Não houve medidas de contenção de golos em vésperas de réveillon. O último jogo da Liga NOS em 2020 foi de grande qualidade e teve um placard a mexer por cinco vezes, culminando numa muito difícil vitória para o FC Porto, que esteve por duas vezes em desvantagem na visita ao Vitória SC mas conseguiu a reviravolta à segunda tentativa, com o último golo a surgir já aos 80 minutos.
Rochinha e Estupiñan deixaram por duas vezes os dragões em apuros, mas a equipa de Sérgio Conceição marcou duas vezes por Mehdi Taremi e uma por Luis Díaz, que tinha entrado logo aos 32 minutos depois de Romário Baró ter escapado a uma expulsão.
Os dragões conseguiram escapar, vencer e cumprir o objetivo de igualar os triunfos dos rivais diretas nesta jornada. Já os vitorianos caíram de pé, perante um resultado muito difícil de digerir.
Vitorianos à espera dos erros
Os dragões procuravam fechar um grande ano a nível desportivo com chave de ouro, numa visita de alto grau de dificuldade e com a condicionante de não terem Otávio, uma peça cada vez mais preponderante (e que falta fez o brasileiro aos portistas...). Sérgio Conceição não quis abdicar da nova dupla de ataque composta por Marega e Taremi e limitou-se a procurar um substituto direto para Otávio. A aposta recaiu em Romário Baró, um claro tiro ao lado. O médio estaria apenas meia hora em campo, escapando a uma expulsão que se justificaria e sendo substituído de pronto.
Em casa jogava um Vitória SC vindo de três triunfos consecutivos na Liga e a repetir a fórmula da goleada nos Açores, embora com muitas diferenças na abordagem ao jogo, porque o adversário era muito diferente. Os vitorianos passaram boa parte do tempo a espreitar erros da equipa portista e tal deu frutos muito cedo, quando Uribe errou completamente um passe e Rochinha aproveitou da melhor forma, driblando o colombiano, chutando de meia distância e vendo a bola bater na cabeça de Diogo Leite (a ocupar o lugar do lesionado Mbemba) e enganar Marchesín. Íamos ainda no sétimo minuto.
Contra três antigos dragões - Jorge Fernandes, André André e Ricardo Quaresma -, a equipa de Sérgio Conceição via-se em desvantagem cedo e tardava em encontrar os caminhos para a baliza de Bruno Varela. A pressão perante a construção adversária era eficaz, mas a equipa atacava de forma desequilibrada: Baró tentava fazer de Otávio mas não conseguia ajudar em simultâneo à esquerda e no centro, como o brasileiro tão bem faz, e o corredor esquerdo pertencia quase em exclusivo a Zaidu. Resultado: os ataques eram pela direita, onde estava Corona e onde Gideon Mensah ficou condicionado por um amarelo bastante cedo.
O golo vitoriano não bastou para acordar os dragões, o que viria a ter esse efeito foi a dupla substituição lá para os 30', quando Pepe saiu em dificuldades físicas (rendido por Sarr) e Baró saiu depois do tal lance que poderia bem ter dado expulsão. Entrou Díaz e o FC Porto ganhou a acutilância ofensiva que por tanto tempo não teve, equilibrando-se por fim. Dessa forma, os dragões cresceram no jogo até ao intervalo e no melhor momento portista chegaram mesmo ao empate, com Oliveira a fazer um passe longo e Marega a tocar para o encosto de Taremi.
Reviravolta em cima do réveillon
Os vitorianos agradeciam o intervalo, que tinha chegado pouco depois da primeira aparição de Quaresma - remate colocado que não passou longe -, mas teriam mais um problema pouco depois de arrancar o segundo tempo, com a lesão de Jorge Fernandes para entrada forçada de Suliman. Ainda assim, foi pouco depois desse momento que a equipa de João Henriques recuperou a vantagem, com Quaresma a aparecer de forma mais eficaz contra o antigo clube: excelente cruzamento e desvio de um Estupiñan em grande momento goleador.
Dessa vez não foi preciso esperar muito para ver a resposta portista e a grande diferença deu pelo nome de Luis Díaz, decisivo no flanco esquerdo a servir Taremi para o bis do iraniano. Já para o último e decisivo golo foi preciso esperar até aos 80', com Díaz ainda mais decisivo: como na Supertaça, foi de uma jogada de iniciativa e conclusão do colombiano que apareceu o golo que fecharia o marcador, recompensando a equipa que mais procurava o golo nessa fase.
No fundo, um FC Porto superior ao adversário mas a precisar de sofrer muito para contrariar a grande dose de eficácia dos vitorianos. Os dragões conseguem, a custo, manter a distância para os principais rivais nesta viragem do ano.