Alto, esguio, com o seu icónico bigode, Ian Rush, foi uma das grandes figuras do futebol britânico nos anos 80 e 90. Ao serviço do seu Liverpool, e da seleção do País de Gales, marcou golos atrás de golos, festejando a correr pelo relvado, com os braços no ar, antes de dar um salto comemorativo, numa imagem de marca que perdura na memória dos fãs de futebol. Durante anos e anos, Rush foi sinónimo de golos, de muitos golos!
Primeiros anos
Rushie, como ficou conhecido em
Liverpool, nasceu a 20 de outubro de 1961, em St Asaph, uma pequena localidade do nordeste do País de Gales. Dada a proximidade com a cidade de
Liverpool, o pequeno Ian tornou-se adepto do Everton.
Quando terminou o ensino secundário, foi tentar a sua sorte a Chester, uma cidade inglesa que dista apenas 20 km de St Asaph. Após um período de teste, começou a jogar no clube local, onde rapidamente deu nas vistas e chamou a atenção dos dois clubes de
Liverpool e do
Manchester City.
Apesar de começar a carreira a jogar como médio, acabou por marcar 14 golos em 34 jogos, e Bob Paisley, o então treinador dos
reds, convenceu os diretores do clube a gastarem 300 mil libras, na contratação do jovem jogador galês.
Contudo, problemas burocráticos, fizeram o
Liverpool não conseguir assinar com Rush antes do fim do prazo de inscrições, e o jogador teve de jogar mais uma época no Chester City, chamando a atenção do selecionador nacional que lhe deu a oportunidade de se estrear com a camisola do País de Gales. Seria a primeira de 73 internacionalizações, onde apontou 28 golos.
Liverpool
Rush estreou-se com a mítica camisola vermelha do colosso da cidade do Mersey a 13 de dezembro de 1980. Nessa tarde de Sábado, estreou-se com a camisola «7» de Kenny Dalglish, que nesse fim-de-semana se encontrava lesionado.
Os primeiros momentos no clube não faziam antever a frutuosa ligação entre o jovem galês e o
Liverpool. A ausência de golos tornou-se de tal maneira penosa, que Rush pensou abandonar o clube, procurando um novo caminho na carreira, mas Paisley não queria abdicar da sua aposta, e após uma conversa franca e pessoal com o avançado, apontou-lhe as lacunas e os erros, aconselhando-o a ser mais egoísta enquanto estivesse em frente da baliza adversária.
Pouco depois, num jogo para as competições europeias, contra os finlandeses do Oulun Palloseura, apontou o primeiro dos trinta golos que marcou durante a temporada, em somente 49 jogos.
Nas épocas seguintes, manteve uma impressionante constância de resultados, com destaque para os 47 golos apontados na época de 1983/84, com que conquistou a Bota de Ouro destinada ao melhor marcador dos campeonatos europeus, como também foi eleito o melhor jogador do campeonato inglês.
Roma, Heysel e a passagem por Itália
Coletivamente a época também sorriu a Rush, que se sagrou campeão de Inglaterra, ganhou a Taça da Liga e conquistou a Taça dos Campeões Europeus, numa final resolvida no desempate através de grandes penalidades no Estádio Olímpico de Roma, precisamente contra a
AS Roma.
Um ano depois, estaria presente na trágica final de Heysel Park, onde faleceram 39 adeptos da
Juventus. A derrota com os italianos por 0x1, quase passou despercebida no meio da calamidade, naquele que foi por certo, o momento mais triste da carreira de Rush.
Com o
Liverpool castigado e expulso das competições europeias, e no intuito de tentar relançar as relações entre os dois clubes, Rush transferiu-se para a
Juventus, onde só ficou uma época e não foi muito feliz. Numa declaração que virou anedota, Rush afirmou «
Eu não consegui ambientar-me a Itália - Era como viver num país estrangeiro.»
Regresso aos reds
No regresso a casa, Rush teve que enfrentar a concorrência do irlandês Aldridge, que se tinha tornado o goleador de referência dos
reds. A primeira época no regresso a
Anfield Road foi pouco profícua, com apenas 11 golos em 32 encontros.
Mas nas épocas seguintes, Rush voltou a ser decisivo, apontando com regularidade mais de 20 golos por época, sem contudo igualar os números com mais de trinta golos, que atingira regularmente na sua primeira passagem por
Anfield.
Em 1989, depois de já ter vivido o desastre de Heysel, Rush estava em campo em Hillsborough, na tarde da tragédia que vitimou 96 fãs do
Liverpool.
Rush não escondeu a emoção e juntamente com os colegas, desdobrou-se em presenças nos funerais das vítimas e em visitas aos familiares dos sinistrados, assim como apoiando economicamente algumas famílias.
Últimos anos
Campeão em 1990, ficaria em
Liverpool até 1996, quando ultrapassado pela concorrência, perdeu lugar na equipa e aceitou transferir-se para Leeds, onde esteve só uma época, e tal como em Turim, voltou a não ser feliz.
Seguiram-se passagens pouco felizes pelo Newcastle e Sheffield United, antes de experimentar a camisola do galês Wrexham, onde durante a época toda não conseguiu marcar um golo.
Para terminar a carreira ainda tentou a sorte do outro lado do mundo, no Sydney Olympic, onde com 39 anos, marcou ainda um golo em três jogos, naquele que foi o último golo dos 384 golos que o ponta de lança galês apontou ao longo de 23 épocas.