Um final inglório para um jogo do qual o Benfica não merecia sair com o peso de uma derrota tão pesada. A equipa de Jorge Jesus bateu-se a muito bom nível com o Bayern de Munique e até obrigou Neuer a duas defesas espetaculares, mas os bávaros mostraram que são mesmo de outro Mundo e o golaço de Sané, de livre, mudou por completo o jogo. Do golo pé esquerdo do alemão ao 0x4 bastaram 12 minutos. Quando há equipas deste nível a jogar a este nível, não há muito mais a fazer.
Antes da partida, a notícia foi que Nagelsmann não ia estar presente devido a uma indisposição que o obrigou a ficar no quarto do hotel, mas o técnico alemão esteve bem presente na forma de jogar do seu Bayern. Sem armas para se bater de igual para igual com os alemães, Jorge Jesus, tal como prometido, apostou numa equipa de ataque, mas com uma postura mais cautelosa, ainda que não deixasse de pressionar alto quando possível e tivesse criado perigo.
No fundo, o Benfica tentava atacar e ser perigoso, mas com menos risco do que noutro tipo de jogos porque o adversário não era um qualquer. Os encarnados atacavam com menos jogadores do que o habitual, mas Darwin, Rafa e Yaremchuk foram importantes para respirar e para mostrar ao Bayern que, neste grupo, talvez o maior adversário seja o Benfica e não o Barcelona.
Apesar da excelente exibição das águias, as ocasiões de perigo passaram muito mais pela baliza de Vlachodimos, que nos primeiros minutos foi obrigado a boas intervenções na sequência de cruzamentos. Os encarnados sentiram dificuldades para bloquear os corredores e com André Almeida a titular, Coman, uma das surpresas no onze bávaro, foi um quebra-cabeças até à saída do lateral por lesão.
Num jogo muito aberto, dava a sensação que o golo podia mesmo acontecer em qualquer baliza. Num contra-ataque, Darwin fez lembrar que na baliza do Bayern de Munique estava um monstro que irá certamente ser recordado depois do final da carreira. No meio-campo oposto, Sané ia mostrando que, como Jorge Jesus esperava, era um jogador muito difícil de marcar, aproveitando o espaço entrelinhas para criar todo o tipo de problemas aos encarnados.
Claro que, atendendo à qualidade e número de oportunidades do Bayern, não podemos dizer que o que veio a acontecer na segunda parte fosse totalmente injusto para os encarnados, mas a verdade é que até certo ponto deu mesmo a sensação que o Benfica podia arrancar um ponto deste jogo.
Os postes da baliza de Vlachodimos começaram por perder e os bávaros tiveram mais um golo anulado - Lewandowski já tinha marcado com o braço na primeira parte - após jogada brutal de Coman, mas também nesse período apareceu a grande ocasião para o Benfica. E não temos dúvidas, o jogo teria sido totalmente diferente.
Diogo Gonçalves, a aproveitar o espaço nos flancos que se sabia que o Bayern ia dar, mostrou confiança para um remate forte e que tinha o destino das redes alemães, só que o guardião do portão é um tal de Manuel Neuer. Se a defesa no lance de Darwin foi espetacular, a segunda parecia retirada de um filme, numa filmagem em câmera lenta com o internacional alemão a esticar a mão no momento certo e a segurar o Bayern. Um talento na baliza, mas, para azar do Benfica, havia mais talento além de Neuer.
Sané, muito em jogo na primeira parte mas mais apagado no segundo tempo, mostrou esse talento. De livre, o pé esquerdo do alemão fez tombar os encarnados. Jorge Jesus ainda tentou fazer erguer a sua equipa, mas o esforço daqueles primeiros 70 minutos pesou. O Benfica não merecia o autogolo de Everton, o de Lewandowski e o bis de Sané.
Os minutos finais foram duros, mas o que se passou antes mostra que este Benfica pode mesmo seguir em frente na Liga dos Campeões. Quanto ao Bayern, só temos mais uma coisa a dizer: É de outra galáxia.
Para qualquer adepto de futebol que estivesse a assistir a este jogo sem apoiar qualquer equipa, esta foi uma partida deliciosa. Para isso contribuíram e muito os protagonistas. De Sané a Rafa, passando por Neuer e Vlachodimos, foi mesmo uma noite de estrela num dia de Champions. Maravilhoso.
O Benfica caiu e caiu fundo. O golo de Sané foi um golpe demasiado duro para os encarnados, que no espaço de 12 minutos sofreram mais três golos. Um período difícil para os homens de Jorge Jesus.