*com Carlos Ramos, jornalista do site oGol.com.br
Passaram-se três anos, divididos entre Brasil e Catar, e Bruno Gallo decidiu voltar ao futebol português. Agora a envergar a camisola do Chaves, o médio brasileiro de 30 anos acedeu à entrevista conjunta do zerozero e do site oGol.com.br, domínio brasileiro do nosso portal, lançando a estreia dos flavienses na Liga 2018/19, diante do FC Porto.
A conversa, no que ao futebol português diz respeito, começa bem atrás no tempo, mais precisamente em 2009, ano em que deixou o Brasil pela primeira vez para ser reforço do Leixões.
«Foi muito importante, para amadurecimento. Eu era jovem, morava com os meus pais. E, com 21 anos, sair do país sozinho, pela primeira vez... Foi uma aprendizagem, um amadurecimento muito grande. Foi bom para a minha carreira também, uma das coisas mais importantes para amadurecer», recordou o médio de 30 anos.
A essa passagem pelo Leixões seguiram-se três anos em Setúbal, ao serviço do Vitória FC, e depois de um curto regresso ao Brasil veio uma época no Marítimo, com 33 jogos e sete golos somados pela equipa insular. Depois foi tempo de um mais longo regresso a casa para voltar a representar o Vasco, clube em que se formou, e de uma experiência no Catar.
Foi depois dessa passagem pelo Médio Oriente que surgiu o chamamento do Chaves, pelo qual se estreou no passado dia 29 de julho, num jogo em que os flavienses conseguiram, nos penáltis, um histórico apuramento para a fase de grupos da Taça da Liga. Um jogo que, pela carga emocional associada, contribuiu para o desenvolvimento do espírito de grupo na equipa de Daniel Ramos.
«Foi importantíssimo. Chegar a um clube novo, ao qual chegaram dez jogadores, ou oito, e na estreia logo um jogo para fazer história para o clube... É muito importante. Não importa se foi 0x0 e ganhámos nos penáltis. O importante foi passar de fase e chegar nos grupos. O importante é fazer história no clube».
Embora ambos tenham passado pelo Marítimo, Bruno Gallo e Daniel Ramos não se cruzaram na Madeira. O médio encontra agora o treinador pela primeira vez mas os primeiros tempos já permitem tirar algumas conclusões: «É um treinador muito detalhista, gosta de ter a bola, de movimentações... com o grupo que formámos, temos tudo para fazer uma grande temporada».
E o que significaria uma grande temporada? Melhorar o posicionamento da última época (sexto lugar)? «É difícil dizer, porque estou há três anos afastado do campeonato português. Por mais que acompanhasse, não acompanhava de perto. Mas acho que temos tudo para fazer uma boa campanha. O ano passado foi muito bom, ficaram em sexto, só perderam no saldo para ir para a Liga Europa. Mas acredito que temos tudo para fazer um bom ano para ficar entre os oito, lutando por um lugar na Liga Europa».
É por esta altura que a conversa passa para o Estádio do Dragão. É no recinto do FC Porto que Bruno Gallo fará a estreia na Liga NOS com a camisola do Chaves e o médio vê o facto de começar a época com um duelo com os campeões nacionais como um fator... positivo.
«É positivo, porque as equipas vêm de pré-temporadas, ainda não estão prontas... é uma oportunidade de fazer um bom jogo, organizado, sair com pontos do Dragão. Acredito que seja positivo. Até porque todos vão enfrentar o FC Porto, não há como fugir disso. Na estreia pode até ser melhor».
O médio brasileiro tem, aliás, muito boas memórias dos seus últimos encontros com os dragões. Dois golos nos últimos dois jogos pelo Marítimo frente ao FC Porto e duas vitórias para a equipa madeirense. Será, então, que «não há duas sem três»?
«Espero que sim. O meu último ano aqui foi bom, fiz dois jogos contra o FC Porto, duas vitórias, marquei nos dois jogos. Espero continuar assim para ajudar a minha equipa».
Mantendo o foco nesses jogos de 2015, e olhando em particular para a ficha de jogo do Marítimo x FC Porto a 2 de abril de 2015, na Taça da Liga, encontramos do lado da equipa madeirense dois nomes que agora envergam a camisola portista: Danilo Pereira e Moussa Marega. Bruno Gallo foi, então, colega de equipa dos dois e já na altura via neles qualidades que lhes permitiriam chegar a um clube de dimensão superior.
«Com certeza. O Danilo já lá estava quando cheguei ao Marítimo. Sempre foi um médio de muito rigor físico, muita qualidade e muito jovem. Era fácil advinhar que ele iria para um grande clube. E o Marega chegou no meio da temporada. O clube não estava tão bem, e ele chegou muito bem, ajudou-nos muito a chegar à final da Taça da Liga, a crescer no campeonato... Era o jogador de que precisávamos. Os dois merecem muito o que estão a viver e ainda têm muito a crescer».
No que toca a Marega, porém, é difícil fugir ao elefante na sala de estar. Que é como quem diz: o recente alegado diferendo com o FC Porto, tendo em vista uma transferência para Inglaterra. Um acontecimento que Bruno Gallo considera surpreendente, tendo em conta o caráter do jogador maliano.
«Surpreende-me, sim. Quando trabalhei com ele no Marítimo, sempre foi muito dedicado. Um dos primeiros a chegar ao clube, um dos últimos a sair. Sempre honrou muito [o clube], dedicou-se ao máximo ao clube nas partidas, nos treinos... É aquilo: nós vemos o que passa na televisão, não sabemos os bastidores. Mas não acredito que ele tenha batido o pé para pedir para ir embora, pelo profissional que ele é, pela dedicação que ele sempre tem para ajudar o grupo. Não sei de empresário, presidente, mas, pelo que conheço ele, e às vezes ainda mantemos contacto pela Internet, sempre foi uma pessoa muito trabalhadora, muito querida pelo grupo».
A menos que haja surpresas de última hora, nem Danilo nem Marega serão desta vez adversários de Bruno Gallo no Estádio do Dragão, mas o desafio está à vista para o médio brasileiro: repetir o que fez nas últimas vezes que teve dragões pela frente e travar o campeão nacional.
5-0 | ||
Vincent Aboubakar 14' 20' Yacine Brahimi 45' Jesús Corona 71' Marius 88' |