O Campeonato da Europa de 2020, que se jogou no passado verão, ficou marcado pelo incidente que deixou o internacional dinamarquês Christian Eriksen inanimado no relvado. Quatro meses mais, ainda sem se saber se o jogador do Inter poderá voltar a competir, o médico que o socorreu explica a situação e assume que não sabe se o jogador voltará ao futebol profissional.
Sem um diagnóstico definitivo quanto à possibilidade de voltar a jogar, Morten Boesen, médico da seleção dinamarquesa que assistiu o jogador, defende, em palavras na Webinar Thinking Football, da Liga Portugal, que a decisão cabe ao jogador, se este se sentir em plenas condições para voltar a fazer o que sempre gostou.
«Voltar a jogar? Não vou discutir esse assunto. A decisão de voltar aos relvados é inteiramente do Eriksen e depende de como se sente. Se está confortável e seguro», disse Morten Boesen, médico da seleção dinamarquesa, no Webinar Thinking Football, da Liga Portugal.
«Foi difícil manter o grupo focado. Tivemos ajuda externa de psicólogos, mas os jogadores reagiram todos de maneira diferente. Depois do que aconteceu também tive necessidade de falar com alguém, porque foi uma situação muito dramática», afirmou, antes de falar do despertar da consciência da sociedade dinamarquesa em torno deste tipo de problema.
«Este caso teve muita repercursão no país e muitos voluntários participaram em cursos de reanimação cardíaca. O número de desfibrilhadores nas empresas dinamarquesas disparou e o tema também foi muito falado nas escolas. É bom que muita genre saiba o que fazer nos primeiros segundos de uma paragem cardíaca», afirmou o médico.
No final e ao abordar a realidade do desporto amador naquele país do norte europeu, Boesen mostrou preocupação pela disparidade de recursos, quando em comparação com as divisões profissionais.
« Sabemos o que acontece nas ligas amadoras e eles não têm uma organização como a nossa. Os desfibrilhadores, as macas, os outros objetos determinantes para uma primeira assistência têm de estar disponíveis em estádios de países ou regiões que não tenham essas condições. O caso do Eriksen ocorreu num estádio que estava bem preparado e que tinha um hospital ao lado. Estava tudo organizado e o Eriksen teve muita sorte, porque as coisas não são assim em todo o lado», fechou.