Foi uma noite inglória para o Sporting em Barcelona. Uma noite de grandes surpresas operadas por Jorge Jesus, mas uma noite onde se voltaram a perceber as diferenças entre uma equipa do topo máximo do futebol, para uma equipa com boas ideias, mas com falta de estofo europeu.
O leão caiu da Liga dos Campeões para a Liga Europa, uma situação que era esperada em agosto (altura do sorteio), mas que o Sporting vendeu cara. Uma derrota por 2x0 em Camp Nou, contra o gigante Barcelona definiu o futuro da equipa de Alvalade.
O sistema do Sporting era de uma dinâmica interessante. Acuña partia de uma posição de defesa esquerdo para fazer a ala, sendo Piccini a ter a missão de jogar a defesa direito e de fechar ao meio, formando uma linha de três, com Coates e o francês Mathieu.
Do lado do Barcelona não jogou o «baixinho», mas também não aconteceu a revolução que se podia prever.
O leão tinha ainda mais um problema e este não se resolveu com o passar dos minutos na primeira parte. Esse problema chamava-se Alan Ruiz. O argentino teve talvez a maior chance da sua carreira de mostrar as qualidades que, com certeza terá. O certo é que o avançado pareceu sempre desinteressado do jogo, faltoso e longe de perceber que como avançado tinha que servir de farol para a equipa, segurando a bola e dando linhas de passe verticais. Fez quase sempre o contrário e por isso quase que podemos dizer que a equipa portuguesa jogou com 10 no primeiro tempo.
No meio de alguns equívocos, alguns lances interessantes de Marcos Acuña e de Bruno César e de alguns remates quase inofensivos de Bruno Fernandes, o Barcelona ia tendo bola. Um jogo menos rendilhado, mais objetivo dos catalães e que resultou em apenas uma grande oportunidade parada por Rui Patrício. Coates ainda estará a tentar perceber como é que o seu compatriota Luis Suárez passou por ele.
Não estranhou ver Gelson Martins e especialmente Bas Dost a aquecer ao intervalo e percebeu-se que dificilmente Alan Ruiz e Ristovski iam voltar dos balneários.
O primeiro momento de explosão no despido Camp Nou aconteceu por volta dos 50 minutos quando Valverde chamou Messi para entrar em campo. Talvez desconcentrados com o duelo de cânticos entre Cristiano Ronaldo e Messi que vinham das bancadas, o Sporting voltou a ser traído numa bola parada, tal como tinha acontecido em Alvalade. Canto na esquerda e Alcácer a antecipar-se a todos para marcar de cabeça.
A Juventus vencia na Grécia e o Sporting perdia em Barcelona. Estavam criadas as condições para que os jogadores verde e brancos perdessem totalmente a concentração no jogo e com Messi em campo as coisas podiam ter-se tornado bem piores. Não foi o que aconteceu e Bas Dost podia e devia ter feito o empate.
O jogo passou a ser de parada e resposta, com Rui Patrício a brilhar no duelo com Messi e com Bas Dost a voltar a falhar. Já nos descontos e com tudo decidido nas contas do grupo (Juventus já vencia por 0x2) o Sporting acabou por sofrer o segundo golo. Um auto-golo de Mathieu após um cruzamento de Messi. O central francês cometeu o erro, mas rapidamente se levantou com o estádio a cantar o seu nome, numa prova de que deixou boas recordações em Barcelona.
O leão caiu de pé, mas caiu. Perceberam-se as diferenças entre as duas equipas, mas também se percebeu que o leão sai de cabeça erguida da Liga dos Campeões. Lutar até à última jornada contra a Juventus não é para todas as equipas e agora segue-se a Liga Europa e um novo sonho...