Há muitas formas de atingir o sucesso enquanto jogador de futebol. Há quem, por talento desmedido e oportunidades desde cedo, chegue ao topo do mundo ainda na adolescência, enquanto que outros começam na obscuridade, ou até conhecem a bola no início da idade adulta, bem longe dos holofotes.
Emiliano Martínez não entra em nenhuma destas categorias, mas agora, mais do que nunca, é personificação da máxima de que nunca é tarde demais para ter sucesso.
No espaço de um ano, o guardião argentino trocou a carapuça de suplente crónico pelo rótulo de um dos guarda-redes em melhor forma de todo o mundo. Destacou-se a nível de clubes para merecer a estreia na albiceleste, onde, à oitava internacionalização, levantou a Copa América como figura incontornável da conquista.
Consequencialistas dirão que a conquista da Copa América por parte da Argentina é tão de Neal Maupay, avançado francês do Brighton, como de qualquer elemento da seleção das pampas. Isto porque, apesar de muito criticado pela forma como lesionou Bernd Leno, sob essa doutrina o ponta de lança é responsável tanto pelas consequências intencionais da sua entrada agressiva como pelas não intencionais.
Foi a reta final da época 2019/20, já no pós-confinamento, mas o guardião argentino agarrou a oportunidade e brilhou como nunca antes, numa carreira que até aí tinha sido de pouca história - ora suplente, ora terceira opção e seis vezes emprestado.
Começou 2020/21 com a conquista do Community Shield frente ao Liverpool (3x4 g.p.), enquanto Leno assistia do banco. Os adeptos confiavam no argentino como novo titular, mas um dos guardiões precisava de ser vendido, e só Emi Martínez tinha propostas...
Seguir-se-ia um capítulo em Birmingham, no ambicioso Aston Villa. Garantiram a manutenção, bem como a continuidade do importantíssimo Jack Grealish, antes de investir no restante plantel. Martínez chegou para a baliza e rapidamente se tornou numa das figuras do clube.
Foi sem dúvida um dos melhores guarda-redes em prova, somando números impressionantes nas defesas e clean sheets. A reputação que criou no final da temporada anterior, conseguiu manter com distinção, e a recompensa chegou em junho: a estreia pela seleção.
Dois amigáveis precederam a Copa América, onde foi titular indiscutível e ajudou a levar a sua nação ao troféu. Nas meias-finais, frente à Colômbia, foi notável a forma como permitiu à albiceleste seguir em frente, nas grandes penalidades.
O final já todos conhecemos. A Argentina bateu o Brasil no Maracanã e conquistou o seu primeiro título desde 1993, mas fiquemos mais uma vez com as palavras do camisola 10, que na hora de celebrar soube a quem dar mérito: «Temos o Emi, que é um fenómeno».