O Gil Vicente venceu na receção ao Marítimo (2-0), num jogo sublinhado pela exibição a roçar a perfeição de Tomás Araújo - negou um golo feito e ainda marcou - e, sobretudo, pela quantidade absurda de falhanços da equipa madeirense.
Apesar dos primeiros 20 minutos excelentes (só faltou o golo) dos visitantes, em ambas as partes, o Gil mostrou-se mais organizado e deu dois duros golpes (um por Tiba, outro por Tomás Araújo), em períodos de maior ascendente do Marítimo. Com este resultado, o conjunto da casa salta para o 10º posto (de forma provisória), enquanto os madeirenses permanecem aflitos na 16ª posição.
Foi um começo ruidoso do Marítimo - a fazer jus ao forte apoio das várias dezenas de adeptos verde-rubros que viajaram até Barcelos -, mas insuficiente para derrubar a eficácia (e organização) gilista no primeiro tempo.
Sempre muito atrevidos pelo corredor direito, com Cláudio Winck e Brayan Riascos em destaque, os comandados por José Gomes entraram com fome, contudo, nem Vidigal - na cara do guarda-redes atirou ao lado - nem Bruno Xadas - primeiro acertou no ferro e depois faturou em fora de jogo - conseguiram saciar os ímpetos maritimistas.
Encostado às cordas, o Gil libertou-se depois do primeiro quarto de hora e Pedro Tiba confirmou o volte face no jogo. O médio luso ouviu os gritos das bancadas ('Chuta daí!!') e aproveitou dois erros da linha defensiva madeirense para, de fora de área, inaugurar o marcador.
O golaço de Tiba acabou por ferir os forasteiros e até ao final da primeira parte só deu Gil. Riascos, muito desencontrado com a baliza, ainda assustou, mas foi Navarro quem deu os verdadeiros sinais de perigo depois do golo. Tomás Araújo, muito desinibido com bola, encontrou o espanhol perto da grande área que, na cara do guardião maritimista, acabou por permitir duas boas intervenções de Carné.
... A quantidade de oportunidades que o Marítimo dispôs no começo do segundo tempo. Apareciam de todas as formas e feitios: canto, ataque organizado, contra ataque... Enfim, um rolo compressor sem eficácia. Em 20 minutos, José Gomes viu Xadas, Riascos, Vidigal, Pablo Moreno, até Renê Santos (!) aparecer em boas condições para finalizar, mas sem efeitos práticos.
Riascos foi o primeiro a avisar, mas Vidigal foi quem teve, no pé direito, a ocasião mais flagrante do segundo tempo. O avançado correu muito, contornou Andrew, no entanto, viu Tomás Araújo fazer um corte fantástico. Ainda assim, importa sublinhar, Vidigal podia ter feito muito (muito!) melhor.
Até final, o Marítimo continuou a carregar, mas o Gil - inteligente e muito adulto - acabou por fechar as contas através de um pontapé de canto. Carraça na esquerda cruzou tenso e Tomás Araújo, também importante do ponto de vista ofensivo, foi decisivo com um golpe de cabeça fortíssimo.
Grande jogo em Barcelos. Duas equipas com olhos na baliza, dois (belos) golos, várias defesas de alto nível e, acima de tudo, muito futebol. O desfecho não agrada a ambos, mas a viagem valeu a pena para quem se deslocou a Barcelos.
O Marítimo está numa posição delicada e tinha uma oportunidade única para se aproximar do Estoril (15º). Não só perdeu essa oportunidade, como também perdeu outras tantas ao longo dos 90 minutos. O conjunto maritimista foi demasiado perdulário perante um Gil adulto.
Partida sem grandes casos para Hélder Malheiro. No cômputo geral, deixou 'a bola rolar', evitou colocar demasiadas vezes o apito na boca e sancionou Tomás Araújo, Riascos, Marín e Rúben Fernandes - com cartão amarelo - de forma correta.