Em condições climatéricas complicadas, e sob forte pressão pela situação classificativa, o FC Porto passou com êxito em São Miguel, à conta de um belo golo de Luis Díaz, claramente um raio de sol num jogo carregado de cinzento. No final da época, ninguém se lembrará de algo mais destes 90 minutos do que esse momento, mas estes são daqueles jogos que, não dando para jogar bem, importa ganhar. E os dragões conseguiram-no. Além de terem assegurado presença na final-eight da Taça da Liga.
Uma bicicleta a cortar o vento
Percebeu-se, logo ao abrir o cenário de São Miguel, que não seria apenas um adversário que cada equipa ia ter pela frente. Não era um temporal, mas havia vento forte, que na primeira parte soprou contra o FC Porto, e alturas de chuva. Também por isso, sem que tenha sido culpa exclusiva, a primeira parte não teve grande qualidade.

Em parte, isso foi conseguido. Os dragões construíram muito pouco de relevante e foi por segundos que Daniel Ramos não chegou ao intervalo com a sensação de missão parcialmente cumprida. Não aconteceu porque, nos descontos, Luis Díaz fez um golo de belo efeito, após uma arrancada de Manafá pela direita, e desamarrou um jogo em que os picos de emotividade foram num golo anulado a Grujic, num possível penálti sobre Otávio e, antes do apito inicial, no minuto de silêncio que, pela proximidade temporal, trouxe Vítor Oliveira à memória - ainda que a importância de Maradona e Reinaldo Teles seja enorme.
Contudo, a ir para os balneários era Sérgio Conceição quem levava o sorriso, numa vantagem que tinha sido possível mesmo com a pouca distância temporal em relação ao jogo europeu de Marselha, do qual só Marega saiu, rendido por Taremi (pouco ou nada conseguiria fazer para justificar a aposta).
Nada, nada, nada
Com o vento favorável, e com o lado psicológico superior - ou, pelo menos, assim devia ser, porque o momento é bom - esperava-se uma segunda parte de confirmação portista, para uma gestão mais larga de Conceição (o City está a chegar). Só que não foi assim.

A arte de bem defender por parte dos dragões deve ser enaltecida, claro, até porque as oportunidades foram poucas e, nesse aspeto, era a equipa forasteira quem beneficiava. Mas, se a primeira parte tinha sido pobre na produção ofensiva, a segunda foi um deserto autêntico.
Valeu o golo, o tal golaço de Díaz, a colorir um jogo muito cinzento, que não valeria o bilhete, mas que rendeu três pontos ao FC Porto. E, para quem quer ser campeão e está atrás na classificação, nada mais pode importar.