O regresso da Liga Portugal Bwin, depois da primeira janela de jogos internacionais em 2022/23, coincidiu com o regresso às vitórias do Sporting. 13 dias depois da derrota frente ao Boavista, o leão rugiu bem mais alto perante os seus adeptos e, com uma exibição forte, conquistou três pontos em vésperas de mais uma jornada europeia.
Do outro lado estava um galo sem voz, e quando aldeia percebeu ser dia, já o leão já tinha matado duas vezes. O Gil Vicente foi vítima de um Sporting que esteve num bom nível, é certo, mas também se fez presa fácil ao entrar no campo de um «grande» com a estratégia errada.
Uma crise de lesões obrigou Rúben Amorim a entrar em campo com uma defesa remendada. Com Porro de fora, Esgaio foi titular e voltou a registar uma exibição que terá enchido as medidas de muito poucos durante a primeira parte, mas foi no centro da defesa que as ausências de Coates, Neto e St, Juste (este último regressou a tempo de ser convocado) justificaram um trio de esquerdinos e, acima de tudo, uma oportunidade para o jovem José Marsà.
Ainda com milhares de pessoas no lado exterior do estádio, fruto da hora do apito inicial, o Sporting marcou pela primeira vez. Paulinho mostrou os dentes no regresso à titularidade, mas o sorriso virou amarelo quando a equipa de arbitragem identificou um fora de jogo. Nuno Santos perdeu a sua assistência, mas vingou-se quatro minutos depois ao servir Hidemasa Morita, que só teve de encostar no seu primeiro golo pela nova equipa.
Alvalade lembrou Tanaka, o último japonês a marcar pelo Sporting (já lá vão sete anos...), mas teve oportunidade de voltar a celebrar pela via do seu maestro nipónico, que ditou o ritmo do jogo enquanto o seu parceiro de meio-campo - Ugarte - tratava das limpezas. Não bisou, Morita, mas com o calcanhar fez o passe que permitiu a Pedro Gonçalves marcar o quinto golo na Liga, com uma finalização ao seu estilo.
Incapaz de criar uma teia de passes (três consecutivos já era muito), o Gil Vicente não criou qualquer perigo antes do remate de Navarro à figura de Adán, já no 42º minuto. Antes e depois disso a equipa da casa continuava a mostrar facilidade na criação de oportunidades, graças aos espaços deixados pelo adversário e também devido a um par de momentos maradonescos de Trincão.
Como seria de esperar, chegou o intervalo e a linha de cinco defesas do Gil foi desmontada uma última vez. Pelo treinador, por fim. Reverter para o habitual 4x3x3 permitiu à equipa visitante ficar mais confortável, mas não eliminou todos os problemas e a melhor equipa em campo continuou a ser a mesma, apesar de uma boa chance de Navarro após uma bola parada.
Gil quis deixar a sua marca, num remate de Boselli que não foi além da trave, mas essa vontade deixou espaço que permitiu aos adeptos caseiros sonhar com um quarto golo. Nuno Santos tentou, Inácio também, Sotiris foi quem mais insistiu (bela entrada do grego), mas o desespero foi tanto que a equipa de Ivo Vieira acabou por conseguir o que queria: 3-1, gritou, por fim, Navarro.
Foi um jogo rico em oportunidades, mas o que deixa os adeptos satisfeitos (e que tantas vezes deixou a desejar na era Amorim) é uma equipa que continua a procurar o golo mesmo quando tem uma vantagem confortável. Isso, aliado a um Gil Vicente que cresceu na segunda parte, permitiu um bom espetáculo.
Se não tivesse existido a pausa internacional e, por consequência, duas semanas para preparar este jogo, talvez Ivo Vieira não tivesse caído na tentação de sair do seu molde habitual e trabalhar uma formação específica para este jogo. Uma coisa é certa: não funcionou.