exto na íntegra de Marcio Kroehn: Felipe Alves: cabeça, mãos e pés.

Não existe nada mais errado no futebol do que falar que goleiro joga adiantado - da mesma maneira que nenhum goleiro termina o aquecimento pré-jogo, olha para o horizonte e pensa: ‘hoje vou receber a bola do meu zagueiro, esperar o atacante e dar um drible seco nele. Se vier afobado ainda jogo a bola entre as pernas e pergunto se veio de garfo em dia de sopa’. Assim como o drible é um recurso e não uma loucura do goleiro, o posicionamento dele em campo depende muito da maneira como a equipe joga. Escrevo essas palavras e lembro de Felipe Alves, o goleiro que saiu da zona leste de São Paulo para conquistar o coração do Tricolor de Aço. Felipe tem uma participação tão intensa numa partida que confunde aqueles que ainda acham que futebol se resume a 10 correndo atrás da bola e um defendendo. Faz tempo que não é mais assim e o goleiro é parte fundamental de um sistema de jogo. Para alguns esse é o chamado futebol moderno, mas para mim continua sendo apenas futebol. Que evoluiu, sim, principalmente ao colocar o goleiro como parte importante da construção ofensiva de uma jogada. Felipe Alves faz isso com maestria desde sempre. Mas Felipe Alves não joga com os pés, joga com a cabeça. A cada bola que chega aos pés do goleiro do Fortaleza, uma série de informações são mapeadas por ele, de tudo o que foi treinado ao longo da semana, de tudo o que vem se acumulando em meses e meses de exaustivas repetições. E daí vem uma ação sempre pensando em progredir, em quebrar as tais linhas que exaustivamente os técnicos repetem nos dias de hoje Por isso, quando você pega um chute do meio-de-campo como na partida Sport e Fortaleza, pelas quartas-de-final da Copa do Nordeste de 2020, pode achar que algo estava errado. Felipe Alves vai até a sua intermediária e tenta encaixar um passe na intermediária do Sport, mas a bola é interceptada e em seguida vem o chute de longa distância. Não foram mais do que quatro segundos de tirar o fôlego entre a batida na bola e a defesa do Homem de Gelo, que se recuperou com uma defesaça. Quem é goleiro sabe que Felipe tinha plena consciência do que estava fazendo: o salto em direção não foi para sair na foto, mas para que a mão paralela ao solo conseguisse amortecer a bola, que quicou na área à espera do abraço seguro. Você pode até esbravejar que esse é um risco desnecessário. E eu pergunto: quando não é quando se quer ganhar um jogo? Existem riscos desnecessários e calculados. Felipe Alves não joga adiantado. Ele é a superioridade numérica de times com as características que Fernando Diniz e Rogério Ceni gostam. E se a canhotinha chama tanto a atenção em Felipe Alves, o que dizer das mãos? Pergunte a qualquer torcedor do Leão do Pici, campeão da Copa do Nordeste em 2019 e bicampeão estadual em 19 e 20, quantas defesas decisivas ele vibrou com Felipe Alves? Lembro de uma no Allianz Parque, um chute de Dudu da entrada da grande área; a bola saindo do goleiro e indo lá na direção do ângulo direito do goleiro. Felipe Alves se estica e com a mão trocada espalma para escanteio, como se fosse possível incorporar Velloso, o goleiro que vestiu a camisa do Palmeiras nos anos 1990 que tinha como marca registrada essa defesa com a mão trocada. E Felipe Alves joga com a camisa 12, que no alviverde era de São Marcos. O Fortaleza tem uma identidade de jogo e Felipe Alves tem a personalidade única dos que são únicos no futebol. Por isso, se você ouvir alguém falar que Felipe Alves é mais pés que mãos, desconfie. Ele é muito mais que isso: cabeça, mãos e pés.

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Não existe nada mais errado no futebol do que falar que goleiro joga adiantado - da mesma maneira que nenhum goleiro termina o aquecimento pré-jogo, olha para o horizonte e pensa: ‘hoje vou receber a bola do meu zagueiro, esperar o atacante e dar um drible seco nele. Se vier afobado ainda jogo a bola entre as pernas e pergunto se veio de garfo em dia de sopa’. Assim como o drible é um recurso e não uma loucura do goleiro, o posicionamento dele em campo depende muito da maneira como a equipe joga. Escrevo essas palavras e lembro de Felipe Alves, o goleiro que saiu da zona leste de São Paulo para conquistar o coração do Tricolor de Aço. Felipe tem uma participação tão intensa numa partida que confunde aqueles que ainda acham que futebol se resume a 10 correndo atrás da bola e um defendendo. Faz tempo que não é mais assim e o goleiro é parte fundamental de um sistema de jogo. Para alguns esse é o chamado futebol moderno, mas para mim continua sendo apenas futebol. Que evoluiu, sim, principalmente ao colocar o goleiro como parte importante da construção ofensiva de uma jogada. Felipe Alves faz isso com maestria desde sempre. Mas Felipe Alves não joga com os pés, joga com a cabeça. A cada bola que chega aos pés do goleiro do Fortaleza, uma série de informações são mapeadas por ele, de tudo o que foi treinado ao longo da semana, de tudo o que vem se acumulando em meses e meses de exaustivas repetições. E daí vem uma ação sempre pensando em progredir, em quebrar as tais linhas que exaustivamente os técnicos repetem nos dias de hoje Por isso, quando você pega um chute do meio-de-campo como na partida Sport e Fortaleza, pelas quartas-de-final da Copa do Nordeste de 2020, pode achar que algo estava errado. Felipe Alves vai até a sua intermediária e tenta encaixar um passe na intermediária do Sport, mas a bola é interceptada e em seguida vem o chute de longa distância. Não foram mais do que quatro segundos de tirar o fôlego entre a batida na bola e a defesa do Homem de Gelo, que se recuperou com uma defesaça. Quem é goleiro sabe que Felipe tinha plena consciência do que estava fazendo: o salto em direção não foi para sair na foto, mas para que a mão paralela ao solo conseguisse amortecer a bola, que quicou na área à espera do abraço seguro. Você pode até esbravejar que esse é um risco desnecessário. E eu pergunto: quando não é quando se quer ganhar um jogo? Existem riscos desnecessários e calculados. Felipe Alves não joga adiantado. Ele é a superioridade numérica de times com as características que Fernando Diniz e Rogério Ceni gostam. E se a canhotinha chama tanto a atenção em Felipe Alves, o que dizer das mãos? Pergunte a qualquer torcedor do Leão do Pici, campeão da Copa do Nordeste em 2019 e bicampeão estadual em 19 e 20, quantas defesas decisivas ele vibrou com Felipe Alves? Lembro de uma no Allianz Parque, um chute de Dudu da entrada da grande área; a bola saindo do goleiro e indo lá na direção do ângulo direito do goleiro. Felipe Alves se estica e com a mão trocada espalma para escanteio, como se fosse possível incorporar Velloso, o goleiro que vestiu a camisa do Palmeiras nos anos 1990 que tinha como marca registrada essa defesa com a mão trocada. E Felipe Alves joga com a camisa 12, que no alviverde era de São Marcos. O Fortaleza tem uma identidade de jogo e Felipe Alves tem a personalidade única dos que são únicos no futebol. Por isso, se você ouvir alguém falar que Felipe Alves é mais pés que mãos, desconfie. Ele é muito mais que isso: cabeça, mãos e pés.

