Mais do que vencer o troféu, apesar da importância, até pelo nome que lhe é associado, foi importante para o Sporting ultimar detalhes para uma época que se espera longa e desafiante.
Embora não tenha sido publicamente assumido, o objetivo da equipa leonina passa por tentar voltar à conquista do campeonato, além dos restantes troféus e de uma boa prestação na Liga dos Campeões, mas em que ponto está, nesta altura, a equipa de Rúben Amorim.
Foi isso que o zerozero procurou analisar no jogo deste domingo, sem esquecer alguns jogos da pré-época. Este leão já tem coisas boas, mas em noite de violinos mostrou que ainda precisa de algumas afinações.
O primeiro impacto foi evidente e faz com que seja difícil retirá-lo do ataque para voltar a colocá-lo no meio-campo, até porque na frente de ataque é dos que mais pressiona, mas com a veia goleadora a cair para níveis mais normais, pode ser interessante para Rúben Amorim voltar a recuar Pedro Gonçalves para o meio-campo.
Com a lesão de Daniel Bragança, os leões ficaram com menos opções neste setor e se as notícias de que o plantel está fechado forem verdadeiras, as soluções ficam curtas - há Ugarte, Matheus Nunes, Morita e Mateus Fernandes -, pelo que a solução pode ser utilizar Pedro Gonçalves, em alguns jogos, no meio-campo, nomeadamente em partidas da Liga dos Campeões, de forma a colocar três jogadores no centro do terreno.
Diferente de todos os médios à disposição de Rúben Amorim, Pedro Gonçalves pode dar a criatividade no passe que várias vezes falta ao miolo leonino, sem que com isso perca a capacidade finalizadora, contando que terá liberdade para aparecer à entrada da área, onde gosta de encostar para a baliza.
Aqueles que seguiram com atenção as exibições do japonês no Santa Clara não tinham grandes dúvidas, mas à medida que a pré-época foi avançando, as certezas tornaram-se cada vez mais claras.
O médio nipónico dá à equipa leonina uma intensidade mais ao nível de João Palhinha, mas com muitas coisas diferentes com bola. Esta noite, frente ao Sevilla, bastou ver a forma como mudou o jogo ofensivo dos leões, com uma simplicidade e velocidade de processos que podem fazer a diferença num jogo por vezes demasiado previsível.
À primeira vista, partia como alternativa a Ugarte, mas nestes primeiros meses de leão ao peito já mostrou que, mesmo que não seja habitual titular, vai ter certamente muitos minutos de jogo.
Não é apenas desta pré-época, é algo que já vem das épocas anteriores, especialmente a temporada passada, nos jogos da Liga dos Campeões, frente a Ajax e Borussia Dortmund.
Com apenas dois médios no meio-campo, parece que ainda falta encontrar a melhor fórmula para pressionar equipas com um estilo de jogo mais apoiado e que não tremem quando veem os adversários a correr de frente.
A subida de um dos centrais nos momentos de pressão para a zona dos médios pode ajudar a corrigir essa dificuldade leonina, mas na primeira parte do jogo com o Sevilla deu para perceber que Rúben Amorim ainda não conseguiu descobrir de que forma pode corrigir esta pressão sem desmontar as restantes ideias de jogo.
Diz-se que o Sporting tem fechado o plantel para esta temporada, pelo menos caso não saia nenhum jogador do plantel principal, mas este jogo com o Sevilla ajudou a perceber que ainda faltam algumas soluções para que Rúben Amorim tenha um plantel mais equilibrado.
É certo que a lesão de St.Juste veio atrasar a procura de uma alternativa direta a Gonçalo Inácio, que continua a jogar na direita, mas mais à frente fica a sensação que as opções ainda são algo curtas.
No meio-campo, como já destacámos, a lesão de longa duração de Daniel Bragança poderia levar a uma reformulação do plantel (caso Pedro Gonçalves passe para o meio-campo, falta um jogador para o corredor esquerdo), mas é na frente de ataque que a falta de alternativas é mais evidente. Embora esteja a ser trabalhada uma forma mais móvel de atacar, pedia-se uma concorrência direta para Paulinho, algo que Chermiti e Rodrigo Ribeiro ainda não conseguem dar.
Já aqui destácamos as dificuldades leoninas nos momentos de pressão, mas há até uma fórmula simples, na teoria, para resolver este problema: se o Sporting tiver bola, não tem de pressionar. Só que esse também é um problema para a equipa de Rúben Amorim.
Na terceira época de início como treinador do Sporting, o técnico leonino ainda não encontrou grandes alternativas nos momentos de posse. A equipa verde e branca sente dificuldades para circular com bola e invariavelmente acaba a procurar os espaços abertos pelos alas nos flancos.
O problema é que os adversários já sabem como contrariar essa forma de jogar. Na época passada, a espaços, as soluções foram aparecendo - Paulinho recua e dá soluções no corredor central, Trincão, no papel de Sarabia, e Pedro Gonçalves aparecem por dentro para que os alas possam projetar-se e encontrar espaço junto à linha -, mas essas ideias, que já não são novas, precisam ainda de ser trabalhadas e isso também passa pelos defesas centrais, nomeadamente por Coates, que é muitas vezes o responsável pela saída de bola e, perante a pouca participação dos médios na saída, - Matheus Nunes e Ugarte não são jogadores que participem habitualmente no início da construção -, a forma de procurar zonas de ataque passa, habitualmente, por esticar jogo.
1-1 | ||
Paulinho 81' | Jesús Corona 15' |