Que jogo, caro leitor, (e que eliminatória!). O FC Famalicão apresentou-se cheio de personalidade no Dragão, conseguiu mesmo levar a eliminatória para prolongamento, mas Otávio - com uma bomba de fora de área -, fez explodir o Dragão com um golaço de fora de área.
O jogo (3-2) acabou sublinhado por 90 minutos de ascendente famalicense, mas também pela resiliência portista que nunca desistiu da eliminatória, sendo que, no prolongamento, só deu FC Porto. Destaque ainda para a exibição de Iván Jaime e para os golos de Cádiz e Evanilson.
Em relação à partida - e ao xadrez dos treinadores -, como expectável, Conceição, que igualou o número de jogos de José Maria Pedroto (322!) mudou cinco peças, enquanto João Pedro Sousa alterou sete jogadores em relação ao confronto em Alvalade.
Que início de jogo asfixiante do Famalicão no Dragão. Que personalidade! Em desvantagem na eliminatória, os famalicenses correram autenticamente atrás do prejuízo e não se esconderam do jogo, aliás, bem pelo contrário. Um domínio, diga-se, inesperado, mas apenas sublinhado ao minuto 21 com o golo de Jhonder Cádiz.
O FC Porto, por outro lado, entrou a dormir e também foi culpado pela forma como permitiu os famalicenses galvanizarem-se no jogo. Iván Jaime partiu a loiça toda no último terço e sofreu a falta que deu o primeiro da partida.
Ivo Rodrigues, na sequência de um pontapé livre, cruzou tenso para o coração da área e o ponta de lança venezuelano, à matador, desviou subtilmente para o primeiro.
De repente, a esperança famalicense alcançou novos patamares, não obstante, a partir do golo... tudo mudou.
Com a ajuda do VAR, Manuel Mota assinalou o castigo máximo e Galeno não vacilou. Depois do golo, os dragões estiveram por cima - Toni assustou, Galeno marcou após fora de jogo -, e voltaram a apresentar-se serenos na partida.
Ligados à corrente e - novamente - cheios de personalidade, os famalicenses voltaram a entrar melhor no segundo tempo e Iván Jaime, cedo, prenunciou o que viria a fazer mais tarde. Ao minuto 60, fez dançar a defensiva azul e branca e acertou no poste da baliza guardada por Cláudio Ramos.
O FC Porto, apesar do ascendente contrário, conseguiu recompor-se e, acima de tudo, organizar-se, mas fica a pergunta: que organização é capaz de travar a arte de Iván Jaime?
O artista espanhol encontrou espaço no corredor direito azul e branco - Pepê, responsável pelo corredor, ainda estava a recuperar depois de uma transição ofensiva - e fez o que quis de Fábio Cardoso. Da esquerda para o meio, Jaime disparou rasteiro e colocou a eliminatória na estaca zero.
Até final, Conceição - depois de mudar Manafá e puxar Pepê para lateral - reestabeleceu a ordem na lateral direita com a entrada de Rodrigo Conceição e o jogo aqueceu, mas sem muito a acrescentar sobre futebol.
No prolongamento, o FC Porto foi muito superior - Famalicão limitou-se a defender e a contra atacar -, no entanto, apenas viria a desbloquear a eliminatória com uma bomba de Otávio (que obra de arte!).
O internacional luso, de fora de área, pegou bem na bola e fez explodir o Dragão. Poucos minutos depois a confusão instalou-se - Conceição foi expulso -, e Evanilson, num ataque rápido, matou a eliminatória.
No primeiro tempo, Manuel Mota procurou deixar o jogo seguir e evitar apitar em demasia - algo positivo para o espetáculo - contudo, o critério revelou-se algo incongruente, ainda que sem prejudicar nenhuma das equipas. O árbitro não viu o lance da grande penalidade sobre Uribe, mas depois foi ao VAR e retificou a decisão. Poderia ter exibido segundo cartão amarelo a Pepe por protestos, num lance onde Colombatto ficou deitado no relvado durante algum tempo. Pepe, todavia, já justificou de forma esclarecedora e forte o que aconteceu.
Podia-se destacar um jogador - Iván Jaime, (mais uma) exibição de luxo -, mas a verdade é que este Famalicão fez um dos jogos mais completos da temporada. Jogar no Dragão não é fácil, entrar com esta personalidade, confiança e talento não está ao alcance de muitos.
A lateral direita teima em causar dores de cabeça a Sérgio Conceição. Seja pelas lesões - João Mário estava indisponível -, seja pela quantidade de jogadores que passam por lá. Hoje, foram três os jogadores que passaram pela posição e ficou sempre a sensação que nenhum teve pernas para tapar Jaime.