Sem vencer até aqui, Ricardo Soares aproveitou a janela de jogos internacionais para se familiarizar ao máximo com o seu plantel e todas as suas opções, passando a conhecê-lo da forma que conhecia o do Gil Vicente - adversário nesta sexta-feira que abriu a 26ª jornada.
Foi tempo bem investido, já que o treinador do Estoril Praia optou por dar a Alejandro Marqués uma primeira titularidade na Liga Bwin, e o dianteiro espanhol anunciou-se de imediato como uma potencial estrela para o que resta do nosso campeonato. Foi, no mínimo, decisivo para o tão aguardado regresso dos canarinhos às vitórias!
Em meros instantes se destroem duas semanas de trabalho, terá pensado o treinador visitante quando, aos 50 segundos de jogo, o Estoril Praia abriu o marcador no Estádio António Coimbra da Mota.
Ainda havia adeptos no exterior do recinto e nem uma gota de suor nas cabeças dos jogadores quando uma jogada rápida se construiu entre Pedro Álvaro, Tiago Gouveia e João Carvalho, antes de ser concluída de forma exemplar por Alejandro Marqués - avançado espanhol que foi surpresa no onze e assim se estreou a marcar na Primeira Liga. Ao longo do jogo, Marqués deu garantias de que esta não será a sua última titularidade.
Fran Navarro também fez das suas, claro. A figura maior do ataque gilista esteve muito perto de marcar em duas ocasiões, mas viu o golo negado por um importante corte de Tiago Araújo e pouco depois pela face de Dani Figueira. Não era o dia deste ponta de lança espanhol.
Depois desse susto a dois tempos, o Estoril voltou à carga. Pela direita, no ataque, uma dupla de Tiagos procurava o protagonismo. Santos e Gouveia, lateral e extremo, mostraram a sua abundante qualidade técnica e variabilidade de jogo, mas também se revelaram erráticos e tomaram algumas más decisões. A pior foi do segundo, que optou pela força e não acertou no alvo quando estava isolado e com tudo para duplicar a vantagem.
Tal como na primeira parte, bastaram poucos segundos para que Alejandro Marqués colocasse a bola na baliza. Um remate colocado e brevemente festejado, porque havia um fora de jogo de... sete centímetros.
Um quarto de hora depois, a mesma história. Lance absolutamente delicioso, com detalhes que só pertencem ao repertório de um craque, mas o golo foi novamente retirado a Marqués por uma posição irregular. Uma análise mais longa na Cidade do Futebol e no fim um veredito quase tão doloroso como o anterior: oito centímetros.
O jogo partiu, na meia hora que faltava até à confirmação do regresso às vitórias canarinhas. O Estoril podia ter ampliado, mas também voltou a apanhar sustos, especialmente nos minutos finais (que se prolongaram em compensação que os adeptos entenderam como excessiva). No final, o apito soou e os amarelos caíram ao chão em alívio. Três valiosos pontos, que justificaram, até, fogo de artifício na Amoreira!
O problema do Estoril até aqui não tinha sido tanto a profundidade do plantel, mas sim a qualidade das opções do mesmo. Alejandro Marqués tinha sido, até aqui, um mero figurante no plantel, somando golos e titularidades apenas na Taça da Liga, mas parece improvável que esse continue a ser o caso depois da tremenda exibição que fez. Também João Marques, jovem dos sub-23, fez um belo jogo na sua primeira titularidade, de maneira que ninguém sentiu a ausência de Geraldes (por opção).
Pela segunda jornada consecutiva, o Gil Vicente deslocou-se e regressou a casa sem qualquer ponto. Não é caso para pânico, mas é importante que não se torne num mau hábito neste final de temporada, especialmente em jogos como o de hoje: a equipa de Daniel Sousa pecou defensivamente e só por sorte não sofreu mais, mas também falhou na finalização e, perdendo por apenas um golo, deixa a sensação de que podia ter protagonizado um jogo profundamente diferente.
A exibição de Hélder Martins foi imperfeita por natureza. Fora alguns lances que não foram compreendidos pelo juiz, que nem sempre esteve em sintonia com o resto da sua equipa, o que chamou à atenção foi a falta de uniformidade no critério de disciplina que aplicou.