Com Neymar e por Pelé

Isto aqui
É um pouquinho de Brasil, iá iá
Desse Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz

O génio de João Gilberto deixou-nos em 2019, a obra do mestre é eterna. Poucos, como ele, tiveram a capacidade de passar para a voz e a música o espírito de um povo. É disto que a canarinha vive, desse Brasil que canta e é feliz. O Brasil só sabe ser assim e quando não o é cria a sensação de um estado distópico. Contra natura. No futebol é exatamente igual, não fosse o mais belo dos jogos tantas vezes o espelho dos homens. 

Junte-se a esta ideia mais um dado superlativo: Edson Arantes do Nascimento, Pelé. O Rei luta pela vida num hospital paulista e todo o Brasil canta e reza pela unanimidade desta figura maior. Ganhar à Coreia do Sul é uma obrigação história e, com o pensamento em Pelé, uma obrigação moral. 

Hexa ou choro?

O penta de 2002 já tem 20 anos. O hexa teima em não nascer. O povo brasileiro anda dividido por outras questões e muitos olham para o Mundial como oportunidade de reconciliação. O futebol ajuda, mas não faz milagres. 

Tite tem um grupo cheio de qualidade e também dúvidas para esclarecer. Neymar vai voltar e essa é uma certeza, mas atrás, nas laterais, há mais pontos de interrogação do que nomes sólidos. 

Sem os esquerdinos Alex Sandro e Alex Telles, ambos lesionados, é provável que Tite puxe Danilo para esse lado e coloque o zagueiro Éder Militão na direita. Todos ex-FC Porto.

Certa é, naturalmente, a oportunidade que surge aos olhos de Paulo Bento. O português selecionador da Coreia quererá explorar essas limitações nos corredores e tem homens para isso: Son (Tottenham), Lee (Mainz) e Hwang (Wolverhampton) têm mobilidade e predicados para ferir o Brasil. 

Depois de um ano tão duro para o país, o Brasil agarra-se a este Mundial para ter um Natal feliz.

Pelé merece ter boas notícias, a Coreia do Sul olha também para 2002 e para um quarto lugar aparentemente irrepetível. Muitos estados de alma para um só jogo.