Bispo portista fez xeque-mate na Prova Rainha

Tal e qual um bispo se movimenta num jogo de xadrez, Otávio fez essa função no esquema tático da formação comandada por Sérgio Conceição. O internacional português desequilibrou com os seus movimentos da direita para o meio e encheu o campo. O passe para o 3-1 é delicioso.

Taremi voltou a ser o homem golo do FC Porto e apareceu quando era preciso, embora tenha tido menos espaço para surgir na profundidade - um dos seus maiores fortes. Não fosse ter falhado aquele 2º penálti, onde acertou no poste, e tinha coroado uma grande temporada com um hat-trick no último jogo.

Otávio exibiu-se por ser o desequilibrador do meio-campo, mas foi Vitinha quem o teve que equilibrar. O jovem médio preencheu todas as lacunas dos colegas e parecia que tinha um irmão gémeo em campo. O golo foi apenas a cereja num belo bolo que foi a sua temporada.

Em final de contrato, está confirmado que Chancel Mbemba vai deixar o Dragão este verão e o central quis despedir-se a bom nível dos adeptos portistas. O Tondela apostou em demasia no ataque à profundidade e Mbemba não deu qualquer espaço a Daniel dos Anjos, na 1ª parte, e Dadashov, na 2ª parte. No ar também foi exímio e nesse aspeto Pepe também merece destaque.

O Tondela teve claras dificuldades em construir a partir de trás, especialmente na 1ª parte, e facilitou o trabalho portista, mas Neto Borges foi dos que mais se evidenciou pela positiva. O golo é de belo efeito, mas não foi só por aí. Apenas pela sua ala, e pelos seus pés, a equipa mostrou estar viva. Pena a reação tardia e a resposta imediata dos dragões.

Quem viu o jogo, sabe que o FC Porto marcou três golos, mas podiam ter sido mais alguns, face à facilidade com que chegavam ao último terço e, com algumas trocas posicionais, criavam perigo. Niasse impediu a goleada e esteve a grande nível em alguns lances, incluindo numa enorme defesa quando Pepê tinha tudo para marcar.

A aposta em Daniel dos Anjos, no plano teórico, fazia sentido, uma vez que se esperava que o Tondela apostasse num estilo de jogo mais direto, mas a verdade é que a estratégia passou muitas vezes pelo ataque à profundidade lateral e, aí, o avançado não se conseguiu mostrar (de todo). Ficou no bolso de Pepe e Mbemba.

Marcelo Alves foi o escolhido para comandar a defesa de três centrais do Tondela, mas acabou por não ser o seu dia. Fez a falta para o 1º penálti, numa péssima abordagem, e teve dificuldades em controlar os movimentos para as alas de Taremi. Faltou ser o verdadeiro patrão.