Normalmente, há as pré-épocas a anteceder os novos ciclos. Neste caso, houve uma espécie de pós-época a anteceder toda uma nova temporada. No Paços, trabalha-se com tranquilidade a pensar na continuidade. No Benfica, a visão de futuro inclui um olhar muito firme na formação. E foi com esse olhar primordial que, com muita juventude, Nélson Veríssimo se despediu do cargo. Com isso e com uma vitória, à conta de dois golos de Henrique Araújo, um dos mais promissores para o futuro próximo.
Feijão, ervilha, fava, grão de bico... tudo faz parte da família botânica das Fabáceas. E qualquer um pode ser utilizado para se caracterizar um jogo que mais não era do que a feijões. Ou para a estatística. Só que, ao invés de se olhar para ele como se de uma colheita se tratasse (até porque, em termos classificativos, nada havia para colher), a perspetiva foi a de semear. Colher, só muito lá para a frente. No Benfica, Nélson Veríssimo adensou o número de sementes que já tem lançado. Mais lá para o fim do verão, Roger Schmidt dirá se deu fruto ou não.
Assim foi. Henrique Araújo foi o fruto mais vistoso. Uma parte, dois golos. Tiago Gouveia, por entre ações tímidas e nervosas, deu-lhe um. Gil Dias, no meio de acelerações de pouco contributo para o coletivo, deu-lhe o outro. E, a todos eles, os adeptos dedicaram canções de fertilidade, de amor a um clube que já viveu dias bem melhores e que tenta, nesta viragem de época, refazer prados vistosos e satisfatórios de outras épocas.
No global, não foi, de todo, um Paços inferior, mas foi muito mais frágil a finalizar. Basta ver o lance de Hélder Ferreira, após passe delicioso de Gaitán, que Helton Leite defendeu com grande qualidade. No seguimento, golo encarnado e um 0-2 que, para a segunda parte, tranquilizou totalmente as águias.
Nem num lado nem no outro deu para voltar a ver golos, mas nem por isso deixou de haver um espírito vivo nas bancadas, onde mais de cinco mil disfarçaram uma época no fim.
Henrique Araújo foi o melhor da noite e a forma como finaliza com frieza e classe fazem antever que se pode tratar de uma opção bastante válida para o futuro. O português voltou a somar bastantes pontos.
O Paços, com jogadores mais experientes (embora sem a mesma qualidade), perdeu uma boa oportunidade para bater o Benfica e isso explica-se por momentos como o tal lance de Hélder Ferreira, na cara de Helton Leite, ou o passe falhado por Luiz Carlos que deu no primeiro golo.