Portugal está nos quartos de final do Euro Sub-21! Com muito coração e pouca tranquilidade de jogo - apanágio desta campanha -, a equipa das Quinas venceu a Bélgica por 2-1, alinhou agulhas com o conveniente empate entre georgianos e belgas e marcou duelo com a Inglaterra no primeiro mata-mata da prova. Uma nova oportunidade para nos fazer sonhar... com o mesmo espírito de soldado, mas bem menos sofrimento, de preferência.
A circunstância pedia a maior das concentrações aos jogadores portugueses, mas o primeiro minuto deve ter causado a uma vertigem de sensações no espetador luso. Ainda o relógio não tinha batido no primeiro minuto e o trauma das primeiras duas exibições parecia reencarnar no mais determinante dos jogos.
Uma perda de bola de Samú Costa deixou o golo à mercê de Lois Openda, mas o temível avançado do Lens teimou em manter a seca na competição. Primeiro, ao acertar em cheio no poste da baliza de Celton Biai, permitindo, na recarga, a primeira grande parada ao guardião português.
A resposta não demorou a chegar por uma das figuras da companhia lusa: Pedro Neto furou o último terço belga, como se tivesse via verde na matrícula, mas o forte disparo impactou nas luvas de Maarten Vandevoordt.
O mote parecia lançado e, embora as situações não mais surgissem com o mesmo fulgor, o espaço entre as linhas de meio-campo e defensiva de ambas as seleções eram o néctar a ser explorado.
Com mais pressa face ao cenário, a equipa das Quinas ultrapassou a pressão do miolo belga - as ações de Matazo sobressaíram - e a chegada à referida zona-chave começou a surgir. Por essa altura, Fábio Silva assustou, valendo novamente os reflexos do guarda-redes belga.
Ao perceber as dificuldades, a Bélgica compactou setores, baixou o ritmo do desafio e atacou pela certa. A mudança de paradigma quase surtiu efeito, não tivesse Balikwisha permitido nova parada importante a Celton Biai.
Com o resultado entre a Geórgia e os Países Baixos favorável às contas lusas, Portugal regressou sem receios, partiu para cima da Bélgica e retirou os frutos dessa postura.
Fábio Silva deixou a bola a pairar em cima da linha de golo, numa espécie de aviso para a ação desenvolvida à esquerda - movimento insistentemente procurado pelo avançado - que esteve na génese da bomba que João Neves artilhou. Por fim, a festa lusa. Era hora de sonhar e não de...recuar.
Precisamente o que viria a acontecer quase de imediato. Rui Jorge fez entrar Diego Moreira para o lugar de um dinâmico Francisco Conceição, mas foi Jacky Mathijssen a ganhar com as entradas de Raskin e Vertessen, bastando quatro minutos para o possante avançado cabecear para a igualdade, numa bela amostra da passividade defensiva evidenciada neste Europeu.
Novamente em situação de eliminação, Portugal mostrou a atitude devida e, apesar de alguns calafrios motivados pela velocidade dos jovens belgas - Openda ainda viria a marcar em posição irregular -, o passaporte para os quartos chegaria da marca dos 11 metros, depois de falta sobre Henrique Araújo.
Na hora da verdade, Tiago Dantas não tremeu e fulminou as redes de Maarten Vandevoordt. No final, a festa da comitiva portuguesa viria a confirmar-se, destoando nitidamente com a azia belga.
O jogo da equipa lusa esteve longe de ser brilhante, mas além da primeira vitória na competição, sentiu-se um ligeiro crescimento nas dinâmicas da seleção. A intranquilidade não desapareceu - sobretudo na retaguarda -, mas fica a boa imagem dada, logo após o golo do empate da Bélgica.
Apesar do crescimento referido, Portugal tarda em debelar a gritante intranquilidade defensiva que continua a revelar. Seja na construção de jogo, ou na defesa a bolas paradas/aéreas, a equipa de Rui Jorge terá de subir de patamar para não voltar a ser surpreendida como nesta fase de grupos.
Sem o auxílio do VAR neste Euro Sub-21, Willy Delajod realizou uma partida equilibrada, tanto a nível da decisão como do critério escolhido para apitar os lances mais disputados. A única falha de relevo surgiu no último lance de perigo da seleção belga, quando Balikwisha tirou partido da posição irregular de um colega para realizar o remate. No lance da grande penalidade sobre Henrique Araújo, mérito para o olho clínico do juiz francês.