No meio de muita chuva, a gota da felicidade caiu para o SC Braga (0-1) e pode, em sentido contrário, significar também a última gota de Daniel Ramos no comando técnico do Arouca. Apesar da partida muito competente, o emblema arouquense - que já não vence desde a primeira jornada do campeonato - permanece na última posição da tabela e a vida não está nada fácil para o técnico luso...
Do lado visitante, o SC Braga, com este resultado, aproveita a queda do Vitória SC para cimentar a quarta posição e, não menos importante, pode ver o dérbi com tranquilidade.
Em relação ao jogo, com a necessidade de uma mudança significativa (e imediata) Daniel Ramos iniciou a partida num 4-3-3 - entrou Milovanov, David Simão e Weverson diretamente para o 11. Do lado bracarense, Artur Jorge - em relação ao último jogo do campeonato -, optou por trocar a dupla de médios - Al Musrati e Zalazar -, e fez entrar André Horta e Moutinho.
Decisão e talento: a diferença esteve aí nos primeiros 45 minutos, que acabaram por ser muito bem disputados. Do lado da casa, Daniel Ramos - bem no plano estratégico - conseguiu anular o jogo interior bracarense e deu liberdade para o trio de ataque aproveitar os espaços nos corredores. Assim foi, mas a eficácia foi pouca e os fantasmas do passado recente voltaram a pairar em Arouca.
Mujica foi o primeiro a avisar já dentro da área - boa intervenção de Matheus -, mas foi Jason Remeseiro quem teve - no pé direito - a melhor oportunidade do primeiro tempo para o conjunto da casa: o espanhol aproveitou um erro na defensiva bracarense e, à entrada da área, disparou com violência para uma enorme intervenção do brasileiro.
Depois... bateu os cruciais 30 minutos. A partir desse momento, Daniel Ramos viu-se com uma contrariedade na defesa - Weverson saiu lesionado e deu o lugar a Yaw Moses -, e - seis minutos depois - viu o SC Braga a finalizar uma bela triangulação: Bruma captou os olhares da defensiva arouquense e assistiu Borja que, de primeira, cruzou para um remate sem hipóteses de Djaló [n.d.r: o melhor é ver].
O talentoso espanhol vacilou na Champions, mas foi rápido a redimir-se.
Segunda parte com uma toada muito semelhante. O Arouca alterou ligeiramente a sua postura - mais pressionante e com uma linha defensiva bem subida -, contudo, foi o SC Braga quem evidenciou-se mais assertivo no último terço. Exemplo disso foi Ricardo Horta que, dentro de área, baralhou dois adversários e, de pé esquerdo, rematou para uma defesa brutal de de Arruabarrena.
Na resposta, o Arouca aproveitou nova descoordenação na linha defensiva minhota e Galovic, em queda, na cara de Matheus, permitiu uma defesa simples do brasileiro.
Até final, o Arouca conseguiu intimidar o SC Braga - Mujica falhou sempre na 'hora h' -, mas faltou discernimento no momento da definição, o que facilitou a tarefa do conjunto de Artur Jorge.
Apesar de apresentarem ambições muito diferentes, tanto Arouca como SC Braga protagonizaram um espetáculo positivo, principalmente tendo em conta o relvado - principal fator negativo da partida -, sendo que, ao longo dos 90 minutos, ambas as equipas partilharam o «comando» do jogo.
Como se diz em bom português: «estava um autêntico batatal». Muito complicado jogar (bom futebol) num campo com tantos «buracos» e com tantas deficiências. Um fator negativo que motivou - por vezes - um jogo mais direto por parte dos jogadores.
Exibição tranquila de João Gonçalves e sem grandes erros a apontar. Acabou por gerir bem o jogo.