Nem todos os jogos de um Campeonato do Mundo podem terminar com grandes surpresas (Argentina), ou com grandes tareias (Inglaterra). Estas competições também se fazem de jogos onde o empate tem o sabor de uma vitória e em que a bola não entra. Depois de cinco jogos, o Mundial do Qatar teve assim o seu primeiro nulo, num jogo em que a Dinamarca e a Tunísia olham para o ponto conquistado com olhos diferentes.
Não se pode dizer que o arranque do jogo tenha sido brilhante. A Dinamarca pareceu estar algo «perra» e sem ideias para desbloquear a bem organizada Tunísia, que, por seu lado, fazia da agressividade a principal arma para conseguir retirar iniciativa criativa à seleção europeia.
Posto isto, não foi uma grande surpresa ver a seleção africana a ter melhor futebol nos primeiros 15/20 minutos, ainda que sem claras oportunidades de golo. Essas possibilidades de golo apareceram já numa fase em que a Dinamarca, como se esperava, estava por cima, ainda que o sentido delas não tenha sido o que possa imaginar.
É que, mesmo a ser obrigada a estar mais recuada, a Tunísia criou o principal perigo, com destaque para um golo anulado por fora de jogo e uma defesa monumental de Kasper Schmeichel, negando o remate a Issam Jebali.
Assim, o segundo tempo acabou por ir mais ao encontro do que se imaginou, com a Dinamarca a controlar, mas sem encantar por completo. As oportunidades, essas, foram claras e em dois lances seguidos, aos 69' e aos 70', só não tivemos golos porque Aymen Dahmen e o poste negaram os remates de Christian Eriksen e Andreas Cornelius, respetivamente.
Com o nulo a prolongar-se, com os minutos a passar e com a Dinamarcar cada vez mais por cima, os momentos finais do jogo foram de sufoco europeu, sofrimento africano (mais uma grande defesa de Dahmen) e ainda de VAR, com um possível penálti para os dinamarqueses.
A Tunísia estreou-se com resultado positivo, mas mostrou que as armas para discutir os jogos estão lá. A Dinamarca não colocou nada em causa com este resultado, mas num grupo onde França parece ter tanta vantagem, sobrará apenas um lugar de apuramento.
As histórias dos Mundiais não se escrevem só pelos Maradona's, pelos Messi's ou pelos Pelé's. Também se fazem pelos Issam Jebali's ou pelos Ellyes Skhiri's. Jogadores que sabem que podem igualar todas as estrelas do mundo através da entrega, da raça e da clara vontade de estarem presentes na maior festa do futebol. Por isso, o melhor do jogo é mesmo a Tunísia, pelo seu todo.
A Dinamarca tem mais do que argumentos para vencer esta Tunísia, mas a primeira parte não deu essa ideia. A equipa europeia entrou num ritmo baixo e, mesmo tendo melhorado ao longo dos primeiros 45 minutos, a primeira parte deixou muito a desejar.