Meio século do «Especial»: O ‘grand slam’ de títulos
Quando saiu de
Portugal, em 2004, José Mourinho tinha os objetivos de carreira bem delineados: completar o grand slam de títulos, ou seja, ser campeão nas três ligas mais importantes da Europa: Inglaterra,
Espanha e Itália. Para além disto, já de si uma tarefa hercúlea – não para Mourinho, como se provou -, o técnico português perseguia mais duas
Champions para se tornar o primeiro a vencer a prova por três clubes diferentes; está quase...
Em Stamford Bridge nasce o «Special One»
Foi em Inglaterra, segundo o próprio, que José Mourinho mais apreciou e amou o futebol. Chegou ao milionário
Chelsea de Abramovich em 2004/2005 e terminou de imediato com um jejum
blue que levava 50 anos. Venceu a
Premier League no ano de estreia, juntando-lhe ainda a Taça da Liga inglesa, com um triunfo, por 3x2, sobre o
Liverpool. Foram os primeiros títulos do «
Special One» em Inglaterra.
No ano seguinte, a mesma receita na Premier League;
Chelsea campeão e vencedor da Supertaça inglesa, com um triunfo por 2x1 sobre o
Arsenal. Mourinho ficava a um troféu de conquistar tudo – a prestigiante Taça de Inglaterra -, que chegaria na última época completa do português em Stamford Bridge, em 2006/2007; o
Chelsea batia na final o
Manchester United por 1x0, no último troféu de Mou em Inglaterra. Nessa época perdeu o título para os
red devils e com a época seguinte em curso chegava o adeus aos blues.
«Il Speciale» conduz o Inter ao topo do futebol europeu
De Itália, José Mourinho guarda essencialmente a conquista da Liga dos Campeões no comando do FC
Internazionale, em 2009/2010. Também aqui, o treinador português ajudou a colocar um ponto final numa «seca» que durava há 45 anos; a segunda
Champions de Mou – a terceira do
Inter – chegou na segunda época em Itália, numa final decidida com dois golos de Diego Milito sobre o FC
Bayern München, no… Santiago Bernabéu. Sobre isso, mais à frente.
À Liga dos Campeões, «
Il Speciale» juntou dois títulos da Serie A (2008/09 e 2009/10) ao currículo, bem como uma Taça de Itália e uma Supertaça. Portanto, ficava a um título de campeão de completar o grand slam de carreira, que chegaria em
Madrid, a próxima estação de José Mourinho.
O Real Mourinho contra a hegemonia catalã
Madrid, Santiago Bernabéu,
Real Madrid. Eis a mais recente aventura de José Mourinho na incessante busca de títulos, glória e polémica. Se em Itália ficaram célebres as discussões com os jornalistas, em
Espanha a relação entre ambos os lados é, inquestionavelmente, mais acentuada, talvez pelo incómodo de um lusitano a ditar as regras no mais famoso e bem-sucedido clube do Mundo.
Pois bem, foi com Mourinho ao leme que o
Real Madrid colocou um ponto final no domínio de quatro anos do
Barcelona na Liga espanhola; em 2011/2012, o técnico português conduziu os merengues ao topo do futebol espanhol e fechou, em termos pessoais, o grande sonho a que se tinha proposto quando deixou o
FC Porto, em 2004: ser campeão nos três países mais importantes no futebol europeu.
Done, special one!
Que antes tenha ganho uma Taça do Rei e depois uma Supertaça (ambas ao super-poderoso
Barcelona), apenas serve de confirmação à inquestionável dimensão de José Mourinho: aos 50 anos de vida ganhou tudo o queria ganhar em todo o lado onde queria. Faltará a terceira Liga dos Campeões, que a ser conquistado num terceiro clube, o poderá colocar num patamar sem paralelo no futebol europeu.
Todavia, na última época na
Casa Blanca não repetiria o sucesso. Desde cedo afastado da discussão do título, viu a contestação crescer com o passar dos meses. As zangas com Ramos,
Pepe e principalmente Iker Casillas, deixaram marcas e «feriram de morte» a relação com clube e adeptos.
A eliminação na meia-final da
Champions, depois de uma humilhante goleada sofrida em Dortmund, selava o seu destino em
Madrid. Mas seria a inesperada derrota na final da Taça do Rei - ainda para mais em casa - contra o rival Atlético de
Madrid, que espoletou o processo de desvinculação.
Florentino deu uma conferência assumindo o fim do casamento e Mourinho ficou livre para escolher o novo clube. Abramovich não perdeu tempo e chegou a acordo com o Special One, para este voltar a uma casa onde já foi muito feliz.
É verdade, nunca venceu uma Taça ##Intercontinental (ou Mundial de Clubes) porque saiu sempre antes de a poder disputar; e perdeu uma Supertaça europeia, ao serviço do
FC Porto, frente ao AC
Milan.
Peanuts, como se diz na gíria. Parabéns, Mourinho.