O Benfica chegou à sétima vitória seguida neste arranque de época e estes foram os destaques da partida que as águias venceram no Estádio do Bessa.
Com a ausência de Nico Otamendi, castigado após a expulsão com o Casa Pia, coube a João Mário assumir a sempre pesada missão de ser o capitão do Benfica. E o médio não se fez rogado, assinalando o momento com uma excelente exibição no Bessa. Começou na esquerda, com os olhos postos no meio, acabou na direita... com os olhos postos no meio. Foi por ele que o Benfica desequilibrou o Boavista, aparecendo entrelinhas e complicando a vida ao meio-campo de Petit.
Quando saiu para dar lugar ao seu novo colega Fredrik Aursnes teve direito a uma das ovações da tarde. Isto porque, se dúvidas houvessem, Enzo Fernández não demorou quase tempo nenhum a convencer a exigente massa adepta do Benfica e caiu-lhes no goto. Sempre com o seu relógio suíço no bolso metafórico, Enzo, ao lado de Florentino, gere como ninguém os ritmos e posicionamentos da equipa através da tão falada sala de máquinas. Voltou a prová-lo no Bessa.
Faltava este para completar o trio. Que grande jogo voltou a fazer Florentino Luís, qual polvo deste Benfica cada vez mais bem oleado no meio-campo. Não deixa que nada corra mal na sua zona, vai de um lado ao outro para dobrar colegas como se nada se passasse, fala a mesma língua de Enzo: a do futebol. A da organização no futebol. E vai continuar a arrumar a casa encarnada como poucos o conseguiram fazer...
Se jogar sem Nico Otamendi ao lado já podia ser um desafio para Morato, o que dizer com o António Silva ao lado. O central brasileiro, dono e senhor do lado esquerdo da zona central, assumiu as rédeas da defesa encarnada e foi um companheiro muito sereno para o jovem estreante. Sempre atento no controlo da profundidade que Agra e Gorré procuravam, Morato ainda coroou a estreia como patrão com o golo abre-latas.
É cada vez mais uma certeza. Pedro Malheiro já tinha sido aposta de Petit na época passada e continua, esta temporada, a merecer a total confiança do técnico do Boavista, mostrando-se ao melhor nível quando a equipa mais precisa dele. Com Bruno Onyemaechi mais retraído na esquerda, Pedro Malheiro subiu sempre que pôde pela direita, dando soluções aos criativos e rápidos do ataque axadrezado. Destacou-se, acima de tudo, pelo que correu, mostrando-se incansável no esforço.
Em estreia com a camisola do Boavista, o nigeriano foi literalmente atirado aos lobos, mas saiu com uma vida que lhe dá outra motivação para o futuro de xadrez ao peito. Começou como defesa esquerdo (e não ala, porque subidas foram poucas), com a clara missão de travar a dupla Gilberto e David Neres, algo que conseguiu variadas vezes. Terminou a sua missão quando a dupla canarinha saiu, descendo depois para o lugar de Abascal, onde também não se deu propriamente mal.
O nível de Rafa Silva não é este e é por isso que surge neste espaço. Nas costas de Gonçalo Ramos, o rápido desequilibrador não conseguiu sacar nenhum coelho da sua cartola mágica, mostrando dificuldades para lidar com a defesa e meio-campo mais recuado do Boavista, não aparecendo nas entrelinhas que tanto gosta de ocupar. Duelos ganhos também foram poucos, numa exibição que também pode ser explicada pelo cansaço acumulado por um início de época bem duro.
0-3 | ||
Morato 30' João Mário 67' 82' (g.p.) |