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Felipe Alves: cabeça, mãos e pés

Texto na íntegra de Marcio Kroehn: Felipe Alves: cabeça, mãos e pés. Não existe nada mais errado no futebol do que falar que goleiro joga adiantado - da mesma maneira que nenhum goleiro termina o aquecimento pré-jogo, olha para o horizonte e pensa: ‘hoje vou receber a bola do meu zagueiro, esperar o atacante e dar um drible seco nele. Se vier afobado ainda jogo a bola entre as pernas e pergunto se veio de garfo em dia de sopa’. Assim como o drible é um recurso e não uma loucura do goleiro, o posicionamento dele em campo depende muito da maneira como a equipe joga. Escrevo essas palavras e lembro de Felipe Alves, o goleiro que saiu da zona leste de São Paulo para conquistar o coração do Tricolor de Aço. Felipe tem uma participação tão intensa numa partida que confunde aqueles que ainda acham que futebol se resume a 10 correndo atrás da bola e um defendendo. Faz tempo que não é mais assim e o goleiro é parte fundamental de um sistema de jogo. Para alguns esse é o chamado futebol moderno, mas para mim continua sendo apenas futebol. Que evoluiu, sim, principalmente ao colocar o goleiro como parte importante da construção ofensiva de uma jogada. Felipe Alves faz isso com maestria desde sempre. Mas Felipe Alves não joga com os pés, joga com a cabeça. A cada bola que chega aos pés do goleiro do Fortaleza, uma série de informações são mapeadas por ele, de tudo o que foi treinado ao longo da semana, de tudo o que vem se acumulando em meses e meses de exaustivas repetições. E daí vem uma ação sempre pensando em progredir, em quebrar as tais linhas que exaustivamente os técnicos repetem nos dias de hoje Por isso, quando você pega um chute do meio-de-campo como na partida Sport e Fortaleza, pelas quartas-de-final da Copa do Nordeste de 2020, pode achar que algo estava errado. Felipe Alves vai até a sua intermediária e tenta encaixar um passe na intermediária do Sport, mas a bola é interceptada e em seguida vem o chute de longa distância. Não foram mais do que quatro segundos de tirar o fôlego entre a batida na bola e a defesa do Homem de Gelo, que se recuperou com uma defesaça. Quem é goleiro sabe que Felipe tinha plena consciência do que estava fazendo: o salto em direção não foi para sair na foto, mas para que a mão paralela ao solo conseguisse amortecer a bola, que quicou na área à espera do abraço seguro. Você pode até esbravejar que esse é um risco desnecessário. E eu pergunto: quando não é quando se quer ganhar um jogo? Existem riscos desnecessários e calculados. Felipe Alves não joga adiantado. Ele é a superioridade numérica de times com as características que Fernando Diniz e Rogério Ceni gostam. E se a canhotinha chama tanto a atenção em Felipe Alves, o que dizer das mãos? Pergunte a qualquer torcedor do Leão do Pici, campeão da Copa do Nordeste em 2019 e bicampeão estadual em 19 e 20, quantas defesas decisivas ele vibrou com Felipe Alves? Lembro de uma no Allianz Parque, um chute de Dudu da entrada da grande área; a bola saindo do goleiro e indo lá na direção do ângulo direito do goleiro. Felipe Alves se estica e com a mão trocada espalma para escanteio, como se fosse possível incorporar Velloso, o goleiro que vestiu a camisa do Palmeiras nos anos 1990 que tinha como marca registrada essa defesa com a mão trocada. E Felipe Alves joga com a camisa 12, que no alviverde era de São Marcos. O Fortaleza tem uma identidade de jogo e Felipe Alves tem a personalidade única dos que são únicos no futebol. Por isso, se você ouvir alguém falar que Felipe Alves é mais pés que mãos, desconfie. Ele é muito mais que isso: cabeça, mãos e pés.
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