Conheça mais sobre Neemias Queta, o português que está a um passo de fazer história na NBA

Na madrugada de 29 para 30 de julho realiza-se o famoso Draft da NBA - pode ver como funciona aqui - e a classe deste ano é apontada como uma das que mais potencial tem desde há muitos anos. No entanto, para o adepto português, esse nem é o ponto mais importante do evento. É que Neemias Queta, internacional sub-20 luso, é candidato e pode fazer história como o primeiro jogador português de sempre da NBA.

Para os adeptos mais assíduos da modalidade, o nome de Neemias Queta é já bem conhecido, mas para aqueles mais distraídos ou menos conhecedores a sua ainda curta carreira pode passar despercebida. Por isso mesmo, o zerozero decidiu fazer uma pequena "cronologia" da mesma, para que esteja a par de tudo o que o jovem jogador português já fez e como chegou até aqui, às portas da melhor liga de basquetebol do mundo e de inscrever o seu nome nos livros de história.

Produto do Barreirense lapidado na Luz

Nasceu em Lisboa, mas foi no Vale da Amoreira, no concelho da Moita, Setúbal, que cresceu. Neemias Esdras Barbosa Queta tornou-se um "filho" do Barreiro e cedo se ligou ao desporto e à modalidade do basquetebol. Começou a jogar basket com apenas 10 anos, por influência de um professor da escola que frequentava e que viu nele talento para a modalidade. 

Pouco depois foi para o Barreirense, clube local, e sempre esteve em destaque pelas suas características físicas, sendo sempre o maior e mais alto das várias equipas, dos vários escalões, pela qual foi passando.

Neemias ao serviço do Benfica ©SL Benfica

Na Luz, o jovem poste português começou por representar a equipa B, onde jogou com Rafael Lisboa, Ricardo Monteiro ou Gonçalo Delgado, por exemplo, e fez um total de 29 jogos e terminou a temporada com média de 12,5 pontos por jogo. Além disso, chegou mesmo a fazer quatro jogos pela equipa principal, na 1ª divisão do basquetebol nacional. A sua estreia aconteceu no dia 8 de outubro de 2017, frente ao Vitória SC (106x82).

O salto para os EUA

Nessa temporada, Neemias Queta começou a ganhar nome ao nível do basquetebol nacional, mas foi ao serviço da seleção portuguesa que começou a surgir interesse internacional, nomeadamente com a sua participação no EuroBasket Sub-18 de 2017, onde se mostrou a grande nível. Chegou, por isso, a altura de decidir: ficar em Portugal e tentar ser profissional ao mais alto nível ou apostar no estrangeiro?

Como o próprio admitiu numa entrevista à SIC Notícias, rumar ao basquetebol universitário norte-americano, a famosa NCAA (National Collegiate Athletic Association), não era tanto uma «ambição, mas sim um sonho», mas a verdade é que acabou por acontecer e, em 2018, aceitou o convite dos Utah State Aggies, da Divisão Mountain West.

«A começar a minha jornada mais difícil da carreira até agora. Esperem para ver...», escreveu o português nas suas redes sociais na altura, quando oficializou a mudança para os EUA.

 

 

 

 

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Ao lado do também português Diogo Brito, Neemias Queta teve um grande ano de estreia nos Aggies, onde se sagrou campeão da conferência Mountain West, o 17º título da história da Universidade e terminou a temporada com médias de 11,8 pontos, 2,4 desarmes de lançamento e 8,9 ressaltos por jogo. O hype à volta de Neemias começou a aumentar, foi destacado pela imprensa internacional e acabou por se declarar ao Draft da NBA de 2019, que contava com nomes como Zion Williamson ou Ja Morant, por exemplo.

Um passo atrás para dar dois em frente

Como é habitual no processo que antecede o Draft, Neemias teve cerca de dois meses para se preparar de forma individual para o que se chama de Draft Combine - um conjunto de dias onde os principais candidatos a entrar na NBA treinam, mostram as suas habilidades e são entrevistados pelas equipas da NBA -, mas este acabou por não lhe correr como era esperado e Neemias adiou o sonho e desistiu da sua participação no Draft da NBA desse ano.

