Pedro Proença e Javier Tebas, presidentes da Liga Portugal e Espanha, estiveram, esta segunda-feira, presentes no painel «presente e futuro do futebol mundial», inserido no programa do Thinking Football Summit, e falaram, entre outros temas, da meritocracia no desporto e do fortalecimento das pequenas e médias ligas europeias. Relativamente ao segundo tema, Proença considerou que a centralização dos direitos televisivos é a «chave do sucesso.»
«Queremos que seja o princípio do mérito e não a questão económica e financeira a sobrepor-se no desporto (...) Antes do jogo começar, qualquer equipa pode ganhar e se matarmos esse princípio, percebendo que os orçamentos e a folha salarial se vão sobrepor aos princípios desportivos, o futebol perderá o seu interesse e entraremos em insolvência. Queremos um futebol solidário e no qual todos tenham acesso», começou por dizer o dirigente português.
Questionado sobre as medidas «fundamentais» para promover uma maior competitividade em Portugal, Pedro Proença não teve dúvidas em apontar a centralização dos direitos televisivos, embora considere que é algo que chega com «com 10 anos de atraso»: «É a chave do sucesso. É a grande medida em Portugal dos últimos 20 anos. Não é só a repartição económica e financeira, mas a forma como trabalhamos o produto, até os direitos internacionais e a forma como os colocamos à disposição. Queremos antecipar - e muito - essa data. Se não tivermos uma capacidade de reação imediata às mudanças do mercado, a nossa Liga pode passar de sexta da Europa para sétima ou 10.ª do ranking.»
Já Javier Tebas, presidente da liga espanhola, considera que «é mais importante o equilíbrio do futebol nacional do que a competitividade de algumas das suas equipas nas provas europeias», uma vez que só depois disso se pode «pensar mais global». Além disso, o dirigente espanhol afirma que o futebol não pode ficar refém das vontades dos grandes clubes da Europa, que «pretendem dominar e decidir o futuro de todo o futebol», usando como exemplo a Superliga Europeia.
«Preocupa-me mais o conceito, pois isso de jogar uma liga fechada já não existe. É o projeto dos grandes clubes de dominar, de decidir o futuro de todo o futebol. Isso é o perigoso. Esses projetos vão contra as ligas nacionais, que são a essência da indústria», concluiu.