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    França 1938

    França 1938

    Texto por João Pedro Silveira
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    No ano de 1938 ninguém ainda podia imaginar o terror e a destruição, que no ano seguinte se iriam abater sobre a Europa e o resto Mundo.

    Se bem que não houvesse ainda uma ideia da devastação que se iria abater sobre o mundo e da enormidade de mortos – tanto civis como militares – num conflito que pela primeira vez seria disputado em todos os continentes, um observador atento já podia identificar sinais do que podia vir a caminho…

    Em 1936 a Espanha tinha-se envolvido numa sangrenta guerra civil – que se arrastaria até 1939 - entre Republicanos e Nacionalistas; enquanto em 1938 a Alemanha Nazi anexava a Áustria, berço de Adolf Hitler.

    Como tal, a Espanha de Zamora e a fantástica Áustria de Mathias Sindelar - que se tinha qualificado no campo – ficaram fora da competição.

    E a verdade é que não houve ausências apenas por motivos políticos. O Uruguai e a Argentina ausentaram-se sobre forma de protesto, dado que a FIFA não deu seguimento à política de alternar a organização da competição, entre os continentes europeu e americano.

    Outra ausência notada foi a selecção da Inglaterra que continuava vários patamares acima da concorrência e que achava o campeonato do mundo uma competição menor.

    Sendo assim, o Mundial de 1938 foi disputado em França, por 16 nações que vieram de três continentes, naquele que foi o Mundial mais europeu de sempre.

    As estreias ficaram a cargo das Índias Orientais Holandesas – hoje em dia é a Indonésia, primeiro país asiático a participar num mundial - Cuba, Polónia e Noruega.

    De fora da Europa, além de Cuba e das Índias Orientais Holandesas, era também o Brasil que juntamente com a França, a Roménia e a Bélgica eram à data as únicas selecções que tinham marcado sempre presença num Mundial.

    Dois anos antes, nas Olimpíadas de Berlim, a Itália comandada pelo brilhante Vittório Pozzo tinha dado seguimento ao título mundial de 34 com a vitória no torneio olímpico. Sem a presença da Áustria, com a ausência dos rivais do Mar del Plata - Argentina e Uruguai, o favoritismo ia directo para os campeões do Mundo, logo secundado pelos “artistas” brasileiros, pela renovada Mannschaft que era agora a selecção da Grande Alemanha e pela equipa da casa.

    Logo nos oitavos de final a Alemanha - reforçada com meia selecção da Áustria – empatou 1-1 com a neutral mas “combativa” Suíça.

    Cinco dias depois, disputou-se um segundo jogo para desempate, o próprio Hitler acompanhou as incidências da partida através do rádio. Os alemães entraram bem e facilmente chegaram a 2-0, e o Führer achou que não havia necessidade de ouvir o resto da partida, tendo pedido que o informassem apenas do resultado final.

    O problema é que os suíços viraram o jogo para 4-2 e eliminaram os alemães do mundial, e por certo ninguém invejou aquele que foi o portador de tão inesperada notícia ao líder germânico.

    E depois da eliminação da Alemanha as surpresas continuaram com a vitória dos cubanos sobre a selecção romena. Ainda nos oitavos de final o destaque vai para o jogo entre a Polónia e o Brasil que os canarinhos venceram por 6-5. Neste jogo destacaram-se Leonidas e Willimowski que com 4 golos cada, tiveram um confronto pessoal dentro do próprio jogo.

    Nos Quartos de Final no Estádio Colombes em Paris – aquele mesmo da cena final do filme “Fuga para a vitória”, a equipa da casa defrontou os campeões do mundo e perdeu por 3-1. Noutro jogo, a Hungria que já tinha “despachado” as Índias Orientas com um claro 6-0, eliminaram agora a surpreendente Suíça e a sua táctica inovadora do “ferrolho” que tão bom resultado tinha apresentado.

    Ainda nos quartos de final, a Suécia esmagou Cuba por 8-0, enquanto o Brasil eliminou a Checoslováquia após jogo de desempate.

    Nas meias-finais a Hungria deixou a Suécia pelo caminho, enquanto em Marselha, o Brasil fez descansar a sua estrela- Leónidas - para o jogo da final, tentando assim recupera-lo de uma lesão sofrida nos quartos de final.

    Mas num jogo muito disputado, os brasileiros foram incapazes de travar os campeões mundiais, perdendo por 1-2.

    No dia 19 de Junho no Estádio Colombes a Squadra Azurra comandada pelo grande Giuseppe Meazza, muito bem secundado por Piola - autor de 2 golos na final - e por Ferrari, bateu uma corajosa Hungria por 4-2.

    A Itália de 38 provava ao mundo que podia ser campeã sem “ajudas” e para o panteão do futebol entravam vitaliciamente nomes como os de Meazza, Piola, Ferrari, Schiavi ou o do treinador Vittório Pozzo.

    Pouco mais de um ano depois o Mundo iniciava-se a II Guerra Mundial, quando o exército alemão dava início a Blitzkrieg e invadia a Polónia.

    O Campeonato do Mundo só voltaria em 1950…

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