À partida não ia ser, depois perfilou-se para ser, a seguir começou por não ser, mas acabou por ser. A cabeça de Petar Musa deve ter andado à roda várias vezes nos últimos dias, depois da saída de Gonçalo Ramos, mas conseguiu ter capacidade para se distinguir na Supertaça, mesmo sem começar de início. Porque, com ele (depois do intervalo), o Benfica conseguiu ser fiel à sua identidade, algo que não acontecera até então, e assim bater o FC Porto, na 45.ª edição da Supertaça.
Os portistas foram bastante melhores em boa parte do primeiro tempo e rapidamente à memória terão chegado as muitas demonstrações de superioridade contra o grande rival. De um lado e do outro. Só que, depois de evitar a custo o golo portista, o conjunto de Schmidt teve capacidade para virar o tabuleiro a seu favor, com uma segunda parte muito bem conseguida.
Numa Supertaça em que as águias têm 11 derrotas com o FC Porto, eis a segunda vitória. Numa prova em que Vítor Paneira tinha sido o último benfiquista a marcar aos dragões, eis que Di María regressou para acabar com a malapata. Num jogo globalmente interessante, muito intenso, com bastantes cartões, Pepe e Sérgio Conceição acabaram a dar uma má imagem, quando expulsos.
Ao fim de 12 minutos, eram já quatro lances ofensivos concretos, quase sempre pela esquerda, onde Galeno e Zaidu espremeram Bah até ao limite. Porquê? Provavelmente, pelo pouco apoio defensivo que Di María aí deu, o que várias vezes deixou o lateral descompensado. A toada continuou, com recuperações de bola muito intensas a meio-campo e ataques rápidos, várias vezes com número de jogadores igual ao que defendia do outro lado.
Tanto ascendente não foi correspondido no marcador e, como é natural, a equipa de Sérgio Conceição teve depois de recuperar o fôlego.
No último quarto de hora houve mais Benfica, com solicitações a Di María, ainda que tal período não tenha sido tão ascendente como tinha sido o período portista até então. E, por ter essa mesma sensação, Roger Schmidt foi ao banco ao intervalo para dar Musa ao jogo e, assim, dar mais lógica ao jogo da equipa - que tentara vários cruzamentos e jogo direto para a frente sem que houvesse alguém possante para segurar a bola.
Um Benfica à sua imagem foi, imediatamente, um Benfica muito mais confiante e seguro de si. E os dividendos foram notórios, mas, ao contrário do que tinha feito o adversário, com efeitos práticos. O próprio Kokçu melhorou bastante e, no seu todo, as águias subiram no campo.
Poder-se-ia pensar que a tentação seria recuar e dar iniciativa aos dragões, só que foi precisamente o oposto: o Benfica manteve a bola, elevou a confiança e dominou por completo o adversário, que perdeu o sentido e que não melhorou com as substituições.
O jogo podia ter acabado bem, mas não. Pepe foi expulso por perder a cabeça, Sérgio Conceição também viu vermelho e fez finca-pé por quase cinco minutos para deixar o banco.
Até aos golos, o Benfica praticamente não teve oportunidades de golo e não conseguiu entrar na área portista com a bola em condução. Por isso, foi fundamental que, quando tal aconteceu, quem apareceu na zona de finalização teve a clareza para saber finalizar.
Sérgio Conceição protestou de forma veemente e foi expulso, mas recusou-se a sair do banco. Luís Godinho pediu a Marcano (capitão, depois da expulsão de Pepe) que intercedesse, mas mesmo assim tal não aconteceu. Foram cinco minutos completamente desnecessários por parte do treinador portista, que tanto já ganhou e que tanto sucesso tem, mas que não soube estar à altura.