As águias e o Ninho renovado

O Campeonato da 1ª Divisão vai arrancar nos próximos dias e o zerozero apresenta-lhe as 14 equipas da prova. A competição para este ano vai manter o mesmo formato, fase regular e Play-off para a atribuição do título de campeão nacional, sendo que há também Taça 1947 e Taça de Portugal. A tudo isto acrescenta-se o Campeonato da Europa de seleções, que vai obrigar a uma paragem entre outubro e novembro.

O zerozero falou com os treinadores da 1ª Divisão no sentido de percebermos as ideias que cada um tem para a nova temporada, como planearam a época e como analisam mais um campeonato ainda mais competitivo.

O Benfica foi a equipa que mais tardou preparou a época 2021/2022. Quando tudo fazia prever que Alejandro Domínguez ia continuar nas águias - até porque a época dos encarnados já tinha terminado - houve um viragem de paradigma. Nuno Resende entrou, quando a época do Trissino já tinha sido planeada pelo português, e o Benfica teve um reforma de cima abaixo. As aspirações são grandes por parte de todos, equipa e adeptos.

Plantel: É capaz de ser um dos plantéis do Benfica com maior qualidade per capita. Nuno Resende teve de arrumar a casa, para poder ter nomes extra que gostaria. Ficou sem Vieirinha e Rampulla, mas resgatou ao FC Barcelona o Killer de San Juan. Além disso ganhou um dos mais promissores hoquistas espanhóis, Pol Manrubia.

A Estrela: Pode haver Nicolía, Ordóñez e muitos mais, mas quando se vai buscar ao FC Barcelona um jogador da craveira de Pablo Álvarez todos os holofotes centram-se nele. Foram mais de 500 golos na OK Liga, dez épocas no Barcelona, um sala de títulos interminável. Pablito é um fantasista puro, uma estrela.

Pablo Álvarez foi o grande reforço do Benfica para a nova época ©Benfica

Treinador: Nuno Resende tem, no Benfica, o maior desafio da sua curta carreira. Um treinador que subiu a pulso e soube aproveitar as oportunidades que foi ganhando. Em Itália foi campeão, Portugal distinguiu, através do CNID, como treinador português no estrangeiro em 2019. É um técnico metódico, pensador, analista e com uma leitura de jogo elevado. O Benfica surgiu na carreira quando tudo fazia prever que continuasse em Itália, mas... 'a água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte'.

Nuno Resende: «Sei que vou ter muitas dificuldades, mas também vou ter muitas alegrias»

Regressar a Portugal: «É um regresso pelo qual eu sempre lutei, mas estar no Benfica não é chegar. Eu encaro isto como algo que me preparei e trabalhei, sei que vou ter muitas dificuldades, mas também vou ter muitas alegrias. É um trabalho difícil pela grandeza do clube e vou dar o máximo para atingir isso. Lutei muito por regressar a Portugal, pois é o campeonato mais atrativo, mais difícil e vou ter que dar muito para conseguir estar a par de tudo».

Pressão do Benfica: «É incomparavelmente maior a pressão de ter que ganhar, mas a minha exigência é a mesma. Eu não trabalho mais, agora que estou no Benfica. Tenho mais condições, a todos os níveis, mas isso eleva ainda mais as minhas responsabilidades e eu estou preparado para isso, motiva-me bastante. Não são muitos os treinadores que têm estas oportunidades, pois clubes a este nível são poucos e eu tenho de aproveitar para levar os jogadores no meu caminho, nas minhas ideias que eu acho que são fundamentais para ganhar».

Mudanças no estilo de jogo: «Espero que haja uma identidade de equipa, que tem a ver comigo, desde a forma como queremos estar em campo, como queremos controlar o jogo, lidar com o adversário. A construção da equipa tem a ver com o ADN da mesma. Eu nunca tive uma equipa que se fosse parecida com a anterior, por isso não há uma linha que seja similar, onde as pessoas digam que as equipas do Nuno jogam neste sistema ou naquele sistema. Há um ideia, que eu trago maturada, mas eu tenho que perceber onde a equipa se encaixa melhor e que ainda está a ser construído.»

Ideia de jogo: «Uma equipa como o Benfica na maior parte dos jogos tem que o controlar, dominar para vencer, mas temos de estar preparados para os momentos dos adversários. Temos de perceber os vários cenários do jogo, pois por vezes o controlo do jogo não se faz com tanto domínio, conhecer bem as pistas em Portugal, pois nem sempre se pode jogar igual em casa ou fora. Normalmente a equipa que ganha o campeonato é uma equipa com uma grande cultura tática, é uma equipa que é capaz de acelerar e controlar o jogo, ser muito humilde e perceber o jogo. Já ninguém, por si só ganha jogos porque é melhor que o adversário ou pressiona a campo, pois as equipas, nos dias que correm, estão preparadas para analisar as falhas dos adversários.»

Novo campeonato: «Vai ser ainda mais duro, desde logo pela qualidade dos treinadores, que são melhores e vão melhorando, e as equipas todas têm uma identidade e por isso tens de ser humilde para preparar bem os jogos. Cada jornada tem de ser preparada com o máximo de atenção».

Muita mudanças no Benfica torna integração mais fácil?: «Acho que é mais difícil, pois se entrasse em algo mais estruturado e afinado o processo podia ser mais fácil, mas estamos a ajustar. Estamos longe daquilo que vamos querer como destino final. Estamos todos a trabalhar para que as coisas acelerem, mas tudo isto leva tempo e temos que estar fortes e ser resilientes».

Nuno Resende está de regresso ao hóquei português ©SL Benfica

Pablo Álvarez: «Traz muita coisa, o facto de ir buscar um jogador ao Barcelona, por si só, é bom, pois o Barcelona tem um critério elevado e o Pablo Álvarez estava há dez anos no Barcelona. Ele tem um cultura de treino, de escutar, de propor acima da média e vai acrescentar muita coisa. Ainda nos estamos a adaptar, está a jogar num método diferente e tudo isso são ajustes, mas aquilo que acrescentou ao nível de treino e cultura é tremendo e nós temos de aproveitar ao máximo o esforço que a direção fez para nos presentear com este jogador. O Benfica precisa disto urgentemente, o plantel precisa disto, de ter esta cultura de treino, de saber estar, participar, saber escutar, contribuir para o crescimento da equipa e ele nesse aspeto e outros dentro do plantel é de excelência.»

Arranque frente à Sanjoanense: «É qualquer coisa de extraordinária. A Sanjoanense é o meu clube de nascença, é os amigos, é a minha família, é o meu sangue, quase para ser perfeito era ser em S. João da Madeira, mas durante 50 minutos as emoções estão bloqueadas e quero ganhar, pois é o meu Benfica, é a minha equipa e não posso não guardar este momento especial, pois os astros trouxeram para este regresso a Portugal»

	Nome	Posição	Dt. Nascimento
1	João Seixas	GR	2003-08-13
1	Pedro Henriques	GR	1990-09-27
22	Rodrigo Vieira	GR	2002-12-28
	Zé Miranda	D/M	2003-11-12
4	Diogo Rafael	D/M	1989-11-17
6	Edu Lamas	D/M	1990-12-16
18	Poka	D/M	1989-05-07
55	Sergi Aragonès	D/M	1996-12-05
5	Carlos Nicolía	AV	1986-04-04
7	Pablo Álvarez	AV	1986-09-30
9	Lucas Ordóñez	AV	1988-04-21
10	Pol Manrubia	AV	2000-07-06
71	Gonçalo Pinto	AV	1997-02-14