Neemias decidiu continuar na Universidade ©Elsa / Getty Images

Dito e feito. Neemias Queta regressou à universidade e aos seus queridos Utah State Aggies, mas pelo meio voltou a brilhar ao serviço da seleção sub-20, onde Portugal se sagrou campeão europeu na Divisão B - recorde a entrevista que o poste deu ao zerozero na altura aqui - e fez, inclusive, parte do melhor cinco inicial da prova.

Apesar da equipa ter falhado o bicampeonato da divisão Mountain West, a evolução em Neemias Queta em 2019/20 foi notória e este destacou-se ainda mais a nível individual. A lesão que sofreu a meio da época não o travou, mesmo tendo estado alguns meses sem jogar, e acabou por ser coroado Jogador Defensivo do Ano da conferência Mountain West, terminando a temporada com médias de 13 pontos, 1,7 desarmes de lançamento e 7,8 ressaltos. A lesão acabou, no entanto, por prejudicar um pouco o seu jogo e este optou por não se candidatar novamente ao Draft, pelo que se confirmava o seu 3º ano seguido nos Aggies.

Afirmação e chegada ao Draft

Depois de duas temporadas cheias de alto e baixos, Neemias entrava para a sua 3ª temporada ao serviço dos Utah State Aggies de olhos postos na sua afirmação definitiva e no prémio final: a NBA. A formação de Utah começou de certa forma lenta na temporada e acumulou algumas derrotas iniciais, mas assim que Neemias começou a impor o seu estilo de jogo - assumiu o papel de figura central da equipa no ataque e na defesa, depois das saídas de algumas peças importantes -, os resultados individuais e coletivos foram notórios. 

2020/21 foi a melhor época da carreira ©Utah State Aggies

Não foi, por isso, de estranhar que terminasse a época regular com os melhores números da carreira e com médias de 14,9 pontos, 3,3 desarmes de lançamento, 1,1 roubos de bola, 2,7 assistências e 10,1 ressaltos. De resto, foi mesmo o jogador da NCAA que mais desarmes de lançamentos fez na época, o que destacou ainda mais o seu nome e levou a que o mesmo começasse a surgir na discussão e na atribuição de prémios.

Apesar de ter falhado a conquista do título da divisão - os Aggies perderam na final para os San Diego Aztecs -, Neemias Queta foi eleito para o cinco ideal do torneio final da Conferência, foi considerado pelos jornalistas como o melhor Jogador e Defensor de Mountain West e foi ainda considerado pelos dirigentes da Conferência como o melhor Defensor do ano e nomeado para o cinco ideal (falhou a conquista de Jogador do Ano). 

A homenagem da CM Moita a Neemias no bairro onde cresceu ©CM Moita

Por tudo isto, não foi de estranhar que no final de março o poste português se declarasse novamente para o Draft da NBA de 2021. Em junho, foi altura de voltar ao Draft Combine e aí, desta vez, impressionou não só nos aspetos físicos como de jogo, deixando a sua marca no evento. Depois disso, foi convidado a treinar de forma individual, os chamados workouts, com um total de nove equipas da NBA, nomeadamente os Phoenix Suns, Milwaukee Bucks, New York Knicks, Toronto Raptors, Sacramento Kings, Los Angeles Lakers, Philadelphia 76ers, Charlotte Hornets e Oklahoma City Thunder, todas elas interessadas nele. Isto não quer dizer que não seja escolhido por outra equipa, mas é menos provável.

Agora, tudo se resume ao que se passará na próxima madrugada de 29 para 30 de julho, em Portugal Continental, data do Draft da NBA. Os relatórios dos vários analistas têm oscilado bastante e tanto há quem o aponte a uma sólida escolha de 1ª ronda, como quem o aponte ao final da 2ª, mas a realidade de se ter finalmente um português na NBA é cada vez mais certa e o nome Neemias Queta começa a ser inscrito nos livros de história.