dois avançados guardada para ser decisiva.
Com Marega a começar ao jogo pela direita e Otávio nas costas de Soares, o FC Porto tirou partido cedo da força do maliano e de algumas faltas de atenção de Mathieu (foi crescendo ao ponto de ser o melhor em campo). Foi num lance desses que surgiu a primeira oportunidade do jogo. Marega ganhou a linha, cruzou, Bruno Gaspar teve um corte ridículo e deixou a bola em Otávio que obrigou Renan a brilhar.
A reação leonina veio sempre da mesma forma. Pelo lado esquerdo e pela velocidade de Diaby. O extremo quase ofereceu o golo de Luiz Phellype, mas Pepe cortou no último instante. Foi a melhor fase do leão, sempre com Nemanja Gudelj e Bruno Fernandes a estarem muito intensos no jogo.
O último quarto de hora acabou por ser o mais emotivo da primeira parte. Primeiro, o FC Porto passou a mandar no jogo e encostou o Sporting à sua área. Segundo, com Marega mais ao centro, a defesa dos leões tinha muitas dificuldades. Começaram a aparecer mais bolas na área leonina e foi assim que surgiu o primeiro golo. Jogada de insistência de Herrera e um cruzamento perfeito para Soares. Pediu-se mão do mexicano na jogada, mas fica a ideia que tudo é legal.
O Sporting reagiu ainda na primeira parte e chegou ao empate no último lance do primeiro tempo. Bruno Fernandes com um remate de fora da área empata, com um desvio de Danilo pelo meio. O lance também motivou protestos e fica a ideia que Luiz Phellype está fora de jogo numa primeira fase. Não toca na bola, mas faz-se ao lance e arrasta dois defesas.
Iam surgindo oportunidades junto da baliza de Renan. Soares atirou ao poste e sentia-se que o FC Porto era quem podia marcar a qualquer momento.
Keizer reagiu e sua opção causou alguma estranheza, por apostar no sistema de três defesas com Bas Dost e Luiz Phellype em cunha na frente, algo que praticamente nunca tinha sido testado. A mudança até começou por trazer alguma energia ao Sporting, mas com Wendel completamente fora do jogo e com Gudelj a ficar cansado, o dragão controlava como queria o jogo.
A certa altura percebeu-se que o Sporting já via com bons olhos o arrastar o jogo para o prolongamento e foi isso que aconteceu. Soares ainda voltou a acertar no poste, mas um jogo entre leões e dragões, numa final, não é jogo se terminar aos 90 minutos.
O golo do Sporting parecia por ser uma espécie de encerramento de ciclo para os leões. Depois do que aconteceu antes da final da temporada passada, uma vitória era conclusão ideal para uma época na qual poucos acreditavam. O golo ser de Bas Dost, um dos que ficou em pior estado nas agressões de Alcochete, seria o final de temporada quase perfeito.
Esse encerramento acabou por ser nas grandes penalidades, porque o FC Porto nunca baixou os braços e já nos descontos Felipe atirou o jogo para a decisão dos 11 metros. Nessa decisão apareceu novamente Renan Ribeiro. Já depois Bas Dost e Pepe terem acertado na barra, o guardião brasileiro negou o remate de Fernando Andrade e permitiu a Luiz Phellype fazer o golo da vitória.
É certo que o FC Porto esteve bem melhor no Jamor. Dominou, teve duas bolas nos postes e ainda viu o Sporting perder tempo na reta final do jogo. Ainda assim, não podemos deixar de achar que a vitória leonina pode ser o encerramento de uma das páginas mais negras do futebol português e em especial do Sporting. Na justiça futebolística ganhava o FC Porto, na justiça poética ganhou o Sporting.