Ainda há vida - seis pontos em disputa, concretamente -, mas a missão do Paços de Ferreira, de permanecer no principal escalão, complicou-se e muito após a derrota em Chaves por 2-0. Resultado ingrato para turma de César Peixoto, que acabou por ser «carrasca» de si própria ao desperdiçar vários lances de real perigo e ao jogar reduzida a 10 desde o minuto 42. O Chaves aproveitou essa superioridade numérica para, sobretudo no segundo tempo, carimbar o terceiro triunfo consecutivo no campeonato e continuar na parte superior da tabela classificativa. Mais um resultado que abrilhanta uma temporada muito bem conseguida por parte dos homens de Vítor Campelos.
O aperto constante no coração dos castores faz com que cada jogo seja o jogo de uma vida. Neste caso, de sobrevivência. E, pelo menos em atitude, salvo uma ou outra exceção, a formação comandada por César Peixoto tem feito sempre por inverter o mau momento.
A entrada do Paços em Chaves foi de se lhe tirar o chapéu. Pressão alta, intensa e a condicionar a primeira fase de construção do adversário, que maioritariamente criou perigo pelos corredores - Bruno Langa em claro destaque.
Butzke esteve no olho do furacão. Embora ativo, foi demasiado perdulário e, logo a abrir, falhou, de baliza aberta, um «golo cantado». Talvez tenha sido um sinal, até porque, mesmo com uma pequena avalanche, o Paços nunca conseguiu bater Paulo Vítor, uma das principais figuras da partida.
Os flavienses responderam quase sempre por Héctor, espanhol que ganhou, pelo menos no ar, quase todos os duelos aos centrais contrários e incomodou Marafona constantemente. Apesar do domínio, o jogo ficou «estragado» para os visitantes quando Paulo Bernardo, num curto espaço de tempo, recebeu duplo amarelo por duas entradas sobre João Teixeira.
Acabou por ser a guilhotina do próprio Paços de Ferreira, que, embora criando lances - incluindo uma bola ao poste de Maracás - na segunda parte, sofreu com a inferioridade numérica. Aproveitou o Chaves para se superiorizar, acumular oportunidades flagrantes e selar a vitória final: Obiora, de cabeça, e João Teixeira, numa recarga, encaminharam o Chaves para o terceiro triunfo consecutivo no campeonato.
Sétimo lugar com 46 pontos: incrível para um primodivisionário. O Chaves contrariou todas as odds do arranque da Liga e vai acabá-la em grande, com uma manutenção assegurada com tranquilidade e com ótimos apontamentos de futebol.
O momento não é bom, logicamente, e o Paços de Ferreira vai sofrendo um pouco de tudo. Pagou cara a ineficácia e a inferioridade numérica porque este foi claramente um jogo em que os castores fizeram de tudo para evitar a derrota. Desfecho demasiado doloroso.
Arbitragem que acaba por ficar marcada pela expulsão de Paulo Bernardo. As entradas do médio são impetuosas, de facto, e percebe-se perfeitamente que interrompem potenciais jogadas de perigo. Ainda assim, o cartão na primeira falta talvez pareça um pouco exagerado, até porque o jogador toca na bola ao efetuar o desarme.