Foi uma espécie de «febre de sábado à noite» em Paços de Ferreira, com o Vitória Sport Clube a sair da Capital do Móvel com um triunfo por 1x2. A equipa de Jorge Simão vencia ao intervalo, mas a ousadia de Pepa na segunda parte valeu aos vimaranenses a reviravolta.
O jogo no estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira, começou embrulhado numa linha de um equilíbrio compreensível, à espera que as vicissitudes do mesmo se começassem a manifestar. E nessa expetativa daquilo que poderiam ser as características da partida, foi o Vitória Sport Clube que deu os primeiros sinais perto da baliza de André Ferreira.
Embalados por um Rafa Soares que apareceu especialmente afoito ofensivamente, a equipa de Pepa teve dois momentos relevantes nos quais podia ter ferido os castores. Aos seis minutos, Tomás Händel recebeu um passe atrasado do lateral esquerdo, mas atirou muito por cima. Dois minutos depois foi o próprio Rafa a aparecer em posição de finalização, mas André Ferreira opôs-se com uma excelente defesa.
Sem ser arrasador, o emblema de Guimarães era melhor. Mas o minuto 15 mudou a «cara» do jogo, quando Denilson Jr. viu ser-lhe negado o primeiro golo da noite. O avançado brasileiro marcou depois de uma assistência de Maracás que, no entanto, jogou a bola com o braço na antecâmara da finalização. Depois de largos (demasiados) minutos de João Pinheiro a ver as imagens, o golo seria mesmo invalidado.
No entanto, o momento de infelicidade pacense levou a partida para domínio amarelo. Começou, então, Luiz Carlos a pautar o futebol do Paços com tremenda qualidade, tal como Stephen Eustáquio, que aos 28 minutos tentou alvejar a baliza de Bruno Varela, mas sem sucesso. Seguiu-se um remate de Denilson Jr. para defesa apertada do guardião vitoriano (32') antes do golo, legal, do Paços.
Aconteceu aos 34 minutos e na sequência do pontapé de canto que resultou da defesa anterior de Bruno Varela. Nuno Santos foi quem o bateu da direita do ataque dos castores, Marco Baixinho quem desviou, de cabeça, a bola ao primeiro poste e o incansável Denilson Jr. o responsável por empurrar para a vantagem pacense. Por esta altura, o golo ajustava-se na perfeição à história no relvado.
Com as costas para a parede, Pepa tinha de reagir - e fê-lo. Ao intervalo mudou o sistema - de 4x3x3 para 4x4x2 - e juntou Óscar Estupiñán a Bruno Duarte, tirando Händel para transformar equipa numa «máquina» mais ambiciosa. E resultou. O Vitória SC cresceu a olhos vistos e encostou, a cada minuto que passava, o Paços de Ferreira «às cordas», até que se tornou uma espécie de massacre.
Quase sempre pela esquerda, muito por culpa de Rafa Soares, foram oportunidades em catadupa. Aos 50', 52', 64' e 67 minutos cheirou a golo na baliza de André Ferreira, com destaque para um cabeceamento de Estupiñán e um remate de Bruno Duarte. E, como é sabido, «tantas vezes que o cântaro vai à fonte...» que tanta pressão só podia dar em golo, conseguido por Estupiñán, aos 70 minutos.
A jogada começa com um corte de Borevkovic na esquerda do ataque do Paços de Ferreira que lançou o contra-ataque perfeito finalizado pelo colombiano. Pelo meio, a bola chegou à esquerda a Edwards, que colocou em Bruno Duarte e esse, com excelente visão, deixou para o companheiro de ataque, que de pé esquerdo bateu André Ferreira para o 1x1.
Esperava-se, fruto daquilo que a segunda parte «contava», que a história não ficasse por ali. Houve nova bomba de Rafa Soares que André Ferreira desarmou (77') mas só em cima do minuto chegou a libertação vitoriana. Edwards recebeu na esquerda, temporizou à espera da melhor alternativa que lhe foi oferecida por Bruno Duarte, bem no coração da área. O resto foi só encostar para o 1x2. O resultado manteve-se, mesmo que no desespero final o Paços ainda tenha criado muito perigo num remate de Antunes.
É uma imagem pouco comum neste Vitória SC, o de um 4x4x2 com dois homens de área bem vincados. Pepa, a perder, foi ousado e «desenhou» a sua equipa dessa forma na segunda parte; e o resultado foi perfeito, com a equipa a dominar por completo o Paços de Ferreira e a virar o resultado.
É difícil de compreender que árbitros de primeira categoria demorem cinco minutos a tomar uma decisão com recurso às imagens do VAR. João Pinheiro demorou, demorou e demorou a analisar o golo invalidado a Deni Jr. aos 15 minutos, algo que irritou todos os intervenientes do encontro.
João Pinheiro não teve uma noite propriamente fácil e a coisa não ficou simplificada depois do minuto 15. O golo de Denilson Jr. foi invalidado por mão de Maracás. A decisão até se aceita, mas foi a demora de cinco minutos a ver as imagens que não abona a favor do árbitro da partida.