Está dado o pontapé de saída na preparação do Euro 2020, no que a jogos diz respeito. A seleção portuguesa foi até Madrid para defrontar a Espanha, mas este duelo ibérico não teve espaço para festas e terminou com o mesmo resultado com que começou, o 0x0.
Apesar da crescente qualidade individual à disposição do selecionador, foi mais uma exibição desapontante de Portugal, que foi quase sempre inferior ao adversário. O nulo é possivelmente o melhor resultado que se poderia ambicionar deste jogo, depois de o ver, mas não inspira confiança numa seleção que quer revalidar o título de campeão Europeu.
É difícil tirar positivos do futebol português no Wanda Metropolitano, durante a primeira hora deste primeiro duelo de preparação. Portugal agiu pouco, limitou-se à reação, e pareceu estar a ser mais controlado por Luis Enrique do que por Fernando Santos - algo potencialmente preocupante.
A bola foi de Espanha, não num sentido do tiki-taka de outros tempos, mas de uma equipa que soube controlar todos os momentos do jogo e jogar em qualquer lugar do campo. A dupla de esquerdinos no centro da defesa, o jovem Pau Torres e o estreante Aymeric Laporte, foi a base desse conforto com bola, com ambos a revelar facilidade a queimar linhas lusas tanto em condução como em passe.
A segunda parte foi uma história diferente, pois o facto de nuestros hermanos não terem marcado nos primeiros 15 minutos é algo que só pode ser classificado como milagre, com diversas oportunidades de ouro a serem desperdiçadas por Morata e até Sarabia, de baliza aberta.
Fernando Santos percebeu que tinha de mudar, e fez uso do banco que tinha à sua disposição. Já tinha lançado Pedro Gonçalves ao intervalo, mas aos 60 minutos deu sangue novo ao meio-campo (William e Bruno Fernandes), que ainda reforçaria com Palhinha para que o jogador do Manchester United tivesse licença para subir. Aí sim, chegou uma melhor versão de Portugal.
A subida de rendimento de Portugal, que ainda dispôs de algumas ocasiões e contra-ataques perigosos, fez crer que poderia haver algum lance decisivo na reta final do jogo, mas isso nunca chegou a acontecer.
Aliás, ainda houve tempo para lances de relevo, mas não seriam bem recebidos pelo adepto português caso a bola tivesse entrado, pois pertenceram à equipa da casa. Primeiro, aos 88 minutos, uma enorme defesa de Rui Patrício a manter o nulo, e depois, já nos descontos, Morata conduziu isolado mas pecou na finalização e atirou forte à trave, que ficou a tremer até ao apito final.
Pepe esteve excelente enquanto esteve em campo, pelo menos sem bola. José Fonte igual durante os noventa minutos. Foi esta dupla (aliada a Rui Patrício) que manteve Portugal no jogo até ao fim e que garantiu que uma exibição medíocre não terminou em derrota.
A bola fez muita confusão a Portugal nos primeiros 60 minutos, quando não houve um meio campo com dinamismo suficiente para compensar as fragilidades da construção lusa, o que deu em várias bolas perdidas para a pressão espanhola. Sem bola, Portugal não quis tentar pressionar, e posicionou-se à espera do adversário que teve sempre espaço para queimar linhas em condução e passe.