Do futebol à política: dominou o meio campo em Roma e agora derrotou a extrema-direita em Verona

Não existe um caminho predefinido na vida pós-futebol dos ex-jogadores de topo. É claro que existem trilhos mais batidos, opções naturais como virar treinador, mas o capítulo que se segue ao pendurar das chuteiras depende principalmente das convicções e caráter de cada um.

Para Damiano Tommasi, médio que durante muitos anos vestiu as cores da Roma e seleção italiana, o objetivo passou por começar a fazer a diferença de uma forma bem mais direta do que alguma vez conseguiria enquanto atleta... Aventurou-se na política e pouco tempo depois, aos 48 anos, foi eleito presidente da câmara de Verona, superando o eleitorado da extrema-direita que governava a cidade há 15 anos.

O homem, antes do jogador

A verdade é que Tommasi ainda se manteve ligado ao futebol durante muito tempo. Em 2011, perto da altura em que pendurou as botas pela primeira vez, o homem nascido em Verona assumiu a presidência da Associação de Futebolistas Italianos. Foi nesse contexto que, pela via institucional, apurou a sua capacidade de liderança aprendeu a viver uma realidade bem distinta dos relvados da Serie A.

Durante 10 anos manteve-se nesse cargo, que ocasionalmente partilhou com jogos ao serviço do La Fiorita, clube sanmarinense. Foi também membro fundador da Don Milani, uma escola bilingue e centro infantil que hoje acolhe mais de 300 crianças e adolescentes, e foi elogiado pela sua filantropia.

Com a camisola da seleção ©Getty / Clive Brunskill

Uma carreira de topo, por um jogador que, sendo dono de uma voz que não evitava usar, juntou meio e mensagem fora das quatro linhas.

Curva à esquerda para Verona

«Não sendo um político profissional, a questão da direita não me fascina tanto. Há quem responda a um partido, enquanto eu só estou interessado em responder à cidade. Estou apenas do lado de Verona.»

Afinal, a cidade de Verona tem sido de forma consistente, ao longo das últimas três décadas, um território dominado pela direita radical. Os últimos 15 anos foram prova disso, primeiro com Flavio Tosi e depois Sboarina, mas a cidade habitada por 260 mil pessoas deu agora o lugar a uma ideologia diferente, pela primeira vez desde 2007.

Tommasi será, pelo menos durante os próximos cinco anos, o responsável por uma cidade que quererá prosperar. O futebol deixa de ser prioridade na vida do antigo atleta que, ainda assim, já definiu uma das prioridades: a renovação do estádio. Essa infraestrutura do município tem perdido condições e hoje já nem sequer tem licença UEFA. Se é preciso começar por algum lado, porque não o pontapé de saída?

Una bellissima vittoria fuori dal campo! Complimenti e buon lavoro a Damiano, nuovo sindaco di Verona pic.twitter.com/h97ojcyIAq

— AIC | Assocalciatori (@assocalciatori) June 26, 2022