“Teremos sempre Paris”. A frase que se cravou no imaginário planetário através do cinema, pela voz de Humphrey Bogart em “Casablanca”, ganhou uma dimensão mística para os portugueses a 10 de julho de 2016. Aconteça o que acontecer, agora e sempre, teremos sempre Paris. E se há povo que sabe tirar prazer do viver das memórias é o nosso. Mas a hora é de olhar em frente.
O 23 de junho de 2021 – a noite quente de Budapeste – pode não abarcar a importância daquele remate divino de Éder há cinco anos, mas vai marcar o futuro imediato de Portugal no Campeonato da Europa de 2020. Pela frente estará a França, a mesma nação que figurará para sempre no postal mais belo do nosso futebol; e a missão só pode ser ganhar.
Tão clássico como a imperial em Lisboa ou o fino no Porto é a tendência histórica para os portugueses fazerem contas à vida; quantos dias e quantas noites se passaram a somar e a subtrair pontos e golos na equação da felicidade futebolística. Também agora, e depois de Munique, os lusos «esgotaram» o stock nacional de calculadoras.
Mas antes disso, a certeza maior: uma vitória ou um empate arrumam qualquer folha de cálculo. E é sobre essa segurança que a equipa portuguesa e o selecionador Fernando Santos devem assentar todo o plano de jogo para esta quarta-feira. E os mágicos seis pontos até podem servir para Portugal acabar como líder do «monstruoso» Grupo F.
Mas se não for possível prevenir e a seleção tiver de remediar, puxe-se da máquina. Em caso de derrota com a França, tudo vai depender dos números dessa mesma derrota e do resultado entre a Hungria e a Alemanha, no outro jogo do grupo. E aí, só a vitória dos húngaros é que pode eliminar Portugal.
Fernando Santos confiou nos mesmos onze jogadores nas duas primeiras jornadas mas já admitiu que vai ter de refrescar a equipa. A questão para quem está de fora é: onde? A entrada de Renato Sanches na equipa é um cenário cada vez mais forte, até pelas boas indicações dadas pelo médio do Lille. Em detrimento de William? De Bruno Fernandes? Só o Engenheiro saberá.
Mas nem só no meio-campo pode haver mexidas. Ainda sem qualquer minuto neste Europeu, João Félix pode muito bem ser o «Ás» de Portugal no choque com a França. O avançado do Atlético de Madrid pode render Bernardo Silva ou Diogo Jota no tridente ofensivo da seleção portuguesa. Tudo cenários hipotéticos. Tem a palavra o selecionador.
E agora o «por maior» desta história: a França. A campeã do mundo é uma «máquina» composta por peças topo de gama e que bem oleada deixa pouca margem para falhas. Mas acontecem, como provou a Hungria na 2.ª jornada do grupo. Didier Deschamps mudou apenas uma posição do primeiro para o segundo jogo (Lucas Digne por Lucas Hernández) mas com a qualificação garantida já prometeu alterações... mas a mesma vontade de ganhar.
Nuno Mendes
Ousmane Dembélé
Rúben Dias
Benjamin Pavard
A equipa não esteve à altura das exigências que a Alemanha colocou em campo e Fernando Santos admitiu que os jogadores lusos precisaram de tempo para refletir sobre o sucedido. Pede-se agora estofo mental e concentração competitiva para fazer frente a um obstáculo tão ou mais duro do que o anterior.
Se muitos apontam a constelação ofensiva composta por Griezmann, Benzema e Mbappé como a «joia da coroa» francesa, a verdade é que muito do sucesso desta equipa passa pelo setor intermédio. N’Golo Kanté é o «varredor» silencioso, Paul Pogba o homem que faz a equipa galgar metros e Adrien Rabiot uma espécie de «criativo» entre os dois.
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Portugal | França | |||
8 | 3 | Posição | 1 | 7 |
8 | 3 | Pontos | 4 | 7 |
7 | 5 | Golos marcados | 2 | 8 |
8 | 4 | Golos sofridos | 1 | 7 |
2 | Jogos | 2 | ||
7 | 3 | Golos Marcados | 1 | 8 |