Foi um Benfica feliz o que, seis anos depois, assegurou novo regresso à final da Taça da Liga. Porém, não se pode dizer que tenha sido melhor do que o Boavista, que até tinha mais baixas e maiores problemas, mas que se agigantou, como nos velhos tempos, para disputar o jogo de igual para igual e para o levar para os penáltis. Aí, o desacerto das panteras foi maior e os encarnados seguiram em frente. Mas terão de jogar bem mais para ganharem o troféu. O castelo em Leiria está mais perto de ser conquistado, se bem que ainda faltam... muitas melhorias.
Nem Veríssimo, nem Petit tinham todos os ingredientes para este jogo. As seleções tiraram alguns, as lesões e a Covid-19 tiraram outros, mas houve bastante sal e pimenta para um jogo bastante saboroso e condimentado. Os maiores problemas estavam na muito remendada defesa do Boavista, onde faltavam muitos dos habituais titulares.
Curiosamente, neste paralelismo com alimentação, seria Nathan, um dos habituais titulares, a meter água. Aproveitou-a Everton, o Cebolinha, que não vacilou na finalização.
Aconteceu igual, só que com a diferença de o adversário ser mais competente. Numa primeira parte onde as águias tiveram, a espaços, alguns bons momentos, as panteras responderam com muita vontade (que o jogo era bastante especial) e com uma estratégia correta, a pressionar a saída de bola das águias. Quando esta chegava ao trio de meio-campo (Weigl, João Mário e Paulo Bernardo personificaram o 4x3x3 que Veríssimo parece querer adotar), o problema era menor, mas nem por isso acabava: a pressão boavisteira era boa, doseada e incómoda.
Não deu frutos nesse primeiro tempo, mas percebia-se que estava longe de ser um assunto resolvido para o Benfica. Nem lá perto...
Nélson Veríssimo demorou pouco a mexer e a mudar, pois precisava de fazer algo de diferente para espevitar. Só que, tal como nas bancadas, também em campo o entusiasmo estava todo de um lado e a pressão toda do outro. Vinham alguns assobios do lado dos adeptos benfiquistas, muita boa vibração do outro e, como tal, havia uma nuvem psicológica de tons diferentes.
Por isso, e também porque a equipa nunca deixou de ter coragem e fibra para atacar, as melhores oportunidades depois do empate foram das panteras, que viram Vlachodimos negar-lhes uma ambição bem real.
Nos últimos minutos, a equipa de Petit congelou o jogo, impedindo um assalto final que parecia estar finalmente a acontecer por parte das águias, e levou o jogo para os penáltis.
Também aí não se pode falar de um Benfica menos errático, só que o Boavista foi mais e acabaram por ser os encarnados a chegar à final... onde terão de jogar muito mais para vencer.
Sem as armas de outros tempos e também sem várias boas armas deste plantel, o Boavista bateu-se de forma fantástica e abrilhantou bastante a meia-final, não ficando qualquer sensação de ter sido inferior ao seu adversário. Excelente prestação, juntamente com os seus adeptos, a demonstrarem que este é um grande clube, que até pode estar algo adormecido, mas que tem condições para mais.
Tirando um grupo de adeptos que foi cantando, quase como que em missão obrigatória, a larga plateia benfiquista permaneceu silenciosa durante quase todo o jogo. Zero entusiasmo. É óbvio que um adepto não tem de ir para o estádio cantar, mas é evidente que não há ligação nenhuma nesta altura. Nota para quando Luisão, na ida para os penáltis, pediu o apoio da bancada... e nada recebeu.