Shoya Nakajima: o salto em vista, o mundo (e o Mundial) no horizonte

Educado, sorridente, de gargalhada fácil. Shoya Nakajima é um exemplo claro daquilo que de bom tem o povo japonês (desculpe-se a generalização). A pequena estatura esconde, de resto, um enorme talento que já conquistou o futebol português e deixou os grandes clubes de olhos voltados para Portimão.

A ida a Santa Maria da Feira, na abertura da 23ª jornada, deu a Nakajima mais uma noite de alegria. Ou talvez tenha sido o contrário e tenha sido ele a tornar a noite mais alegre: o duelo entre Feirense e Portimonense estava já de si a ser interessante, mas foi quando o pequeno japonês fez um perfeito chapéu sobre o guarda-redes adversário que o Marcolino de Castro viu verdadeiro espetáculo.

O golo - mais um, o 9º da temporada - fechou o triunfo, numa noite em que havia um espectador muito especial nas bancadas: Jacky Bonnevay. Francês, agora com 56 anos, antigo jogador de clubes como Marselha, Nice ou Sochaux. E, agora, adjunto do selecionador japonês, o bósnio Vahid Halilhodzic.

Shoya Nakajima 2017/2018

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O objetivo do técnico ao marcar presença em Santa Maria da Feira era óbvio, e Bonnevay não fez segredo em conversa com o zerozero após o jogo. Explicou que o propósito era mesmo avaliar a hipótese de Nakajima vir a marcar presença no próximo Mundial da Rússia. Mas já lá vamos. Antes, palavra ao pequeno craque e aos seus desejos para a carreira a nível de clubes.

«Espero poder ir, sim». Assim, de forma sintética e direta, Nakajima responde à nossa pergunta: «O que achas de um possível salto para um clube maior?». E que clube, tendo também em conta uma recente entrevista em que o avançado demonstrou particular apreço pelo FC Porto? «Acho que todas as equipas [grandes] são boas», diz-nos um agora mais resguardado Nakajima. «Não sei para onde vou».

Esse salto, no entanto, parece cada vez mais inevitável, primeiro porque também do estrangeiro surgem interessados - a Bundesliga chama com particular interesse - e segundo porque Nakajima continua a somar grandes momentos com a camisola do Portimonense. Como este, que valeu um golo de se lhe tirar o chapéu.

«Foi um golo mesmo muito bom, sim», admite, embora destacando o trabalho coletivo: «Conseguimos fazer três golos e estou muito feliz por isso». O balanço do tempo passado em Portimão, demonstra, também, uma modéstia bem misturada com boas maneiras: «Até agora... ainda não tive muito tempo. Os meus colegas de equipa ajudam-me muito, são preciosos, e estou a divertir-me».

Mundial é hipótese? Um claro sim

Aos 23 anos, Nakajima aguarda ainda a primeira oportunidade na seleção japonesa. A evolução em Portimão, no entanto, reforçou a atenção que lhe é dedicada a partir do país do Sol Nascente. E assim, agora sim, passamos a palavra a Jacky Bonnevay, adjunto do selecionador japonês, que admite que o próximo Mundial não é uma miragem para Nakajima.

©Vítor Parente / Kapta+

«Vim ver o Nakajima, estou muito satisfeito com o que ele fez, mas vamos ver nos próximos jogos. Por exemplo, na próxima semana jogam contra o FC Porto. Nós vemos todos esses jogos, mesmo que seja na televisão, porque estamos a refletir para elaborar uma lista de 23 jogadores», explica-nos o técnico após o encontro.

Para já, a avaliação é claramente positiva, até por ter sido possível ver momentos de qualidade de Nakajima in loco. «Foi eficaz, marcou um golo soberbo, com um chapéu magnífico. No segundo golo fez um passe decisivo. Desde que saiu de Tóquio progrediu de forma enorme. Está em muito boa condição física, tem boa técnica, é eficaz. Fez um jogo muito bom, principalmente a segunda parte».

Quais são, então, as reais hipóteses de Nakajima ir à Rússia com a sua seleção? «É difícil dizer, mas para já está a somar pontos. Há muita concorrência para esta posição. Em março vamos fazer dois jogos amigáveis na Bélgica contra a Ucrânia e o Mali. Estamos a ver».

O jovem avançado poderá, assim, ter uma prova de fogo já no verão que se avizinha. A falta de experiência nos Samurais Azuis, de resto, não joga contra Nakajima, segundo garante Bonnevay.

«Ainda não esteve connosco, mas progrediu muito no Portimonense, para nós isso é muito bom. Para Halilhodzic é a qualidade que importa, o resto importa pouco. Ele disse-me para vir aqui vê-lo, porque já o segue há algum tempo».

O balanço da viagem até Santa Maria da Feira é, portanto, positivo - «pude conversar com o treinador, com os dirigentes, com ele...» - e Nakajima continuará sob o olhar atento da equipa técnica japonesa, enquanto prossegue a carreira na equipa de Portimão.

«Ele está muito contente no Portimonense, que o acolheu e o fez evoluir. Eu estou muito contente porque o treinador dele fê-lo evoluir, isso é incontestável. Parabéns ao jogador e à sua equipa técnica».

©Catarina Morais / Kapta +