Crème de la crème

Não há jogo muito maior do que este. A história de Real Madrid e Liverpool é incalculável. Vai muito além dos títulos conquistados. E não são poucos! Bastantes, até. Os merengues são só, de forma destacada, aqueles que mais vezes venceram a prova. 13 vezes! O Liverpool está mais atrás, mas quantos clubes podem dizer que têm pelo menos seis Champions? Só AC Milan e Bayern de Munique.

Remember 2018

Muitos queriam ver o duelo Klopp vs Guardiola. Provavelmente, Liverpool e Manchester City, até pelo que foi demonstrado na reta final da Premier League, são as melhores equipas da atualidade. As mais entusiasmantes. Mas o toque especial de uma final entre uma equipa espanhola e uma inglesa, as mais tituladas de cada país, no glamour da capital francesa, é, arriscamo-nos a dizer, ainda mais digno de uma final de Champions. É que duelos entre Liverpool e Manchester City há muitos!

Ainda assim, esta não é propriamente a primeira vez que Liverpool e Real Madrid jogam uma final da Liga dos Campeões em simultâneo. A mais recente está na memória de todos nós. Provavelmente mais vincada na de Salah, que saiu lesionado depois de um choque com Sérgio Ramos, e na de Loris Karius, réu da final de Kyiv, que parece passar dias a mais no ginásio a puxar ferro.

As imagens de Karius marcaram a final de 2018 ©Getty / Laurence Griffiths

É inevitável achar que há um sentimento de vingança para os homens de Klopp, que nesse ano perdeu mais uma final, mas começou aí a mostrar que o Liverpool iria andar com muito mais regularidade nestas andanças.

A equipa inglesa é diferente daquela que perdeu em 2018. Não falamos apenas dos jogadores, mas também do espírito competitivo de uma equipa que desde então perdeu tão pouco. Há motivos para haver confiança... e desconfiança.

Reais reviravoltas

Do outro lado está só o Real Madrid. A maior equipa da história do futebol mundial? O número de Champions responde logo à questão. Este Real de Ancelotti, italiano que levou os merengues à tão deseja «décima» e que também devolveu as conquistas da La Liga ao Bernabéu. Desconfie-se dele e dos seus jogadores, até ao último segundo! Nesta edição mais do que nunca.

Benzema foi decisivo em todas as eliminatórias ©Getty / Pedro Salado

Chelsea, Paris SG e Manchester City foram iludidos por um Real Madrid Club de Futból que pode vencer jogos só pelo nome e pelo peso do símbolo na camisola. Claro que para evitar eliminações quase certas com reviravoltas tão épicas que nos fazem gastar o adjetivo «épico» é preciso ter jogadores talentos, e talento é coisa que não falta nos merengues.

Karim Benzema é, aos dias de hoje, para muitos, o melhor jogador do Mundo. Os 14 golos e a influência do francês atestam a importância do avançado de 34 anos, que pode ser coroado rei no seu país caso consiga levar o Real Madrid praticamente às costas até à conquista do seu 14º troféu de campeão europeu. Há também Luka Modric, Toni Kroos, Courtois, Casemiro... Vinícius Júnior, Rodrygo! Tanta qualidade que até nos esquecemos que a ver de forma privilegiada estão nomes como Eden Hazard ou Gareth Bale.

Ninguém duvide: este é um cartaz com ingredientes dignos de uma final. O guião tem vingança, reviravoltas, nomes sonantes dos elencos internacionais a gerir tudo desde o banco de suplentes (o duelo entre Klopp e Ancelotti é um dos pratos fortes desta final) e o zerozero em Paris. Melhor do que isto? Só se o Eder aparecer no Stade de France.